segunda-feira, 26 de setembro de 2016

PAPA AOS CATEQUISTAS NA EUCARISTIA POR OCASIÃO DO JUBILEU DOS CATEQUISTAS NESTE ANO SANTO DA MISERICÓRDIA: ANUNCIAR DEUS ENCONTRANDO AS PESSOAS

Na sua homilia o Santo Padre começou por lançar a sua atenção para a segunda leitura deste domingo – o XXVI domingo do tempo comum - retirada da Epístola de S. Paulo a Timóteo onde S. Paulo “não recomenda uma multidão de pontos e aspetos, mas sublinha o centro da fé. Este centro à volta do qual tudo gira, este coração pulsante que a tudo dá vida é o anúncio pascal, o primeiro anúncio: O Senhor Jesus ressuscitou” – disse Francisco que sublinhou o novo mandamento no qual nos faz pensar Paulo: «Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei». E é só “amando que se anuncia Deus-Amor”.
Anuncia-se Deus, encontrando as pessoas, com atenção à sua história e ao seu caminho. Porque o Senhor não é uma ideia, mas uma Pessoa viva: a sua mensagem comunica-se através do testemunho simples e verdadeiro, da escuta e acolhimento, da alegria que se irradia. Não se fala bem de Jesus, quando nos mostramos tristes; nem se transmite a beleza de Deus limitando-nos a fazer bonitos sermões. O Deus da esperança anuncia-Se vivendo no dia-a-dia o Evangelho da caridade, sem medo de o testemunhar inclusive com novas formas de anúncio.”
Neste momento da sua homilia o Papa Francisco referiu a parábola que o Evangelho de S. Lucas nos conta neste domingo, na qual um homem rico não repara em Lázaro, um pobre que «jazia ao seu portão». “Na realidade, este rico não faz mal a ninguém, não se diz que é mau” – disse o Santo Padre – “e todavia tem uma enfermidade pior que a de Lázaro, apesar de este estar «coberto de chagas»: este rico sofre duma forte cegueira, porque não consegue olhar para além do seu mundo, feito de banquetes e roupa fina. Não vê mais além da porta de sua casa, onde jazia Lázaro, porque não se importa com o que acontece lá fora. Não vê com os olhos, porque não sente com o coração. No seu coração, entrou a mundanidade que anestesia a alma. A mundanidade é como um «buraco negro» que engole o bem, que apaga o amor, que absorve tudo no próprio eu” – observou o Papa.
Aparência e indiferença, são razões para a “grave cegueira” de quem “olha com reverência as pessoas famosas, de alto nível, admiradas pelo mundo, e afasta o olhar dos inúmeros Lázaros de hoje, dos pobres e dos doentes, que são os prediletos do Senhor” – declarou Francisco.
Mas Deus não esquece Lázaro e acolhe-o “no banquete do seu Reino, juntamente com Abraão, numa rica comunhão de afetos” –disse o Papa que, falando para os catequistas, sublinhou que “como servidores da palavra de Jesus, somos chamados a não ostentar aparência, nem procurar glória; não podemos sequer ser tristes e lastimosos”. “Não sejamos profetas da desgraça” – afirmou:
“Não sejamos profetas da desgraça, que se comprazem em lobrigar perigos ou desvios; não sejamos pessoas que vivem entrincheiradas nos seus ambientes, proferindo juízos amargos sobre a sociedade, sobre a Igreja, sobre tudo e todos, poluindo o mundo de negatividade. O ceticismo lamentoso não se coaduna a quem vive familiarizado com a Palavra de Deus.”
Quem anuncia a esperança de Jesus é portador de alegria e vê longe, porque sabe olhar para além do mal e dos problemas. Ao mesmo tempo, vê bem ao perto, porque está atento ao próximo e às suas necessidades” – declarou Francisco, que no final da sua homilia sublinhou que “face aos inúmeros Lázaros que vemos, somos chamados a inquietar-nos, a encontrar formas de os atender e ajudar, sem delegar sempre a outras pessoas nem dizer: «Ajudar-te-ei amanhã». O tempo gasto a socorrer é tempo dado a Jesus, é amor que permanece”.
“Concluindo, que o Senhor nos dê a graça de sermos renovados cada dia pela alegria do primeiro anúncio: Jesus ama-nos pessoalmente! Que Ele nos dê a força de viver e anunciar o mandamento do amor, vencendo a cegueira da aparência e as tristezas mundanas. Que nos torne sensíveis aos pobres, que não são um apêndice do Evangelho, mas página central, sempre aberta diante de nós.”
No fim da Eucaristia, o Papa agradeceu a todos os catequistas presentes pelo “empenho na Igreja ao serviço da evangelização, na transmissão da fé”. O Jubileu dos Catequistas contou a participação de 700 portugueses.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO C)

