É preciso esclarecer imediatamente que este
administrador não é apresentado como um modelo a ser seguido, mas como exemplo
de dissimulação – disse o Papa. Este homem é acusado de má administração dos
negócios do seu patrão e, antes de ser afastado, procura com astúcia conquistar
a confiança dos devedores, tomando parte dos débitos para assegurar o seu
futuro. Comentando este comportamento, Jesus observa: “Os filhos deste mundo,
de facto, para com os seus semelhantes são mais astutos que os filhos da luz.”
A esta astúcia mundana somos chamados a responder
com a astúcia cristã, que é o dom do Espírito Santo – observou Francisco –
trata-se de se afastar do espírito e dos valores do mundo, que são tão
apreciados pelo demónio, para viver de acordo com o Evangelho. A mundanidade
manifesta-se com comportamentos de corrupção, de engano, de opressão.
“O espírito do Evangelho, ao contrário, requer um
estilo de vida sério e comprometido, marcado pela honestidade, no respeito
pelos outros e pela sua dignidade, com sentido de dever. Esta é a astúcia
cristã!” – afirmou o Papa.
Este passo do Evangelho – concretizou o Santo Padre
– requer uma escolha: “Nenhum servo pode servir a dois patrões, porque ou
odiará um e amará o outro, ou mesmo se afeiçoará a um e desprezará o outro”. E
o Papa recordou o caso da corrupção:
“Alguns comportam-se com a corrupção como com as
drogas: pensa que pode usá-la e parar quando quiser. Porém, a corrupção vicia e
gera pobreza, exploração e sofrimento. Quando, pelo contrário, procuramos
seguir a lógica evangélica da integridade, da pureza nas intenções e nos
comportamentos, da fraternidade, transformamo-nos em artesãos de justiça e
abrimos horizontes de esperança para a humanidade. Na gratuidade e na doação de
nós mesmos aos irmãos, servimos ao patrão justo: Deus.”
Desta forma, Jesus neste domingo exorta-nos a fazer
uma escolha clara entre Ele e o espírito do mundo, entre a lógica da corrupção
e da cobiça e aquela da retidão e da partilha – declarou Francisco.