domingo, 26 de novembro de 2017

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DA SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO (ANO A)


Mt 25,31-46 No fim de nossas vidas, seremos julgados pelo amor, isto é, pelo nosso esforço concreto em amar e servir Jesus em nossos irmãos menores e necessitados. Jesus virá no final dos tempos para julgar todas as nações, mas vem a nós todos os dias, em muitas maneiras, e nos pede para acolhê-lo. Aquele mendicante, aquele afamado, aquele encarcerado, aquele doente é Jesus. Pensemos nisto”. São as palavras pronunciadas pelo Papa Francisco no Angelus deste domingo (26/11), descrevendo, no comentário sobre o Juízo Universal, a “Cristo como rei, pastor e juiz, que mostra os critérios de pertença ao Reino de Deus”.
“Que a Virgem Maria nos ajude a encontrá-lo e a recebê-lo em sua Palavra e na Eucaristia, e ao mesmo tempo, nos irmãos e irmãs que sofrem com a fome, a doença, a opressão, a injustiça. Que os nossos corações possam acolhê-lo no hoje das nossas vidas, para que sejamos acolhidos por Ele na eternidade do seu Reino de luz e de paz”.
Em sua breve catequese, diante de algumas milhares de pessoas, na Praça São Pedro, o Papa recordou as indicações do Evangelho sobre o Juízo Universal, apresentadas na Liturgia de hoje:
“Vinde! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome e destes-me de comer; eu estava com sede e destes-me de beber; eu era estrangeiro e recebestes-me em casa; eu estava nu e vestistes-me; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes visitar-me”.
“Os justos, comentou o Papa, ficam surpresos, porque não se lembram de ter encontrado antes Jesus e muito menos de tê-lo ajudado daquela forma; mas Ele declara: ‘todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!'. Esta palavra nunca deixa de nos surpreender, porque nos revela até que ponto chega o amor de Deus: até ao ponto de se colocar no nosso lugar, mas não quando estamos bem, saudáveis e felizes... não! Quando estamos necessitados. E desta forma, escondida, Ele se deixa encontrar e estende-nos a mão, como um mendigo. Assim Jesus revela o critério decisivo de seu juízo, ou seja, o amor concreto pelo próximo com dificuldades. E assim revela o poder do amor, a realeza de Deus: solidário com quem sofre para suscitar em todos os lugares atitudes e obras de misericórdia”.
“Mas- recordou Francisco – a palavra do juízo prossegue apresentando o rei que afasta de si aqueles que durante as suas vidas não se preocuparam com as necessidades dos irmãos”.
“Também neste caso, eles ficam surpresos e perguntam: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso,
e não te servimos?' Ou seja, ‘Se tivéssemos visto, certamente teríamos ajudado!’ Mas o rei responde: ‘todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes’!”.

domingo, 19 de novembro de 2017

ENCONTRO DIA MUNDIAL DOS POBRES

Na Paróquia de S. Francisco Xavier  a Igreja foi pequena para a Eucaristia do DIA MUNDIAL DOS POBRES, Domingo 19 de novembro.

Foi animada pelo coro de jovens e muito participada pela Comunidade Paroquial, Centro Juvenil Padre Amadeu Pinto, Centro Social Paroquial de Cristo Rei e com mais amigos da CVX, dos Leigos para o Desenvolvimento e dos Gambozinhos. .




No ofertório foram levados para o altar géneros alimentares para serem doados às famílias mais carenciadas.



A seguir á Eucaristia seguiu-se um almoço partilhado e solidário para todos, até as crianças do Centro Juvenil Padre Amadeu Pinto fizeram um bolo para partilhar!


REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO A)