Lc 16,1-13 Neste XXV domingo do tempo comum o Santo Padre refletiu sobre dois estilos de vida contrastantes: aquele mundano e aquele do Evangelho. E fê-lo através da parábola do administrador infiel e corrupto, que é louvado por Jesus apesar da sua desonestidade.
É preciso esclarecer imediatamente que este administrador não é apresentado como um modelo a ser seguido, mas como exemplo de dissimulação – disse o Papa. Este homem é acusado de má administração dos negócios do seu patrão e, antes de ser afastado, procura com astúcia conquistar a confiança dos devedores, tomando parte dos débitos para assegurar o seu futuro. Comentando este comportamento, Jesus observa: “Os filhos deste mundo, de facto, para com os seus semelhantes são mais astutos que os filhos da luz.”
A esta astúcia mundana somos chamados a responder com a astúcia cristã, que é o dom do Espírito Santo – observou Francisco – trata-se de se afastar do espírito e dos valores do mundo, que são tão apreciados pelo demónio, para viver de acordo com o Evangelho. A mundanidade manifesta-se com comportamentos de corrupção, de engano, de opressão.
“O espírito do Evangelho, ao contrário, requer um estilo de vida sério e comprometido, marcado pela honestidade, no respeito pelos outros e pela sua dignidade, com sentido de dever. Esta é a astúcia cristã!” – afirmou o Papa.
Este passo do Evangelho – concretizou o Santo Padre – requer uma escolha: “Nenhum servo pode servir a dois patrões, porque ou odiará um e amará o outro, ou mesmo se afeiçoará a um e desprezará o outro”. E o Papa recordou o caso da corrupção:
“Alguns comportam-se com a corrupção como com as drogas: pensa que pode usá-la e parar quando quiser. Porém, a corrupção vicia e gera pobreza, exploração e sofrimento. Quando, pelo contrário, procuramos seguir a lógica evangélica da integridade, da pureza nas intenções e nos comportamentos, da fraternidade, transformamo-nos em artesãos de justiça e abrimos horizontes de esperança para a humanidade. Na gratuidade e na doação de nós mesmos aos irmãos, servimos ao patrão justo: Deus.”
Desta forma, Jesus neste domingo exorta-nos a fazer uma escolha clara entre Ele e o espírito do mundo, entre a lógica da corrupção e da cobiça e aquela da retidão e da partilha – declarou Francisco.

domingo, 11 de setembro de 2016

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO C)

