segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

MENSAGEM DE NATAL DE D. JOSÉ ORNELAS - BISPO DE SETÚBAL


O quadro que nos habituámos a contemplar nos nossos presépios e que conhecemos pelas tradições bíblicas evoca a realidade de uma família simples, à volta de um bebé recém-nascido. O ambiente que se respira é de penúria e até de drama, pela situação desprotegida do casal, longe da sua terra e temendo perseguições, que hão de fazer deles refugiados e exilados. Mas revela igualmente uma imensa ternura, no carinho dos pais, na atenção dos visitantes, que chegam de perto e de longe, para felicitar o casal de estrangeiros, ver o menino e ajudar de algum modo a minorar as carências. No meio do ambiente agreste e preocupado, eles criam uma atmosfera improvisada de conforto acolhedor para esta vida que começa a abrir-se num vagido que pede atenção, ternura e proteção.
É assim a vida humana: no luxo das famílias abastadas ou na perigosa miséria dos campos de refugiados, nenhuma criança sobreviveria e cresceria como pessoa, sem o carinho e o cuidado daqueles que a cercam. O Natal aponta precisamente para a família como berço da vida, da ternura, do cuidado para com aqueles (todos!) que são fracos. Jesus não teria sobrevivido neste mundo sem o aconchego, o carinho, a diligente entrega de Maria e de José. Foi a eles, em primeiro lugar, que Deus confiou o cuidado do seu Filho, o Salvador do Mundo.
Mas o Natal revela também o outro lado da medalha: Na realidade, nesse menino frágil e dependente, revela-se a prodigiosa força de Deus que vem cuidar da radical fragilidade humana. Deus, o Senhor poderoso do universo, não tem medo de se aproximar, de partilhar a fragilidade humana, com os dramas da pobreza, da injustiça, do desamparo, da solidão e do desânimo. Aos braços ternos, mas igualmente débeis de Maria e José, Ele confia o dom precioso do seu Filho. A força, a grandeza e a nobreza não se revelam no dominar, humilhar e destruir, própria de predadores, mas no acarinhar, apoiar, levantar e construir que distingue os cuidadores. Assim começa a revelar-se o mundo novo!
Neste ano, experimentámos dramaticamente a fragilidade da natureza, da vida, da sociedade e da humanidade, na catástrofe dos incêndios, das guerras, atentados e tantas outras calamidades. Muitos se moveram também solidariamente, para estar próximos dos mais atingidos, para cuidar dos que não podem bastar a si próprios em tais situações. Muitos outros incêndios de ódios, destruição, injustiça e indiferença ficaram por atender.
Neste Natal, Deus confia-nos uns aos outros, para cuidarmos, nas nossas famílias, das nossas fragilidades e mágoas, dos nossos sonhos e esperanças. Na Família-Igreja, confia-nos a pequenez de um Reino que é sempre semente a desenvolver-se e fermento a levedar, apelando ao cuidado e ao amor de todos, iluminados e aquecidos pelo sol perene do Seu Espírito que nunca nos abandona. No país, na sociedade e no mundo, feridos por desastres naturais, guerras, fome e injustiças, o Pai de todos os humanos convida-nos a ser cuidadores da paz, feita de justiça, dignidade e solidariedade na diversidade, pois, aos seus olhos, nenhuma pessoa é estrangeira, mas irmão ou irmã. O Criador do Universo confia-nos este maravilhoso planeta, para admirarmos e usufruirmos, mas igualmente para respeitarmos e cuidarmos das suas fragilidades, de modo que continue a ser a terra-mãe para todos os seus habitantes, hoje e no futuro.

 18 de Dezembro de 2017
+ José Ornelas Carvalho
Bispo de Setúbal

domingo, 17 de dezembro de 2017

FESTA DE NATAL DA CATEQUESE E ESCUTEIROS


No sábado 16 de dezembro as crianças da catequese e dos escuteiros na Eucaristia encenaram os momentos do nascimento de Jesus, da adoração dos pastores e reis magos.


Que Neste Natal Jesus encontre lugar no coração de cada um e nos encha da sua alegria, da sua paz e do seu amor!
Antes do lanche colocaram no pinheiro as mensagens de Natal, feitas por cada um nos grupos de catequese.

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE A LITURGIA DO III DOMINGO DO ADVENTO (ANO B)


Jo 1,6-8.19-28 O Ângelus deste domingo foi muito especial por duas razões: por um lado, celebra-se o domingo chamado “Gaudete”, ou seja, “da alegria”, e por outro, o Papa Francisco completa 81 anos.
O Pontífice expôs as 3 atitudes “que nos preparam a viver o Natal de modo autêntico”: a alegria, a oração perseverante e a contínua ação de graças.
Sobre a primeira atitude, assegurou que se deve “permanecer sempre na alegria, mesmo quando as coisas não acontecem segundo os nossos desejos”.
“As angústias, as dificuldades e os sofrimentos atravessam a vida de cada um, e tantas vezes a realidade que nos circunda parece ser inóspita e árida”.
Fazendo referência às leituras do dia, Francisco afirmou que esta passagem bíblica esclarece que a missão de Jesus “no mundo consiste na libertação do pecado e da escravidão pessoais e sociais que este produz”. “Ele veio à terra para restituir aos homens a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, que somente Ele pode comunicar”.
Mas esta alegria na espera se baseia na “oração perseverante”: “por meio da oração, podemos entrar numa relação estável com Deus, que é a fonte da verdadeira alegria”.
“A alegria do cristão – continuou – vem da fé e do encontro com Jesus Cristo, razão da nossa felicidade. Quanto mais estivermos enraizados em Cristo, tanto mais encontraremos a serenidade interior, mesmo no meio das contradições cotidianas”.
Assim, o cristão que encontra Jesus “não pode ser um profeta do infortúnio, mas uma testemunha e um arauto da alegria”. “Uma alegria a ser compartilhada com os outros; uma alegria contagiosa que torna menos cansativo o caminho da vida”, assegurou.
Por último, “a contínua ação de graças” faz referência a “reconhecer sempre os seus benefícios, o seu amor misericordioso, a sua paciência e bondade, vivendo assim em contínua acção de graças”.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