Mt 25,14-30 parábola do Evangelho de hoje fala-nos de dons. Diz-nos que somos destinatários dos talentos de Deus, «cada qual conforme a sua capacidade» (Mt 25, 15). Antes de mais nada, reconheçamos isto: temos talentos, somos «talentosos» aos olhos de Deus. Por isso ninguém pode considerar-se inútil, ninguém pode dizer-se tão pobre que não possua algo para dar aos outros. Somos eleitos e abençoados por Deus, que deseja cumular-nos dos seus dons, mais do que um pai e uma mãe o desejam fazer aos seus filhos. E Deus, aos olhos de Quem nenhum filho pode ser descartado, confia uma missão a cada um.
De facto, como Pai amoroso e exigente que é, responsabiliza-nos. Vemos, na parábola, que a cada servo são dados talentos para os multiplicar. Mas enquanto os dois primeiros realizam a missão, o terceiro servo não faz render os talentos; restitui apenas o que recebera: «Com medo – diz ele –, fui esconder o teu talento na terra. Aqui está o que te pertence» (25, 25). Como resposta, este servo recebe palavras duras: «mau e preguiçoso» (25, 26). Nele, que desagradou ao Senhor? Diria, numa palavra (talvez caída um pouco em desuso mas muito atual), a omissão. O seu mal foi o de não fazer o bem. Muitas vezes também nos parece não ter feito nada de mal e com isso nos contentamos, presumindo que somos bons e justos. Assim, porém, corremos o risco de nos comportar como o servo mau: também ele não fez nada de mal, não estragou o talento, antes guardou-o bem na terra. Mas, não fazer nada de mal, não basta. Porque Deus não é um controlador à procura de bilhetes não timbrados; é um Pai à procura de filhos, a quem confiar os seus bens e os seus projetos (cf. 25, 14). E é triste, quando o Pai do amor não recebe uma generosa resposta de amor dos filhos, que se limitam a respeitar as regras, a cumprir os mandamentos, como jornaleiros na casa do Pai (cf. Lc 15, 17).
O servo mau, uma vez recebido o talento do Senhor que gosta de partilhar e multiplicar os dons, guardou-o zelosamente, contentou-se com salvaguardá-lo; ora não é fiel a Deus quem se preocupa apenas de conservar, de manter os tesouros do passado, mas, como diz a parábola, aquele que junta novos talentos é que é verdadeiramente «fiel» (25, 21.23), porque tem a mesma mentalidade de Deus e não fica imóvel: arrisca por amor, joga a vida pelos outros, não aceita deixar tudo como está. Descuida só uma coisa: o próprio interesse. Esta é a única omissão justa.
E a omissão é também o grande pecado contra os pobres. Aqui assume um nome preciso: indiferença. Esta é dizer: «Não me diz respeito, não é problema meu, é culpa da sociedade». É passar ao largo quando o irmão está em necessidade, é mudar de canal, logo que um problema sério nos indispõe, é também indignar-se com o mal mas sem fazer nada. Deus, porém, não nos perguntará se sentimos justa indignação, mas se fizemos o bem.
Como podemos então, concretamente, agradar a Deus? Quando se quer agradar a uma pessoa querida, por exemplo dando-lhe uma prenda, é preciso primeiro conhecer os seus gostos, para evitar que a prenda seja mais do agrado de quem a dá do que da pessoa que a recebe. Quando queremos oferecer algo ao Senhor, os seus gostos encontramo-los no Evangelho. Logo a seguir ao texto que ouvimos hoje, Ele diz: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Estes irmãos mais pequeninos, seus prediletos, são o faminto e o doente, o forasteiro e o recluso, o pobre e o abandonado, o doente sem ajuda e o necessitado descartado. Nos seus rostos, podemos imaginar impresso o rosto d’Ele; nos seus lábios, mesmo se fechados pela dor, as palavras d’Ele: «Isto é o meu corpo» (Mt 26, 26). No pobre, Jesus bate à porta do nosso coração e, sedento, pede-nos amor. Quando vencemos a indiferença e, em nome de Jesus, nos gastamos pelos seus irmãos mais pequeninos, somos seus amigos bons e fiéis, com quem Ele gosta de Se demorar. Deus tem em grande apreço, Ele aprecia o comportamento que ouvimos na primeira Leitura: o da «mulher forte» que «estende os braços ao infeliz, e abre a mão ao indigente» (Prv 31, 10.20). Esta é a verdadeira fortaleza: não punhos cerrados e braços cruzados, mas mãos operosas e estendidas aos pobres, à carne ferida do Senhor.
Lá, nos pobres, manifesta-se a presença de Jesus, que, sendo rico, Se fez pobre (cf. 2 Cor 8, 9). Por isso neles, na sua fragilidade, há uma «força salvífica». E, se aos olhos do mundo têm pouco valor, são eles que nos abrem o caminho para o Céu, são o nosso «passaporte para o paraíso». Para nós, é um dever evangélico cuidar deles, que são a nossa verdadeira riqueza; e fazê-lo não só dando pão, mas também repartindo com eles o pão da Palavra, do qual são os destinatários mais naturais. Amar o pobre significa lutar contra todas as pobrezas, espirituais e materiais. E isto far-nos-á bem: abeirar-nos de quem é mais pobre do que nós, tocará a nossa vida. Lembrar-nos-á aquilo que conta verdadeiramente: amar a Deus e ao próximo. Só isto dura para sempre, tudo o resto passa; por isso, o que investimos em amor permanece, o resto desaparece. Hoje podemos perguntar-nos: «Para mim, o que conta na vida? Onde invisto?» Na riqueza que passa, da qual o mundo nunca se sacia, ou na riqueza de Deus, que dá a vida eterna? Diante de nós, está esta escolha: viver para ter na terra ou dar para ganhar o Céu. Com efeito, para o Céu, não vale o que se tem, mas o que se dá, e «quem amontoa para si não é rico em relação a Deus» (cf. Lc 12, 21). Então não busquemos o supérfluo para nós, mas o bem para os outros, e nada de precioso nos faltará. O Senhor, que tem compaixão das nossas pobrezas e nos reveste dos seus talentos, nos conceda a sabedoria de procurar o que conta e a coragem de amar, não com palavras, mas com obras.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O I DIA MUNDIAL DOS POBRES (19.11.2017)