Lc 15,1-32 Diante de milhares de fiéis e peregrinos que foram, hoje, à Praça S. Pedro para rezar a oração mariana do Angelus, o Papa comentou o capítulo 15 do Evangelho de Lucas, deste XXIV domingo do tempo comum, considerado o capítulo da misericórdia, que reúne três parábolas com as quais Jesus responde aos murmúrios dos escribas e dos fariseus.
Com essas três narrações, afirmou Francisco, Jesus quer explicar que Deus é o primeiro a ter em relação aos pecadores uma atitude acolhedora e misericordiosa. Na primeira parábola, Deus é apresentado como um pastor que deixa as 99 ovelhas para ir em busca daquela perdida. Na segunda, é comparado a uma mulher que perdeu uma moeda e a busca até que não a encontra. Na terceira parábola, Deus é imaginado como um pai que acolhe o filho que se tinha afastado.
O Pontífice nota que um elemento comum dessas parábolas é expresso pelos verbos que significam alegrar-se, festejar. Esta festa de Deus por aqueles que voltam a Ele arrependidos, está em sintonia com o Ano Jubilar que estamos vivendo, como diz o próprio termo “jubileu”!
“Com essas três parábolas, Jesus apresenta-nos a verdadeira face de Deus, um Pai de braços abertos, que trata os pecadores com ternura e compaixão. A parábola que mais comove, porque manifesta o infinito amor de Deus, é a do pai que se lança e abraça o filho reencontrado. O que impressiona nem é tanto a triste história de um jovem que cai em desgraça, mas suas palavras decisivas: ‘Vou-me embora, procurar o meu pai’.”
Francisco destacou que o caminho de volta para casa é o caminho da esperança e da vida nova. “Deus nos aguarda com paciência, nos vê quando ainda estamos distantes, corre ao nosso encontro, nos abraça, nos beija e nos perdoa. Assim é Deus. E o seu perdão cancela o passado e nos regenera no amor. Aliás esta é a fraqueza de Deus: quando nos abraça, nos perdoa, perde a memória. Esquece o passado.”
Quando nos convertemos, prosseguiu o Papa, Deus acolhe-nos novamente em casa com festa e alegria. Francisco dirigiu-se, então, aos fiéis para perguntar: “Vocês já pensaram que toda vez que nos aproximamos do confessionário há alegria e festa no Céu? Já pensaram nisso? É belo. Isso nos infunde grande esperança, porque não há pecado em que caímos do qual, com a graça de Deus, não podemos nos reerguer; não há uma pessoa irrecuperável, ninguém é irrecuperável! Porque Deus jamais deixa de querer o nosso bem, inclusive quando pecamos! Que a Virgem Maria, refúgio dos pecadores, faça brotar nos nossos corações a confiança que se acendeu no coração do filho pródigo: ‘Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei’”. 

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO SOBRE MADRE TERESA DE CALCUTÁ NA MISSA DA SUA CANONIZAÇÃO (4.09.2016)

A missão de Madre Teresa de Calcutá “permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres”: disse o Papa Francisco na missa de canonização da religiosa fundadora das Missionárias da Caridade, cuja celebração foi presidida na Praça São Pedro, lotada por cerca de 120 mil fiéis e peregrinos provenientes de todas as partes do mundo.
Um dia de festa para a Igreja e para o mundo, para todos homens e mulheres de boa vontade que conheceram nesta religiosa de origem albanesa uma gigante da caridade dos nossos dias, apresentada pelo Pontífice ao mundo do voluntariado – que nestes dias celebra seu Jubileu – “como modelo de santidade para todos os Agentes de Misericórdia” (…)
“Onde quer que haja uma mão estendida pedindo ajuda para levantar-se, ali deve estar a nossa presença e a presença da Igreja, que apoia e dá esperança”, afirmou Francisco com veemência.
“Madre Teresa, ao longo de toda a sua existência, foi uma dispensadora generosa da misericórdia divina, fazendo-se disponível a todos, através do acolhimento e da defesa da vida humana, dos nascituros e daqueles abandonados e descartados. Comprometeu-se na defesa da vida, proclamando incessantemente que «quem ainda não nasceu é o mais fraco, o menor, o mais miserável».”
Referindo-se ainda sobre a nova Santa, disse que a fundadora das Missionárias da Caridade se inclinou “sobre as pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera; fez ouvir a sua voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem a sua culpa diante dos crimes da pobreza criada por eles mesmos.”
A misericórdia foi para ela, recordou Francisco, “sal”, que dava sabor a todas as suas obras, e a luz que iluminava a escuridão de todos aqueles que nem sequer tinham mais lágrimas para chorar pela sua pobreza e sofrimento.
“A sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres. Hoje entrego a todo o mundo do voluntariado esta figura emblemática de mulher e de consagrada: que ela seja o vosso modelo de santidade!”
“Que esta incansável agente de misericórdia nos ajude a entender mais e mais que o nosso único critério de ação é o amor gratuito, livre de qualquer ideologia e de qualquer vínculo e que é derramado sobre todos sem distinção de língua, cultura, raça ou religião.”
Madre Teresa gostava de dizer: «Talvez não fale a língua deles, mas posso sorrir». “Levemos no coração o seu sorriso e o ofereçamos a quem encontremos no nosso caminho, especialmente àqueles que sofrem. Assim abriremos horizontes de alegria e de esperança numa humanidade tão desesperançada e necessitada de compreensão e ternura”, concluiu o Papa.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