MENSAGEM DE D. JOSÉ ORNELAS (BISPO DE SETÚBAL) PARA O ADVENTO 2017


Neste domingo, 3 de dezembro, iniciamos o novo ano litúrgico, assumindo a caminhada do Advento, que nos levará até ao Natal do Senhor. Este tempo sublinha a dimensão de caminho e de esperança que carateriza a fé cristã, promovendo uma atitude ativa de compromisso na transformação da própria vida e do mundo à nossa volta.
Essa atitude nasce de uma visão realista de fé, que nos torna conscientes do valor e das capacidades de nós próprios e da realidade que nos rodeia, mas igualmente dos seus limites: os erros, o sofrimento, a pobreza, a injustiça, a guerra, a desumanização. Quem crê descobre, em si próprio e à sua volta, a ação do Espírito de Deus que aponta e conduz à transformação positiva da vida: o mundo não é perfeito, mas pode ser melhor e nós somos desafiados a  ser parte dessa transformação.
A atitude de Maria e a palavra dos profetas que acompanharão este nosso caminho convidam-nos a olhar com realismo e esperança para nós próprios, para a nossa família, a nossa Igreja e o mundo em que vivemos. Porque Deus vem para o meio de nós e nos acompanha com o seu Espírito, é possível caminhar, mudar, melhorar. É tempo de abrir o nosso coração a Deus que abre os olhos do nosso coração para além daquilo que vemos, sabemos e podemos. É tempo de ter esperança! É tempo de ser esperança!
Mas o advento não é apenas contemplação e sonho idílico de futuro. É um tempo de caminho concreto, é esperança ativa que torna possível a mudança. Motivados pela fé, transformados pelo Espírito de Deus, pomo-nos a caminho, para transformar-nos e para transformar; converter-nos e converter. Não nos resignamos nem nos deixamos intimidar pelas maiores dificuldades, pelo sofrimento ou pelos nossos limites e pecados. A esperança faz-nos avaliar, corrigir e avançar, para construir um mundo melhor, para levar luz onde há trevas, reconciliação onde há conflitos, pão onde há fome, justiça onde há opressão, fé onde há, apenas, materialismo e solidão.
Guia-nos neste caminho de conversão, João Batista, o profeta do advento. É tempo de sair de si próprio, de abrir os olhos aos que nos cercam, de estender a mão a quem está caído, para construir um mundo mais justo, mais solidário e mais humano.
De entre os muitos sinais de esperança, de caminho, de fé e de compromisso que se verificam nas nossas famílias, paróquias e na Diocese, quero realçar os passos concretos que estão a dar, nestes dias, três jovens seminaristas que se preparam para estar ao serviço da Igreja no ministério sacerdotal. No dia 3 de dezembro, na igreja da Torre da Marinha, dois membros da Comunidade da Aliança da Misericórdia – o Danilo Rasera Adorno e o Gilson Zen Parede Garcia – serão instituídos Leitores. No dia 8 de dezembro, na Sé de Setúbal, será ordenado Diácono da nossa Diocese o João Paulo Gomes Duarte. Damos graças a Deus e acompanhamos com amizade e a oração estes três irmãos, a fim de que sejam sinais autênticos de fidelidade ao Senhor que os chamou e de serviço dedicado e carinhoso aos irmãos.
Vivamos este tempo de advento guiados por Maria:
  • na leitura atenta da Palavra de Deus;
  • na oração pessoal, em família e na comunidade cristã;
  • na abertura do coração aos que mais precisam de atenção, de ajuda, de esperança.
Setúbal, 1 de dezembro de 2017
+ José Ornelas Carvalho
Bispo de Setúbal

domingo, 10 de dezembro de 2017

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO II DOMINGO DO ADVENTO (ANO B)


Mc 1,1-8 O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, neste  II Domingo de Advento (10/12), com os fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro. 
Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice recordou que no domingo passado, “iniciámos o Advento com o convite a vigiar”, e “neste segundo domingo deste tempo de preparação para o Natal, a liturgia fala-nos de um tempo para reconhecer os vazios a serem preenchidos na nossa vida, para aplanar as asperezas do orgulho e criar espaço para Jesus que vem”. 
“O Profeta Isaías dirige-se ao povo anunciando o fim do Exílio na Babilônia e o retorno a Jerusalém. Ele profetiza: «Grita uma voz: Preparai no deserto o caminho do Senhor […]. Nivelem-se todos os vales». Os vales a serem nivelados representam todos os vazios do nosso comportamento diante de Deus, todos os nossos pecados de omissão.” 
“O vazio na nossa vida pode ser porque não rezamos ou rezamos pouco. O Advento é o momento favorável para rezar com mais intensidade, para reservar à vida espiritual o lugar importante que lhe cabe. Outro vazio pode ser a falta de caridade para com o próximo, sobretudo em relação às pessoas que precisam de ajuda não só material, mas também espiritual. Somos chamados a prestar mais atenção às necessidades dos outros, a estar mais próximos. Desta forma, como João Batista, poderemos abrir caminhos de esperança no deserto dos corações áridos de muitas pessoas.” “Rebaixem-se todos os montes e colinas”, exorta ainda Isaías. “Os montes e as colinas que devem ser rebaixados são o orgulho, a soberba e a prepotência. Onde existe orgulho, prepotência e soberba o Senhor não pode entrar. Devemos assumir comportamentos de mansidão e humildade, sem repreender, ouvindo e falando com mansidão e assim preparar a vinda de nosso Salvador, que é manso e humilde de coração. Depois, somos convidados a eliminar todos os obstáculos que colocamos na nossa união com o Senhor: “O terreno acidentado se torne plano e alisem-se as asperezas. A glória do Senhor manifestar-se-á, então, e todos os homens a verão”, diz Isaías. 
O Santo Padre acrescentou que “quando esperamos em casa a visita de uma pessoa querida, organizamos tudo com carinho e felicidade. Devemos fazer o mesmo para a vinda do Senhor: esperá-lo a cada dia com solicitude, para podermos ser preenchidos com a sua graça quando Ele vier”. Francisco sublinhou que no Evangelho, João Batista representa a figura da “voz que grita no deserto”, anunciada pelo Profeta Isaías.
“O Salvador que esperamos é capaz de transformar a nossa vida com a sua graça, com a força do Espírito Santo, com a força do amor. O Espírito Santo derrama em nossos corações o amor de Deus, fonte inexaurível de purificação, de vida nova e liberdade. A Virgem Maria viveu plenamente esta realidade, deixando-se “batizar” pelo Espírito Santo que a encheu da sua força. Ela, que preparou a vinda de Cristo com a totalidade de sua existência, nos ajude a seguir o seu exemplo e guie os nossos passos para o encontro com o Senhor que vem.”