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O I DIA MUNDIAL DOS POBRES
XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
(19 DE NOVEMBRO DE 2017)

«Não amemos com palavras, mas com obras»

1. «Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade» (1 Jo 3, 18). Estas palavras do apóstolo João exprimem um imperativo de que nenhum cristão pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo «discípulo amado» até aos nossos dias, aparece ainda mais acentuada ao contrapor as palavras vazias, que frequentemente se encontram na nossa boca, às obras concretas, as únicas capazes de medir verdadeiramente o que valemos. O amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres. Aliás, é bem conhecida a forma de amar do Filho de Deus, e João recorda-a com clareza. Assenta sobre duas colunas mestras: o primeiro a amar foi Deus (cf. 1 Jo 4, 10.19); e amou dando-Se totalmente, incluindo a própria vida (cf. 1 Jo 3, 16).Um amor assim não pode ficar sem resposta. Apesar de ser dado de maneira unilateral, isto é, sem pedir nada em troca, ele abrasa de tal forma o coração, que toda e qualquer pessoa se sente levada a retribuí-lo não obstante as suas limitações e pecados. Isto é possível, se a graça de Deus, a sua caridade misericordiosa, for acolhida no nosso coração a pontos de mover a nossa vontade e os nossos afetos para o amor ao próprio Deus e ao próximo. Deste modo a misericórdia, que brota por assim dizer do coração da Trindade, pode chegar a pôr em movimento a nossa vida e gerar compaixão e obras de misericórdia em prol dos irmãos e irmãs que se encontram em necessidade.
2. «Quando um pobre invoca o Senhor, Ele atende-o» (Sl 34/33, 7). A Igreja compreendeu, desde sempre, a importância de tal invocação. Possuímos um grande testemunho já nas primeiras páginas do Atos dos Apóstolos, quando Pedro pede para se escolher sete homens «cheios do Espírito e de sabedoria» (6, 3), que assumam o serviço de assistência aos pobres. Este é, sem dúvida, um dos primeiros sinais com que a comunidade cristã se apresentou no palco do mundo: o serviço aos mais pobres. Tudo isto foi possível, por ela ter compreendido que a vida dos discípulos de Jesus se devia exprimir numa fraternidade e numa solidariedade tais, que correspondesse ao ensinamento principal do Mestre que tinha proclamado os pobres bem-aventurados herdeiros do Reino dos céus (cf. Mt 5, 3).
«Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um» (At 2, 45). Esta frase mostra, com clareza, como estava viva nos primeiros cristãos tal preocupação. O evangelista Lucas – o autor sagrado que deu mais espaço à misericórdia do que qualquer outro – não está a fazer retórica, quando descreve a prática da partilha na primeira comunidade. Antes pelo contrário, com a sua narração, pretende falar aos fiéis de todas as gerações (e, por conseguinte, também à nossa), procurando sustentá-los no seu testemunho e incentivá-los à ação concreta a favor dos mais necessitados. E o mesmo ensinamento é dado, com igual convicção, pelo apóstolo Tiago, usando expressões fortes e incisivas na sua Carta: «Ouvi, meus amados irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres segundo o mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que O amam? Mas vós desonrais o pobre. Porventura não são os ricos que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais? (…) De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: “Ide em paz, tratai de vos aquecer e matar a fome”, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta» (2, 5-6.14-17).
3. Contudo, houve momentos em que os cristãos não escutaram profundamente este apelo, deixando-se contagiar pela mentalidade mundana. Mas o Espírito Santo não deixou de os chamar a manterem o olhar fixo no essencial. Com efeito, fez surgir homens e mulheres que, de vários modos, ofereceram a sua vida ao serviço dos pobres. Nestes dois mil anos, quantas páginas de história foram escritas por cristãos que, com toda a simplicidade e humildade, serviram os seus irmãos mais pobres, animados por uma generosa fantasia da caridade!
Dentre todos, destaca-se o exemplo de Francisco de Assis, que foi seguido por tantos outros homens e mulheres santos, ao longo dos séculos. Não se contentou com abraçar e dar esmola aos leprosos, mas decidiu ir a Gúbio para estar junto com eles. Ele mesmo identificou neste encontro a viragem da sua conversão: «Quando estava nos meus pecados, parecia-me deveras insuportável ver os leprosos. E o próprio Senhor levou-me para o meio deles e usei de misericórdia para com eles. E, ao afastar-me deles, aquilo que antes me parecia amargo converteu-se para mim em doçura da alma e do corpo» (Test 1-3: FF 110). Este testemunho mostra a força transformadora da caridade e o estilo de vida dos cristãos.
