A Igreja Católica celebra a partir de hoje a Semana dos Seminários, este
ano dedicada ao tema da misericórdia, recordando a importância de
reconhecer o papel dos sacerdotes e de ajudar à formação de novos padres.
O presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios afirma na
mensagem para a Semana Nacional dos Seminários que um sacerdote não é
"perfeito, irrepreensível e santo", mas "alguém para quem o
Senhor olhou com misericórdia".
“O sacerdote, homem chamado e escolhido de entre os outros homens, é fruto
do olhar misericordioso de Jesus, que quer salvar a todos. Não se trata de
alguém perfeito, irrepreensível e santo, mas de alguém para quem o Senhor olhou
com misericórdia, sem explicação nem motivação compreensíveis”, escreve D.
Virgílio Antunes.
Na mensagem enviada à Agência ECCLESIA, o bispo de Coimbra explica que a
vocação sacerdotal só se compreende no contexto do “mistério do amor de Deus,
que não se explica nem se justifica”, mas simplesmente se manifesta.
Segundo o presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, como
a “característica fundamental do agir de Deus é a misericórdia” os
seminaristas, “desejosos de conhecer o mistério da sua vocação”, devem entrar
no mistério do amor de Deus “pela humanidade e por si mesmos”.
“Sintam-se sinceramente pecadores e doentes como todos os outros homens, e
darão infinitas graças a Deus por os eleger e chamar a partilhar a grandeza da
Sua companhia”, recomenda.
Na mensagem para a Semana dos Seminários, os jovens são convidados a entrar na
contemplação do rosto misericordioso de Deus que “os escolhe e os chama” e a
aceitarem “humildemente a sua condição de pecadores e necessitados” da
misericórdia de Deus que vai manifestar-se como “fonte de perdão e de
salvação”.
“Muitos sentirão o apelo a andar com o Senhor e a aprender d’Ele,
conhecerão a vocação a que os chama e terão alegria e coragem para a seguir
fielmente”, acrescenta D. Virgílio Antunes.
Para o prelado quando alguém “se deixa tocar pelo olhar misericordioso de
Jesus” torna-se disponível para ficar com Ele para sempre.
O bispo da Diocese de Coimbra contextualiza que os Evangelhos apresentam um
Jesus que passa pelos “mais variados lugares onde se desenvolve a vida humana”
e “olha com predileção para alguns, escolhe-os e chama-os para O seguirem”.
“Sem explicações que satisfaçam a sua admiração e sem argumentos que
respondam às suas interrogações, mas somente porque se sentiram tocados pelo
seu amor misericordioso, deixaram tudo e seguiram-no”, acrescenta, dando como
exemplo o chamamento de São Mateus, que antes de ser discípulo era cobrador de
impostos, “um homem considerado por todos como pecador”.
Os últimos dados disponibilizados pelo Vaticano (Anuário Estatístico da
Igreja, 2012, relativos a 31 de dezembro desse ano) sobre as 21 dioceses
portuguesas mostram que entre o ano 2000 e 2012, o número de sacerdotes
diocesanos baixou de 3159 para 2659 (menos 16%).
A situação de 2012 revela, no entanto, uma melhoria na variação do número
de padres (menos 10) face a anos anteriores (menos 45 em 2011 e menos 68 em
2008); entre 2008 e 2012, as ordenações sacerdotais foram 178, face a 355
óbitos e 27 “defeções” registadas.
Os seminaristas de filosofia e teologia também são menos, segundo os
últimos dados disponíveis: de 547, entre diocesanos e religiosos, em 2000
passou-se para 474 em 2012; este número é, ainda assim, o máximo registado nos
últimos cinco anos.
CB/PR/OC