domingo, 3 de dezembro de 2017

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO I DOMINGO DO ADVENTO (ANO B)


Mc 13,33-37 Na reflexão do Angelus deste I Domingo do Advento, logo após o regresso da sua Viagem Apostólica a Mianmar e ao Bangladesh, o Papa Francisco refletiu sobre as características de uma pessoa atenta, em resposta à exortação contida no Evangelho de Marcos, proposto pelo Evangelho do dia.
“O Advento – explicou o Papa - é o tempo que nos é dado para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, para verificar o nosso desejo de Deus, para podermos olhar em frente e preparar-nos para o regresso de Cristo”, que vem a nós de diversas maneiras, como na festa de Natal que recorda a sua vinda histórica - e sempre que estivermos “dispostos a recebê-lo” - e virá de novo no final dos tempos para “julgar os vivos e os mortos”.
“Por isto devemos estar sempre vigilantes e esperar o Senhor com a esperança de encontrá-lo”, frisou. Francisco referiu, então, algumas características de uma pessoa atenta. A primeira delas, é que mesmo no meio do “barulho do mundo”, não se deixa tomar pela “distração ou pela superficialidade, mas vive de maneira plena e consciente, com uma preocupação voltada antes de tudo para os outros”. “Com este comportamento percebemos as lágrimas e as necessidades do próximo e podemos perceber neles as capacidades e as qualidades humanas e espirituais”. Mas a pessoa atenta, também se preocupa com o mundo,  “buscando combater a indiferença e a crueldade presente nele”: “Trata-se de ter um olhar de compreensão tanto para reconhecer as misérias e as pobrezas dos indivíduos e das sociedades, como para reconhecer a riqueza escondida nas pequenas coisas de cada dia, precisamente ali onde nos colocou o Senhor”. Finalmente a pessoa vigilante, também acolhe o convite para vigiar, ou seja, “não se deixa dominar pelo sono do desencorajamento, da falta de esperança, da desilusão”: “Ao mesmo tempo, rejeita a solicitação de tantas vaidades de que o mundo está cheio e por detrás das quais, às vezes, são sacrificados tempo e serenidade pessoal e familiar”.
O Papa recordou a “dolorosa experiência do povo de Israel” quando se afastou do caminho do Senhor - narrada pelo Profeta Isaías: “Também nós nos encontramos muitas vezes nesta situação de infidelidade ao chamamento do Senhor: Ele nos indica o bom caminho, o caminho da fé,  o caminho do amor, mas nós buscamos a nossa felicidade noutro lugar”.
Por fim, Francisco sublinha os pressupostos para não andarmos por aí “afastados dos caminhos do Senhor”: “Estar atentos e vigilantes são os pressupostos para não continuarmos a “andar por aí afastados dos caminhos do Senhor”, perdidos  nos nossos pecados e nas nossas infidelidades; estar atentos e vigilantes são as condições para permitir a Deus irromper na nossa existência, para a encher de significado e valor com a sua presença repleta de bondade e de ternura”.
Ao  concluir, o Pontífice pediu que “Maria Santíssima, modelo na espera do Senhor e ícone da vigilância, nos guie ao encontro de seu filho Jesus, vivificando o nosso amor por Ele”.

domingo, 26 de novembro de 2017

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DA SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO (ANO A)


Mt 25,31-46 No fim de nossas vidas, seremos julgados pelo amor, isto é, pelo nosso esforço concreto em amar e servir Jesus em nossos irmãos menores e necessitados. Jesus virá no final dos tempos para julgar todas as nações, mas vem a nós todos os dias, em muitas maneiras, e nos pede para acolhê-lo. Aquele mendicante, aquele afamado, aquele encarcerado, aquele doente é Jesus. Pensemos nisto”. São as palavras pronunciadas pelo Papa Francisco no Angelus deste domingo (26/11), descrevendo, no comentário sobre o Juízo Universal, a “Cristo como rei, pastor e juiz, que mostra os critérios de pertença ao Reino de Deus”.
“Que a Virgem Maria nos ajude a encontrá-lo e a recebê-lo em sua Palavra e na Eucaristia, e ao mesmo tempo, nos irmãos e irmãs que sofrem com a fome, a doença, a opressão, a injustiça. Que os nossos corações possam acolhê-lo no hoje das nossas vidas, para que sejamos acolhidos por Ele na eternidade do seu Reino de luz e de paz”.
Em sua breve catequese, diante de algumas milhares de pessoas, na Praça São Pedro, o Papa recordou as indicações do Evangelho sobre o Juízo Universal, apresentadas na Liturgia de hoje:
“Vinde! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome e destes-me de comer; eu estava com sede e destes-me de beber; eu era estrangeiro e recebestes-me em casa; eu estava nu e vestistes-me; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes visitar-me”.
“Os justos, comentou o Papa, ficam surpresos, porque não se lembram de ter encontrado antes Jesus e muito menos de tê-lo ajudado daquela forma; mas Ele declara: ‘todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!'. Esta palavra nunca deixa de nos surpreender, porque nos revela até que ponto chega o amor de Deus: até ao ponto de se colocar no nosso lugar, mas não quando estamos bem, saudáveis e felizes... não! Quando estamos necessitados. E desta forma, escondida, Ele se deixa encontrar e estende-nos a mão, como um mendigo. Assim Jesus revela o critério decisivo de seu juízo, ou seja, o amor concreto pelo próximo com dificuldades. E assim revela o poder do amor, a realeza de Deus: solidário com quem sofre para suscitar em todos os lugares atitudes e obras de misericórdia”.
“Mas- recordou Francisco – a palavra do juízo prossegue apresentando o rei que afasta de si aqueles que durante as suas vidas não se preocuparam com as necessidades dos irmãos”.
“Também neste caso, eles ficam surpresos e perguntam: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso,
e não te servimos?' Ou seja, ‘Se tivéssemos visto, certamente teríamos ajudado!’ Mas o rei responde: ‘todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes’!”.

domingo, 19 de novembro de 2017

ENCONTRO DIA MUNDIAL DOS POBRES

Na Paróquia de S. Francisco Xavier  a Igreja foi pequena para a Eucaristia do DIA MUNDIAL DOS POBRES, Domingo 19 de novembro.