Não pensemos nos pobres apenas como destinatários duma boa obra de voluntariado, que se pratica uma vez por semana, ou, menos ainda, de gestos improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz. Estas experiências, embora válidas e úteis a fim de sensibilizar para as necessidades de tantos irmãos e para as injustiças que frequentemente são a sua causa, deveriam abrir a um verdadeiro encontro com os pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida. Na verdade, a oração, o caminho do discipulado e a conversão encontram, na caridade que se torna partilha, a prova da sua autenticidade evangélica. E deste modo de viver derivam alegria e serenidade de espírito, porque se toca com as mãos a carne de Cristo. Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia. O Corpo de Cristo, partido na sagrada liturgia, deixa-se encontrar pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis. Continuam a ressoar de grande atualidade estas palavras do santo bispo Crisóstomo: «Queres honrar o corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem O honres aqui no tempo com vestes de seda, enquanto lá fora O abandonas ao frio e à nudez» (Hom. in Matthaeum, 50, 3: PG 58).
Portanto somos chamados a estender a mão aos pobres, a encontrá-los, fixá-los nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do amor que rompe o círculo da solidão. A sua mão estendida para nós é também um convite a sairmos das nossas certezas e comodidades e a reconhecermos o valor que a pobreza encerra em si mesma.
4. Não esqueçamos que, para os discípulos de Cristo, a pobreza é, antes de mais, uma vocação a seguir Jesus pobre. É um caminho atrás d’Ele e com Ele: um caminho que conduz à bem-aventurança do Reino dos céus (cf. Mt 5, 3; Lc 6, 20). Pobreza significa um coração humilde, que sabe acolher a sua condição de criatura limitada e pecadora, vencendo a tentação de omnipotência que cria em nós a ilusão de ser imortal. A pobreza é uma atitude do coração que impede de conceber como objetivo de vida e condição para a felicidade o dinheiro, a carreira e o luxo. Mais, é a pobreza que cria as condições para assumir livremente as responsabilidades pessoais e sociais, não obstante as próprias limitações, confiando na proximidade de Deus e vivendo apoiados pela sua graça. Assim entendida, a pobreza é o metro que permite avaliar o uso correto dos bens materiais e também viver de modo não egoísta nem possessivo os laços e os afetos (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 25-45).
Assumamos, pois, o exemplo de São Francisco, testemunha da pobreza genuína. Ele, precisamente por ter os olhos fixos em Cristo, soube reconhecê-Lo e servi-Lo nos pobres. Por conseguinte, se desejamos dar o nosso contributo eficaz para a mudança da história, gerando verdadeiro desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos pobres e comprometermo-nos a erguê-los do seu estado de marginalização. Ao mesmo tempo recordo, aos pobres que vivem nas nossas cidades e nas nossas comunidades, para não perderem o sentido da pobreza evangélica que trazem impresso na sua vida.
5. Conhecemos a grande dificuldade que há, no mundo contemporâneo, de poder identificar claramente a pobreza. E todavia esta interpela-nos todos os dias com os seus inúmeros rostos marcados pelo sofrimento, pela marginalização, pela opressão, pela violência, pelas torturas e a prisão, pela guerra, pela privação da liberdade e da dignidade, pela ignorância e pelo analfabetismo, pela emergência sanitária e pela falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e pela escravidão, pelo exílio e a miséria, pela migração forçada. A pobreza tem o rosto de mulheres, homens e crianças explorados para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas do poder e do dinheiro. Como é impiedoso e nunca completo o elenco que se é constrangido a elaborar à vista da pobreza, fruto da injustiça social, da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada!
Infelizmente, nos nossos dias, enquanto sobressai cada vez mais a riqueza descarada que se acumula nas mãos de poucos privilegiados, frequentemente acompanhada pela ilegalidade e a exploração ofensiva da dignidade humana, causa escândalo a extensão da pobreza a grandes sectores da sociedade no mundo inteiro. Perante este cenário, não se pode permanecer inerte e, menos ainda, resignado. À pobreza que inibe o espírito de iniciativa de tantos jovens, impedindo-os de encontrar um trabalho, à pobreza que anestesia o sentido de responsabilidade, induzindo a preferir a abdicação e a busca de favoritismos, à pobreza que envenena os poços da participação e restringe os espaços do profissionalismo, humilhando assim o mérito de quem trabalha e produz: a tudo isso é preciso responder com uma nova visão da vida e da sociedade.