MENSAGEM DE D. JOSÉ ORNELAS, BISPO DE SETÚBAL, SOBRE OS INCÊNDIOS QUE FUSTIGARAM O PAÍS EM AGOSTO


Diz o Bispo de Setúbal, D. José Ornelas, na sua mensagem, apelando a atitudes de comunhão e solidariedade: «Em Ano da Misericórdia, especiais motivações acrescem ao natural e permanente impulso de darmos as mãos a quem mais necessita, motivados pela imagem e lição do Bom Samaritano», afirma o Prelado. 
Mais uma vez, o nosso País está a sofrer uma vaga de incêndios de grandes proporções, principalmente no Norte e na Ilha da Madeira.
Há bens e, sobretudo, vidas humanas a lamentar. Não se trata de uma fatalidade que anualmente cai sobre nós. Poderia ser de outra maneira se mais eficazes medidas de prevenção fossem tomadas, tanto pelas autoridades como pelos cidadãos. Os incêndios não são, em grande parte dos casos, uma inevitabilidade.
No entanto, estamos agora perante situações concretas de pessoas em grande sofrimento, a solicitar de todos nós atitudes de comunhão e solidariedade, aliviando, o mais possível, as suas perdas. Em Ano da Misericórdia, especiais motivações acrescem ao natural e permanente impulso de darmos as mãos a quem mais necessita, motivados pela imagem e lição do Bom Samaritano.
Sublinhamos os testemunhos de coragem e abnegação dos nossos Bombeiros e outros intervenientes no combate aos incêndios. Têm sido para nós, como sempre, uma lição sobre a importância da solidariedade que se sobrepõe a todas as forças adversas à vida humana e à civilização do amor e da paz que nós, os cristãos, somos convidados a construir, de mãos dadas com todos os homens e mulheres de boa vontade.
Em comunhão com todas as Dioceses de Portugal, também a de Setúbal se congrega e organiza para recolher e fazer chegar as nossas ofertas às vítimas dos incêndios nas zonas do País mais afetadas, através de instituições eclesiais adequadas.
Em cada Paróquia e outras comunidades cristãs, proceda-se à recolha de donativos, especialmente nas Missas do próximo fim-de-semana e noutras ocasiões oportunas, em que se leia esta mensagem e se convide o Povo de Deus a enviar aos irmãos em sofrimento, com a nossa oferta de orações e donativos, uma mensagem de esperança e solidariedade para a reconstrução das suas vidas.
Os donativos serão enviados à Cúria Diocesana para se juntarem aos donativos das outras dioceses e instituições da Igreja em Portugal. Poderá também ser utilizada a transferência bancária para a conta que a Caritas abriu para este fim: “Cáritas ajuda a Madeira” - 0035 0697 0059 7240130 28, da CGD.
Imploro sobre as vítimas destas catástrofes e sobre quantos procuram, com coração generoso, minorar as suas dificuldades, a bênção copiosa do Senhor.»