Foi animada pelo coro de jovens e muito participada pela Comunidade Paroquial, Centro Juvenil Padre Amadeu Pinto, Centro Social Paroquial de Cristo Rei e com mais amigos da CVX, dos Leigos para o Desenvolvimento e dos Gambozinhos. .




No ofertório foram levados para o altar géneros alimentares para serem doados às famílias mais carenciadas.



A seguir á Eucaristia seguiu-se um almoço partilhado e solidário para todos, até as crianças do Centro Juvenil Padre Amadeu Pinto fizeram um bolo para partilhar!


REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO A)


Mt 25,14-30 parábola do Evangelho de hoje fala-nos de dons. Diz-nos que somos destinatários dos talentos de Deus, «cada qual conforme a sua capacidade» (Mt 25, 15). Antes de mais nada, reconheçamos isto: temos talentos, somos «talentosos» aos olhos de Deus. Por isso ninguém pode considerar-se inútil, ninguém pode dizer-se tão pobre que não possua algo para dar aos outros. Somos eleitos e abençoados por Deus, que deseja cumular-nos dos seus dons, mais do que um pai e uma mãe o desejam fazer aos seus filhos. E Deus, aos olhos de Quem nenhum filho pode ser descartado, confia uma missão a cada um.
De facto, como Pai amoroso e exigente que é, responsabiliza-nos. Vemos, na parábola, que a cada servo são dados talentos para os multiplicar. Mas enquanto os dois primeiros realizam a missão, o terceiro servo não faz render os talentos; restitui apenas o que recebera: «Com medo – diz ele –, fui esconder o teu talento na terra. Aqui está o que te pertence» (25, 25). Como resposta, este servo recebe palavras duras: «mau e preguiçoso» (25, 26). Nele, que desagradou ao Senhor? Diria, numa palavra (talvez caída um pouco em desuso mas muito atual), a omissão. O seu mal foi o de não fazer o bem. Muitas vezes também nos parece não ter feito nada de mal e com isso nos contentamos, presumindo que somos bons e justos. Assim, porém, corremos o risco de nos comportar como o servo mau: também ele não fez nada de mal, não estragou o talento, antes guardou-o bem na terra. Mas, não fazer nada de mal, não basta. Porque Deus não é um controlador à procura de bilhetes não timbrados; é um Pai à procura de filhos, a quem confiar os seus bens e os seus projetos (cf. 25, 14). E é triste, quando o Pai do amor não recebe uma generosa resposta de amor dos filhos, que se limitam a respeitar as regras, a cumprir os mandamentos, como jornaleiros na casa do Pai (cf. Lc 15, 17).
O servo mau, uma vez recebido o talento do Senhor que gosta de partilhar e multiplicar os dons, guardou-o zelosamente, contentou-se com salvaguardá-lo; ora não é fiel a Deus quem se preocupa apenas de conservar, de manter os tesouros do passado, mas, como diz a parábola, aquele que junta novos talentos é que é verdadeiramente «fiel» (25, 21.23), porque tem a mesma mentalidade de Deus e não fica imóvel: arrisca por amor, joga a vida pelos outros, não aceita deixar tudo como está. Descuida só uma coisa: o próprio interesse. Esta é a única omissão justa.
E a omissão é também o grande pecado contra os pobres. Aqui assume um nome preciso: indiferença. Esta é dizer: «Não me diz respeito, não é problema meu, é culpa da sociedade». É passar ao largo quando o irmão está em necessidade, é mudar de canal, logo que um problema sério nos indispõe, é também indignar-se com o mal mas sem fazer nada. Deus, porém, não nos perguntará se sentimos justa indignação, mas se fizemos o bem.
Como podemos então, concretamente, agradar a Deus? Quando se quer agradar a uma pessoa querida, por exemplo dando-lhe uma prenda, é preciso primeiro conhecer os seus gostos, para evitar que a prenda seja mais do agrado de quem a dá do que da pessoa que a recebe. Quando queremos oferecer algo ao Senhor, os seus gostos encontramo-los no Evangelho. Logo a seguir ao texto que ouvimos hoje, Ele diz: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Estes irmãos mais pequeninos, seus prediletos, são o faminto e o doente, o forasteiro e o recluso, o pobre e o abandonado, o doente sem ajuda e o necessitado descartado. Nos seus rostos, podemos imaginar impresso o rosto d’Ele; nos seus lábios, mesmo se fechados pela dor, as palavras d’Ele: «Isto é o meu corpo» (Mt 26, 26). No pobre, Jesus bate à porta do nosso coração e, sedento, pede-nos amor. Quando vencemos a indiferença e, em nome de Jesus, nos gastamos pelos seus irmãos mais pequeninos, somos seus amigos bons e fiéis, com quem Ele gosta de Se demorar. Deus tem em grande apreço, Ele aprecia o comportamento que ouvimos na primeira Leitura: o da «mulher forte» que «estende os braços ao infeliz, e abre a mão ao indigente» (Prv 31, 10.20). Esta é a verdadeira fortaleza: não punhos cerrados e braços cruzados, mas mãos operosas e estendidas aos pobres, à carne ferida do Senhor.
Lá, nos pobres, manifesta-se a presença de Jesus, que, sendo rico, Se fez pobre (cf. 2 Cor 8, 9). Por isso neles, na sua fragilidade, há uma «força salvífica». E, se aos olhos do mundo têm pouco valor, são eles que nos abrem o caminho para o Céu, são o nosso «passaporte para o paraíso». Para nós, é um dever evangélico cuidar deles, que são a nossa verdadeira riqueza; e fazê-lo não só dando pão, mas também repartindo com eles o pão da Palavra, do qual são os destinatários mais naturais. Amar o pobre significa lutar contra todas as pobrezas, espirituais e materiais. E isto far-nos-á bem: abeirar-nos de quem é mais pobre do que nós, tocará a nossa vida. Lembrar-nos-á aquilo que conta verdadeiramente: amar a Deus e ao próximo. Só isto dura para sempre, tudo o resto passa; por isso, o que investimos em amor permanece, o resto desaparece. Hoje podemos perguntar-nos: «Para mim, o que conta na vida? Onde invisto?» Na riqueza que passa, da qual o mundo nunca se sacia, ou na riqueza de Deus, que dá a vida eterna? Diante de nós, está esta escolha: viver para ter na terra ou dar para ganhar o Céu. Com efeito, para o Céu, não vale o que se tem, mas o que se dá, e «quem amontoa para si não é rico em relação a Deus» (cf. Lc 12, 21). Então não busquemos o supérfluo para nós, mas o bem para os outros, e nada de precioso nos faltará. O Senhor, que tem compaixão das nossas pobrezas e nos reveste dos seus talentos, nos conceda a sabedoria de procurar o que conta e a coragem de amar, não com palavras, mas com obras.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O I DIA MUNDIAL DOS POBRES (19.11.2017)