Todos estes pobres – como gostava de dizer o Beato Paulo VI – pertencem à Igreja por «direito evangélico» (Discurso de aberturana II Sessão do Concílio Ecuménico Vaticano II, 29/IX/1963) e obrigam à opção fundamental por eles. Por isso, benditas as mãos que se abrem para acolher os pobres e socorrê-los: são mãos que levam esperança. Benditas as mãos que superam toda a barreira de cultura, religião e nacionalidade, derramando óleo de consolação nas chagas da humanidade. Benditas as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem «se» nem «mas», nem «talvez»: são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção de Deus.
6. No termo do Jubileu da Misericórdia, quis oferecer à Igreja o Dia Mundial dos Pobres, para que as comunidades cristãs se tornem, em todo o mundo, cada vez mais e melhor sinal concreto da caridade de Cristo pelos últimos e os mais carenciados. Quero que, aos outros Dias Mundiais instituídos pelos meus Predecessores e sendo já tradição na vida das nossas comunidades, se acrescente este, que completa o conjunto de tais Dias com um elemento requintadamente evangélico, isto é, a predileção de Jesus pelos pobres.
Convido a Igreja inteira e os homens e mulheres de boa vontade a fixar o olhar, neste dia, em todos aqueles que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. São nossos irmãos e irmãs, criados e amados pelo único Pai celeste. Este Dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade. Deus criou o céu e a terra para todos; foram os homens que, infelizmente, ergueram fronteiras, muros e recintos, traindo o dom originário destinado à humanidade sem qualquer exclusão.
7. Desejo que, na semana anterior ao Dia Mundial dos Pobres – que este ano será no dia 19 de novembro, XXXIII domingo do Tempo Comum –, as comunidades cristãs se empenhem na criação de muitos momentos de encontro e amizade, de solidariedade e ajuda concreta. Poderão ainda convidar os pobres e os voluntários para participarem, juntos, na Eucaristia deste domingo, de modo que, no domingo seguinte, a celebração da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo resulte ainda mais autêntica. Na verdade, a realeza de Cristo aparece em todo o seu significado precisamente no Gólgota, quando o Inocente, pregado na cruz, pobre, nu e privado de tudo, encarna e revela a plenitude do amor de Deus. O seu completo abandono ao Pai, ao mesmo tempo que exprime a sua pobreza total, torna evidente a força deste Amor, que O ressuscita para uma vida nova no dia de Páscoa.
Neste domingo, se viverem no nosso bairro pobres que buscam proteção e ajuda, aproximemo-nos deles: será um momento propício para encontrar o Deus que buscamos. Como ensina a Sagrada Escritura (cf. Gn 18, 3-5; Heb 13, 2), acolhamo-los como hóspedes privilegiados à nossa mesa; poderão ser mestres, que nos ajudam a viver de maneira mais coerente a fé. Com a sua confiança e a disponibilidade para aceitar ajuda, mostram-nos, de forma sóbria e muitas vezes feliz, como é decisivo vivermos do essencial e abandonarmo-nos à providência do Pai.
8. Na base das múltiplas iniciativas concretas que se poderão realizar neste Dia, esteja sempre a oração. Não esqueçamos que o Pai Nosso é a oração dos pobres. De facto, o pedido do pão exprime o abandono a Deus nas necessidades primárias da nossa vida. Tudo o que Jesus nos ensinou com esta oração exprime e recolhe o grito de quem sofre pela precariedade da existência e a falta do necessário. Aos discípulos que Lhe pediam para os ensinar a rezar, Jesus respondeu com as palavras dos pobres que se dirigem ao único Pai, em quem todos se reconhecem como irmãos. O Pai Nosso é uma oração que se exprime no plural: o pão que se pede é «nosso», e isto implica partilha, comparticipação e responsabilidade comum. Nesta oração, todos reconhecemos a exigência de superar qualquer forma de egoísmo, para termos acesso à alegria do acolhimento recíproco.
9. Aos irmãos bispos, aos sacerdotes, aos diáconos – que, por vocação, têm a missão de apoiar os pobres –, às pessoas consagradas, às associações, aos movimentos e ao vasto mundo do voluntariado, peço que se comprometam para que, com este Dia Mundial dos Pobres, se instaure uma tradição que seja contribuição concreta para a evangelização no mundo contemporâneo.
Que este novo Dia Mundial se torne, pois, um forte apelo à nossa consciência crente, para ficarmos cada vez mais convictos de que partilhar com os pobres permite-nos compreender o Evangelho na sua verdade mais profunda. Os pobres não são um problema: são um recurso de que lançar mão para acolher e viver a essência do Evangelho.
Vaticano, Memória de Santo António de Lisboa, 13 de junho de 2017.
Franciscus