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O I DIA MUNDIAL DOS POBRES
XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
(19 DE NOVEMBRO DE 2017)

«Não amemos com palavras, mas com obras»

1. «Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade» (1 Jo 3, 18). Estas palavras do apóstolo João exprimem um imperativo de que nenhum cristão pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo «discípulo amado» até aos nossos dias, aparece ainda mais acentuada ao contrapor as palavras vazias, que frequentemente se encontram na nossa boca, às obras concretas, as únicas capazes de medir verdadeiramente o que valemos. O amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres. Aliás, é bem conhecida a forma de amar do Filho de Deus, e João recorda-a com clareza. Assenta sobre duas colunas mestras: o primeiro a amar foi Deus (cf. 1 Jo 4, 10.19); e amou dando-Se totalmente, incluindo a própria vida (cf. 1 Jo 3, 16).Um amor assim não pode ficar sem resposta. Apesar de ser dado de maneira unilateral, isto é, sem pedir nada em troca, ele abrasa de tal forma o coração, que toda e qualquer pessoa se sente levada a retribuí-lo não obstante as suas limitações e pecados. Isto é possível, se a graça de Deus, a sua caridade misericordiosa, for acolhida no nosso coração a pontos de mover a nossa vontade e os nossos afetos para o amor ao próprio Deus e ao próximo. Deste modo a misericórdia, que brota por assim dizer do coração da Trindade, pode chegar a pôr em movimento a nossa vida e gerar compaixão e obras de misericórdia em prol dos irmãos e irmãs que se encontram em necessidade.
2. «Quando um pobre invoca o Senhor, Ele atende-o» (Sl 34/33, 7). A Igreja compreendeu, desde sempre, a importância de tal invocação. Possuímos um grande testemunho já nas primeiras páginas do Atos dos Apóstolos, quando Pedro pede para se escolher sete homens «cheios do Espírito e de sabedoria» (6, 3), que assumam o serviço de assistência aos pobres. Este é, sem dúvida, um dos primeiros sinais com que a comunidade cristã se apresentou no palco do mundo: o serviço aos mais pobres. Tudo isto foi possível, por ela ter compreendido que a vida dos discípulos de Jesus se devia exprimir numa fraternidade e numa solidariedade tais, que correspondesse ao ensinamento principal do Mestre que tinha proclamado os pobres bem-aventurados herdeiros do Reino dos céus (cf. Mt 5, 3).
«Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um» (At 2, 45). Esta frase mostra, com clareza, como estava viva nos primeiros cristãos tal preocupação. O evangelista Lucas – o autor sagrado que deu mais espaço à misericórdia do que qualquer outro – não está a fazer retórica, quando descreve a prática da partilha na primeira comunidade. Antes pelo contrário, com a sua narração, pretende falar aos fiéis de todas as gerações (e, por conseguinte, também à nossa), procurando sustentá-los no seu testemunho e incentivá-los à ação concreta a favor dos mais necessitados. E o mesmo ensinamento é dado, com igual convicção, pelo apóstolo Tiago, usando expressões fortes e incisivas na sua Carta: «Ouvi, meus amados irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres segundo o mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que O amam? Mas vós desonrais o pobre. Porventura não são os ricos que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais? (…) De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: “Ide em paz, tratai de vos aquecer e matar a fome”, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta» (2, 5-6.14-17).
3. Contudo, houve momentos em que os cristãos não escutaram profundamente este apelo, deixando-se contagiar pela mentalidade mundana. Mas o Espírito Santo não deixou de os chamar a manterem o olhar fixo no essencial. Com efeito, fez surgir homens e mulheres que, de vários modos, ofereceram a sua vida ao serviço dos pobres. Nestes dois mil anos, quantas páginas de história foram escritas por cristãos que, com toda a simplicidade e humildade, serviram os seus irmãos mais pobres, animados por uma generosa fantasia da caridade!
Dentre todos, destaca-se o exemplo de Francisco de Assis, que foi seguido por tantos outros homens e mulheres santos, ao longo dos séculos. Não se contentou com abraçar e dar esmola aos leprosos, mas decidiu ir a Gúbio para estar junto com eles. Ele mesmo identificou neste encontro a viragem da sua conversão: «Quando estava nos meus pecados, parecia-me deveras insuportável ver os leprosos. E o próprio Senhor levou-me para o meio deles e usei de misericórdia para com eles. E, ao afastar-me deles, aquilo que antes me parecia amargo converteu-se para mim em doçura da alma e do corpo» (Test 1-3: FF 110). Este testemunho mostra a força transformadora da caridade e o estilo de vida dos cristãos.
Não pensemos nos pobres apenas como destinatários duma boa obra de voluntariado, que se pratica uma vez por semana, ou, menos ainda, de gestos improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz. Estas experiências, embora válidas e úteis a fim de sensibilizar para as necessidades de tantos irmãos e para as injustiças que frequentemente são a sua causa, deveriam abrir a um verdadeiro encontro com os pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida. Na verdade, a oração, o caminho do discipulado e a conversão encontram, na caridade que se torna partilha, a prova da sua autenticidade evangélica. E deste modo de viver derivam alegria e serenidade de espírito, porque se toca com as mãos a carne de Cristo. Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia. O Corpo de Cristo, partido na sagrada liturgia, deixa-se encontrar pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis. Continuam a ressoar de grande atualidade estas palavras do santo bispo Crisóstomo: «Queres honrar o corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem O honres aqui no tempo com vestes de seda, enquanto lá fora O abandonas ao frio e à nudez» (Hom. in Matthaeum, 50, 3: PG 58).
Portanto somos chamados a estender a mão aos pobres, a encontrá-los, fixá-los nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do amor que rompe o círculo da solidão. A sua mão estendida para nós é também um convite a sairmos das nossas certezas e comodidades e a reconhecermos o valor que a pobreza encerra em si mesma.
4. Não esqueçamos que, para os discípulos de Cristo, a pobreza é, antes de mais, uma vocação a seguir Jesus pobre. É um caminho atrás d’Ele e com Ele: um caminho que conduz à bem-aventurança do Reino dos céus (cf. Mt 5, 3; Lc 6, 20). Pobreza significa um coração humilde, que sabe acolher a sua condição de criatura limitada e pecadora, vencendo a tentação de omnipotência que cria em nós a ilusão de ser imortal. A pobreza é uma atitude do coração que impede de conceber como objetivo de vida e condição para a felicidade o dinheiro, a carreira e o luxo. Mais, é a pobreza que cria as condições para assumir livremente as responsabilidades pessoais e sociais, não obstante as próprias limitações, confiando na proximidade de Deus e vivendo apoiados pela sua graça. Assim entendida, a pobreza é o metro que permite avaliar o uso correto dos bens materiais e também viver de modo não egoísta nem possessivo os laços e os afetos (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 25-45).
Assumamos, pois, o exemplo de São Francisco, testemunha da pobreza genuína. Ele, precisamente por ter os olhos fixos em Cristo, soube reconhecê-Lo e servi-Lo nos pobres. Por conseguinte, se desejamos dar o nosso contributo eficaz para a mudança da história, gerando verdadeiro desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos pobres e comprometermo-nos a erguê-los do seu estado de marginalização. Ao mesmo tempo recordo, aos pobres que vivem nas nossas cidades e nas nossas comunidades, para não perderem o sentido da pobreza evangélica que trazem impresso na sua vida.
5. Conhecemos a grande dificuldade que há, no mundo contemporâneo, de poder identificar claramente a pobreza. E todavia esta interpela-nos todos os dias com os seus inúmeros rostos marcados pelo sofrimento, pela marginalização, pela opressão, pela violência, pelas torturas e a prisão, pela guerra, pela privação da liberdade e da dignidade, pela ignorância e pelo analfabetismo, pela emergência sanitária e pela falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e pela escravidão, pelo exílio e a miséria, pela migração forçada. A pobreza tem o rosto de mulheres, homens e crianças explorados para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas do poder e do dinheiro. Como é impiedoso e nunca completo o elenco que se é constrangido a elaborar à vista da pobreza, fruto da injustiça social, da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada!
Infelizmente, nos nossos dias, enquanto sobressai cada vez mais a riqueza descarada que se acumula nas mãos de poucos privilegiados, frequentemente acompanhada pela ilegalidade e a exploração ofensiva da dignidade humana, causa escândalo a extensão da pobreza a grandes sectores da sociedade no mundo inteiro. Perante este cenário, não se pode permanecer inerte e, menos ainda, resignado. À pobreza que inibe o espírito de iniciativa de tantos jovens, impedindo-os de encontrar um trabalho, à pobreza que anestesia o sentido de responsabilidade, induzindo a preferir a abdicação e a busca de favoritismos, à pobreza que envenena os poços da participação e restringe os espaços do profissionalismo, humilhando assim o mérito de quem trabalha e produz: a tudo isso é preciso responder com uma nova visão da vida e da sociedade.
Todos estes pobres – como gostava de dizer o Beato Paulo VI – pertencem à Igreja por «direito evangélico» (Discurso de aberturana II Sessão do Concílio Ecuménico Vaticano II, 29/IX/1963) e obrigam à opção fundamental por eles. Por isso, benditas as mãos que se abrem para acolher os pobres e socorrê-los: são mãos que levam esperança. Benditas as mãos que superam toda a barreira de cultura, religião e nacionalidade, derramando óleo de consolação nas chagas da humanidade. Benditas as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem «se» nem «mas», nem «talvez»: são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção de Deus.
6. No termo do Jubileu da Misericórdia, quis oferecer à Igreja o Dia Mundial dos Pobres, para que as comunidades cristãs se tornem, em todo o mundo, cada vez mais e melhor sinal concreto da caridade de Cristo pelos últimos e os mais carenciados. Quero que, aos outros Dias Mundiais instituídos pelos meus Predecessores e sendo já tradição na vida das nossas comunidades, se acrescente este, que completa o conjunto de tais Dias com um elemento requintadamente evangélico, isto é, a predileção de Jesus pelos pobres.
Convido a Igreja inteira e os homens e mulheres de boa vontade a fixar o olhar, neste dia, em todos aqueles que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. São nossos irmãos e irmãs, criados e amados pelo único Pai celeste. Este Dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade. Deus criou o céu e a terra para todos; foram os homens que, infelizmente, ergueram fronteiras, muros e recintos, traindo o dom originário destinado à humanidade sem qualquer exclusão.
7. Desejo que, na semana anterior ao Dia Mundial dos Pobres – que este ano será no dia 19 de novembro, XXXIII domingo do Tempo Comum –, as comunidades cristãs se empenhem na criação de muitos momentos de encontro e amizade, de solidariedade e ajuda concreta. Poderão ainda convidar os pobres e os voluntários para participarem, juntos, na Eucaristia deste domingo, de modo que, no domingo seguinte, a celebração da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo resulte ainda mais autêntica. Na verdade, a realeza de Cristo aparece em todo o seu significado precisamente no Gólgota, quando o Inocente, pregado na cruz, pobre, nu e privado de tudo, encarna e revela a plenitude do amor de Deus. O seu completo abandono ao Pai, ao mesmo tempo que exprime a sua pobreza total, torna evidente a força deste Amor, que O ressuscita para uma vida nova no dia de Páscoa.
Neste domingo, se viverem no nosso bairro pobres que buscam proteção e ajuda, aproximemo-nos deles: será um momento propício para encontrar o Deus que buscamos. Como ensina a Sagrada Escritura (cf. Gn 18, 3-5; Heb 13, 2), acolhamo-los como hóspedes privilegiados à nossa mesa; poderão ser mestres, que nos ajudam a viver de maneira mais coerente a fé. Com a sua confiança e a disponibilidade para aceitar ajuda, mostram-nos, de forma sóbria e muitas vezes feliz, como é decisivo vivermos do essencial e abandonarmo-nos à providência do Pai.
8. Na base das múltiplas iniciativas concretas que se poderão realizar neste Dia, esteja sempre a oração. Não esqueçamos que o Pai Nosso é a oração dos pobres. De facto, o pedido do pão exprime o abandono a Deus nas necessidades primárias da nossa vida. Tudo o que Jesus nos ensinou com esta oração exprime e recolhe o grito de quem sofre pela precariedade da existência e a falta do necessário. Aos discípulos que Lhe pediam para os ensinar a rezar, Jesus respondeu com as palavras dos pobres que se dirigem ao único Pai, em quem todos se reconhecem como irmãos. O Pai Nosso é uma oração que se exprime no plural: o pão que se pede é «nosso», e isto implica partilha, comparticipação e responsabilidade comum. Nesta oração, todos reconhecemos a exigência de superar qualquer forma de egoísmo, para termos acesso à alegria do acolhimento recíproco.
9. Aos irmãos bispos, aos sacerdotes, aos diáconos – que, por vocação, têm a missão de apoiar os pobres –, às pessoas consagradas, às associações, aos movimentos e ao vasto mundo do voluntariado, peço que se comprometam para que, com este Dia Mundial dos Pobres, se instaure uma tradição que seja contribuição concreta para a evangelização no mundo contemporâneo.
Que este novo Dia Mundial se torne, pois, um forte apelo à nossa consciência crente, para ficarmos cada vez mais convictos de que partilhar com os pobres permite-nos compreender o Evangelho na sua verdade mais profunda. Os pobres não são um problema: são um recurso de que lançar mão para acolher e viver a essência do Evangelho.
Vaticano, Memória de Santo António de Lisboa, 13 de junho de 2017.
Franciscus