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

DIA MUNDIAL DOS POBRES

«Vinde a Mim todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso.»    Mateus 11,28-30

Convidamos a rezarem por todos os pobres do mundo e a participarem na Missa de Domingo dia 19 de novembro às 11h30 na Paróquia de S. Francisco Xavier de Caparica unindo-nos ao Papa Francisco que diz na mensagem para este dia:
Não esqueçamos que o Pai Nosso é a oração dos pobres. De facto, o pedido do pão exprime o abandono a Deus nas necessidades primárias da nossa vida. Tudo o que Jesus nos ensinou com esta oração exprime e recolhe o grito de quem sofre pela precariedade da existência e a falta do necessário. Aos discípulos que Lhe pediam para os ensinar a rezar, Jesus respondeu com as palavras dos pobres que se dirigem ao único Pai, em quem todos se reconhecem como irmãos. O Pai Nosso é uma oração que se exprime no plural: o pão que se pede é «nosso», e isto implica partilha, comparticipação e responsabilidade comum.”


Lembramos que para o ofertório da Eucaristia pode trazer géneros alimentares para serem doados às famílias mais carenciadas.
A seguir à Eucaristia segue-se um almoço partilhado e solidário para todos

FESTA DA PALAVRA





No domingo dia 12 de novembro a celebração da Eucaristia das 11h30m contou com a presença do Seminário de Almada, o Reitor Padre Rui Gouveia e o vice Reitor Padre Carlos Filipe Silva e os seminaristas, incluindo 2 da Ucrania e também o Cláudio, desta Paróquia

 Na Eucaristia houve a Festa da Palavra, com a entrega da Bíblia pelo Pároco a 23 crianças e adolescentes que frequentam a catequese. Todos aclamaram o Evangelho erguendo as suas Bíblias

Que como Nossa Senhora escutem e guardem no seu coração a Palavra de Deus para a porem em prática!

domingo, 12 de novembro de 2017

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO A)