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

DIA MUNDIAL DOS POBRES

«Vinde a Mim todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso.»    Mateus 11,28-30

Convidamos a rezarem por todos os pobres do mundo e a participarem na Missa de Domingo dia 19 de novembro às 11h30 na Paróquia de S. Francisco Xavier de Caparica unindo-nos ao Papa Francisco que diz na mensagem para este dia:
Não esqueçamos que o Pai Nosso é a oração dos pobres. De facto, o pedido do pão exprime o abandono a Deus nas necessidades primárias da nossa vida. Tudo o que Jesus nos ensinou com esta oração exprime e recolhe o grito de quem sofre pela precariedade da existência e a falta do necessário. Aos discípulos que Lhe pediam para os ensinar a rezar, Jesus respondeu com as palavras dos pobres que se dirigem ao único Pai, em quem todos se reconhecem como irmãos. O Pai Nosso é uma oração que se exprime no plural: o pão que se pede é «nosso», e isto implica partilha, comparticipação e responsabilidade comum.”


Lembramos que para o ofertório da Eucaristia pode trazer géneros alimentares para serem doados às famílias mais carenciadas.
A seguir à Eucaristia segue-se um almoço partilhado e solidário para todos

FESTA DA PALAVRA





No domingo dia 12 de novembro a celebração da Eucaristia das 11h30m contou com a presença do Seminário de Almada, o Reitor Padre Rui Gouveia e o vice Reitor Padre Carlos Filipe Silva e os seminaristas, incluindo 2 da Ucrania e também o Cláudio, desta Paróquia

 Na Eucaristia houve a Festa da Palavra, com a entrega da Bíblia pelo Pároco a 23 crianças e adolescentes que frequentam a catequese. Todos aclamaram o Evangelho erguendo as suas Bíblias

Que como Nossa Senhora escutem e guardem no seu coração a Palavra de Deus para a porem em prática!

domingo, 12 de novembro de 2017

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO A)


Mt 25,1-13 “A condição para estar prontos ao encontro com o Senhor não é somente a fé, mas uma vida cristã plena de amor e de caridade pelo próximo”. É a mensagem do Papa aos cerca de 20 mil fiéis que neste domingo (12/11) participaram na oração  mariana do Angelus, na Praça de São Pedro.
Comentando a Parábola das Virgens, tema da leitura evangélica do dia, Francisco advertiu: “Se nos deixarmos guiar por coisas que nos parecem mais fáceis, satisfazendo os nossos interesses,  a nossa vida fica estéril, incapaz de dar vida aos outros e não acumulamos nenhuma reserva de óleo para a lamparina da nossa fé”.
“Ao invés, se formos vigilantes e tentarmos fazer o bem com gestos de amor, de partilha e de serviço ao próximo mais necessitado, podemos ficar tranquilos: o Senhor poderá chegar a qualquer momento e até o sono da morte não nos assustará, porque teremos a reserva de óleo acumulada com as boas ações de todos os dias”.
Neste sentido, o Papa exortou a estarmos prontos para o encontro com o Senhor:   
“Muitas vezes, no Evangelho, Jesus exorta a vigiar: ‘Vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora’. Vigiar, portanto, não significa apenas não dormir, mas estar preparados. Este é o significado de ser sábios e prudentes: não esperar até o último instante da nossa vida para colaborar com a graça de Deus, mas fazê-lo desde já”.