Mt 25,1-13 “A condição para estar prontos ao encontro com o Senhor não é somente a fé, mas uma vida cristã plena de amor e de caridade pelo próximo”. É a mensagem do Papa aos cerca de 20 mil fiéis que neste domingo (12/11) participaram na oração  mariana do Angelus, na Praça de São Pedro.
Comentando a Parábola das Virgens, tema da leitura evangélica do dia, Francisco advertiu: “Se nos deixarmos guiar por coisas que nos parecem mais fáceis, satisfazendo os nossos interesses,  a nossa vida fica estéril, incapaz de dar vida aos outros e não acumulamos nenhuma reserva de óleo para a lamparina da nossa fé”.
“Ao invés, se formos vigilantes e tentarmos fazer o bem com gestos de amor, de partilha e de serviço ao próximo mais necessitado, podemos ficar tranquilos: o Senhor poderá chegar a qualquer momento e até o sono da morte não nos assustará, porque teremos a reserva de óleo acumulada com as boas ações de todos os dias”.
Neste sentido, o Papa exortou a estarmos prontos para o encontro com o Senhor:   
“Muitas vezes, no Evangelho, Jesus exorta a vigiar: ‘Vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora’. Vigiar, portanto, não significa apenas não dormir, mas estar preparados. Este é o significado de ser sábios e prudentes: não esperar até o último instante da nossa vida para colaborar com a graça de Deus, mas fazê-lo desde já”.

domingo, 5 de novembro de 2017

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO XXXI DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO A)


Mt 23,1-12 “Fico triste em ver pessoas que psicologicamente vivem correndo atrás das honras. Não devemos de modo algum dominar os outros, olhá-los de cima para baixo. É uma atitude difusa na vida civil, mas também na vida eclesiástica. Entre nós deve existir a simplicidade”. Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus deste domingo, condenando com força o comportamento farisaico na Igreja, encarnado por aqueles que, como diz o Evangelho, “amar­ram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo”. E continuou o Papa: Esta atitude é um mau exercício da autoridade, que, em vez disso, deveria ter a sua primeira força precisamente no bom exemplo, para ajudar os outros a praticarem o que é correto e apropriado, sustentando-os nas provas que se encontram no caminho do bem. A autoridade é uma ajuda, mas se for exercitada mal, torna-se opressiva, não deixa as pessoas crescerem e cria um clima de desconfiança e hostilidade. E leva até à corrupção”.
Na sua breve catequese que precedeu o Angelus o Papa Francisco recordou que no Evangelho deste domingo Jesus denuncia abertamente alguns comportamentos negativos dos escribas e dos fariseus que “gostam de lugar de honra nos banquetes, dos primeiros assentos nas sina­go­gas e de serem cumprimentados nas pra­ças­ pú­blicas”.
Esta – explicou o Papa - é uma tentação que corresponde ao orgulho humano e que nem sempre é fácil vencer. E recordou o que Jesus disse aos seus discípulos: “não vos façais chamar de ‘ra­bi’,­ pois um só é o vosso Mestre e todos vós sóis irmãos. Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois um só é o vosso Guia, o Cristo. Quem dentre vós é o maior deve ser aquele que vos serve”.
“Nós, discípulos de Jesus, não devemos buscar títulos de honra, de autoridade ou de supremacia. Eu digo-vos que fico triste em ver pessoas que psicologicamente vivem correndo atrás da vaidade e das honras. Nós, discípulos, não devemos de modo algum fazer isso, pois entre nós deve existir uma atitude simples e fraterna. Somos todos irmãos e não devemos dominar os outros, olhá-los de cima para baixo. Não, somos todos irmãos”.
Se nós recebemos qualidades do Pai Celeste, - continuou o Papa -, devemos colocá-las ao serviço dos irmãos e não aproveitarmo-nos delas para a nossa satisfação pessoal. Não devemos considerar-nos superiores aos outros; a modéstia é essencial para uma existência que deseja conformar-se ao ensinamento de Jesus, que é gentil e humilde de coração. Ele veio não para ser servido mas para servir”.
“Que a Virgem Maria, - concluiu Francisco -, nos ajude com a sua materna intercessão, a fugir do orgulho e da vaidade e a sermos dóceis ao amor que vem de Deus, no serviço aos nossos irmãos para a alegria deles, que também será nossa”. (SP)

FESTA DE ACOLHIMENTO

 Na Eucaristia de sábado dia 4 de Novembro
  as crianças do 1º catecismo 
tiveram a Festa de acolhimento por toda a Comunidade Paroquial
No fim o Padre Hermínio Vitorino distribui uma imagem com a mensagem
"JESUS GOSTA DE MIM"