domingo, 5 de novembro de 2017

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO XXXI DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO A)


Mt 23,1-12 “Fico triste em ver pessoas que psicologicamente vivem correndo atrás das honras. Não devemos de modo algum dominar os outros, olhá-los de cima para baixo. É uma atitude difusa na vida civil, mas também na vida eclesiástica. Entre nós deve existir a simplicidade”. Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus deste domingo, condenando com força o comportamento farisaico na Igreja, encarnado por aqueles que, como diz o Evangelho, “amar­ram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo”. E continuou o Papa: Esta atitude é um mau exercício da autoridade, que, em vez disso, deveria ter a sua primeira força precisamente no bom exemplo, para ajudar os outros a praticarem o que é correto e apropriado, sustentando-os nas provas que se encontram no caminho do bem. A autoridade é uma ajuda, mas se for exercitada mal, torna-se opressiva, não deixa as pessoas crescerem e cria um clima de desconfiança e hostilidade. E leva até à corrupção”.
Na sua breve catequese que precedeu o Angelus o Papa Francisco recordou que no Evangelho deste domingo Jesus denuncia abertamente alguns comportamentos negativos dos escribas e dos fariseus que “gostam de lugar de honra nos banquetes, dos primeiros assentos nas sina­go­gas e de serem cumprimentados nas pra­ças­ pú­blicas”.
Esta – explicou o Papa - é uma tentação que corresponde ao orgulho humano e que nem sempre é fácil vencer. E recordou o que Jesus disse aos seus discípulos: “não vos façais chamar de ‘ra­bi’,­ pois um só é o vosso Mestre e todos vós sóis irmãos. Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois um só é o vosso Guia, o Cristo. Quem dentre vós é o maior deve ser aquele que vos serve”.
“Nós, discípulos de Jesus, não devemos buscar títulos de honra, de autoridade ou de supremacia. Eu digo-vos que fico triste em ver pessoas que psicologicamente vivem correndo atrás da vaidade e das honras. Nós, discípulos, não devemos de modo algum fazer isso, pois entre nós deve existir uma atitude simples e fraterna. Somos todos irmãos e não devemos dominar os outros, olhá-los de cima para baixo. Não, somos todos irmãos”.
Se nós recebemos qualidades do Pai Celeste, - continuou o Papa -, devemos colocá-las ao serviço dos irmãos e não aproveitarmo-nos delas para a nossa satisfação pessoal. Não devemos considerar-nos superiores aos outros; a modéstia é essencial para uma existência que deseja conformar-se ao ensinamento de Jesus, que é gentil e humilde de coração. Ele veio não para ser servido mas para servir”.
“Que a Virgem Maria, - concluiu Francisco -, nos ajude com a sua materna intercessão, a fugir do orgulho e da vaidade e a sermos dóceis ao amor que vem de Deus, no serviço aos nossos irmãos para a alegria deles, que também será nossa”. (SP)

FESTA DE ACOLHIMENTO

 Na Eucaristia de sábado dia 4 de Novembro
  as crianças do 1º catecismo 
tiveram a Festa de acolhimento por toda a Comunidade Paroquial
No fim o Padre Hermínio Vitorino distribui uma imagem com a mensagem
"JESUS GOSTA DE MIM"

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

PARÓQUIA DE SÃO FRANCISCO XAVIER DE CAPARICA
ACTIVIDADES PASTORAIS / SOCIAIS – MÊS DE NOVEMBRO 2017
                                  Dia 1 – 4ªFeira: Dia de Todos os Santos – Missa: 11h30
                                                      Dia 2 – 5ªFeira: Dia de Todos os Fieis Defuntos – Missas: 9h00 e 19h00  
                                                                                       16h00 às 18h45 - Adoração ao Santíssimo
                                                      Dia 3 – 6ªfeira :17h30: Adoração ao Santíssimo – 1ª sexta-feira
                  21h15 – Reunião de Pais das crianças do 4º Ano de Catequese e grupo especial –                                                                                             preparar a Missa da entrega da Bíblia
                                                     Dia 4 – Sábado :12h00: Baptismo
                                 18h00 – Missa de ACOLHIMENTO das crianças do 1º Ano de Catequese
                                                        21h15: 2ª Reunião do grupo dos EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS na Vida Quotidiana
                                                    Dia 5 – Domingo: 12h30 – Reunião da SAGRADA FAMILIA
                                                    Dia 7 – 3ª feira: 10h00 – Reunião dos Leigos para o Desenvolvimento com 
                                                                                            a Direção do Centro Social Paroquial de Cristo Rei                
                                                    Dia 8 – 4ªfeira: 19h00 – Reunião da CVX
                                                   Dia 9 – 5ªfeira: 14h00 – Reunião da Direção e Coordenadores do Centro Social 
                                                                                            Paroquial de Cristo Rei
                                                   Dia 12 – Domingo: 11h30 – Missa - Festa da Entrega da Bíblia –
                                                                                                  4º Ano de catequese e grupo especial
                           16h00 – Reunião Geral de Pais (para todos os pais) das crianças da catequese
                                                   Dia 17 – 6ªfeira: 21h00 – Vigília Jovem no Seminário de Almada –
                                                                     CONVITE A TODOS OS JOVENS A PARTICIPAR
                                                    Dia 19 – Domingo: primeiro DIA MUNDIAL DO POBRE- 11H30 – Eucaristia
                                                                                                    12h45 – Almoço / Convívio
                                          Dia 22 – 4ªfeira: 19h00 – Reunião da CVX
                            Dia 24 – 6ª-feira: Início da Novena de S. Francisco Xavier, na Missa das 18h30