domingo, 26 de março de 2017

PAPA APROVA CANONIZAÇÃO DE FRANCISCO E JACINTA MARTO

O Papa Francisco aprovou no passado dia 23 de Março o milagre necessário para a canonização dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, videntes de Fátima, anunciou a sala de imprensa da Santa Sé.
A canonização de Francisco (1908-1919) e Jacinta Marto (1910-1920), beatificados a 13 de maio de 2000 pelo Papa João Paulo II, em Fátima, dependia do reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão.
A data e local para a cerimónia de canonização vão ser decididos num próximo consistório (reunião de cardeais), no Vaticano, marcado para 20 de abril.
A divulgação do decreto que reconhece um milagre atribuído à intercessão dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, "crianças de Fátima", foi feita esta tarde, após uma reunião do Papa com o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
A canonização é a confirmação, por parte da Igreja, que um fiel católico é digno de culto público universal (no caso dos beatos, o culto é diocesano) e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.
Francisco e Jacinta Marto, irmãos pastorinhos que, segundo o testemunho reconhecido pela Igreja Católica, presenciaram as aparições da Virgem Maria na Cova da Iria e arredores, entre maio e outubro de 1917, são os mais jovens beatos não-mártires da história da Igreja Católica.
A postuladora da causa de canonização dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, irmã Ângela Coelho, tinha referido à Agência ECCLESIA que o milagre necessário para a canonização, após a beatificação de 13 de maio de 2000, tinha “todas as condições” para ser validado.
O estudo refere-se a uma cura de uma criança, natural do Brasil.
“É bonito por isto mesmo: duas crianças cuidam de uma criança”, referiu a irmã Ângela Coelho, em entrevista que vai ser transmitida este domingo no Programa '70x7' (RTP2).
Os trâmites processuais para o reconhecimento de um milagre, por parte do Papa, acontecem segundo normas estabelecidas em 1983.
A Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé) promove uma consulta médica sobre a alegada cura, para saber se a mesma é inexplicável à luz da ciência atual, feita por peritos; o caso é depois submetido à avaliação de consultores teológicos e de uma sessão de cardeais e bispos.
A aprovação final depende do Papa, que detém a competência exclusiva de reconhecer uma cura como verdadeiro milagre.
A Igreja celebra a 20 de fevereiro a festa litúrgica dos beatos Francisco e Jacinta Marto, dois dos três pastorinhos videntes de Nossa Senhora, em 1917; a data coincide com a da morte da beata Jacinta Marto. OC 

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO IV DOMINGO DA QUARESMA (ANO A)


Jo 9,1-41 A cura do cego de nascença, narrada pelo Evangelho de João, proposto pela Liturgia do dia, inspirou a alocução do Papa – que precede a oração do Angelus -  neste IV Domingo da Quaresma. “Com este milagre Jesus manifesta-se e manifesta-se a nós como luz do mundo” e que acolhendo novamente nesta Quaresma a luz da fé, “também nós, a partir da nossa pobreza”, sejamos “portadores de um raio da luz de Cristo”, disse Francisco, dirigindo-se aos milhares de fieis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
“O cego de nascença – explicou o Santo Padre -  representa cada um de nós que fomos criados para conhecer Deus, mas por causa do pecado somos como cegos, temos necessidade de uma nova luz, a da fé, que Jesus nos deu”.
Aquele cego do Evangelho, ao readquirir a visão, “abre-se ao mistério de Cristo”, disse o Pontífice, que explicou: “Este episódio nos induz a refletir sobre nossa fé em Cristo, o Filho de Deus, e ao mesmo tempo refere-se também ao Batismo, que é o primeiro Sacramento da fé: o Sacramento que nos faz “vir à luz”, mediante o renascimento da água e do Espírito Santo; assim como acontece ao cego de nascença, ao qual se abrem os olhos após ter sido lavado na água da piscina de Siloé”.
“O cego de nascença curado – completou Francisco -  representa cada um de nós quando não nos damos conta que Jesus é a luz, “a luz do mundo”, quando olhamos para outros lugares, quando preferimos confiar nas pequenas luzes, quando tateamos no escuro”: “O fato de que aquele cego não tenha um nome, nos ajuda a nos refletir com o nosso rosto e o nosso nome na sua história. Também nós fomos “iluminados” por Cristo no Batismo, e portanto somos chamados a comporta-nos como filhos da luz. E comportar-se como filhos da luz exige uma mudança radical de mentalidade, uma capacidade de julgar homens e coisas segundo uma outra escala de valores, que vem de Deus. O Sacramento do Batismo, de fato, exige a escolha firme e decidida de viver como filhos da luz e caminhar na luz”. Mas, o que significa “ter a verdadeira luz, caminhar na luz?”: “Significa, antes de tudo, abandonar as falsas luzes: a luz fria e fátua do preconceito contra os outros, porque o preconceito distorce a realidade e nos enche de aversão contra aqueles que julgamos sem misericórdia e condenamos sem apelo. Isto é pão de todo dia! Quando se fala mal dos outros, não se caminha na luz, se caminha na sombra”.
E Francisco completa: “Outra luz falsa, porque sedutora e ambígua, é aquela do interesse pessoal: se valorizamos homens e coisas baseados em critérios de nossa utilidade, do nosso prazer, do nosso prestígio, não realizamos a verdade nos relacionamentos e nas situações. Se vamos por este caminho do buscar somente o interesse pessoal, caminhamos nas sombras”.
O Papa concluiu, pedindo que a Virgem Santa obtenha para nós “a graça de acolher novamente nesta Quaresma a luz da fé, redescobrindo o dom inestimável do Batismo, que todos nós recebemos. E esta nova iluminação nos transforme nas atitudes e nas ações, para sermos também nós, a partir da nossa pobreza, portadores de um raio da luz de Cristo”.

domingo, 19 de março de 2017

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO III DOMINGO DA QUARESMA (ANO A)

Jo 4,5-42 Referindo-se ao Evangelho deste III Domingo da Quaresma, o Papa Francisco destacou que este nos apresenta o diálogo de Jesus com a Samaritana, contextualizando aquele encontro, descrito numa das páginas mais bonitas do Evangelho.
O encontro dá-se quando Jesus atravessava a Samaria, região entre a Judeia e a Galileia, habitada por pessoas que os Judeus desprezavam, “considerando-as cismáticas e heréticas”, frisou o Santo Padre, observando ter sido propriamente esta população uma das primeiras a aderir à pregação cristã dos Apóstolos.
Enquanto os discípulos vão à cidade procurar alimento, Jesus permanece onde se encontrava o poço de Jacob e ali pede água a uma mulher, que chegara para a tirar. Depois desse pedido tem início um diálogo. “Como é que tu, sendo judeu, me pedes de beber, a mim que sou samaritana?” Jesus respondeu-lhe: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz ‘dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!”, uma água que sacia toda sede e se torna fonte inesgotável no coração de quem a bebe (Jo 4,10-14).”
Ir ao poço tirar água é cansativo e monótono; seria bom ter à disposição uma fonte que jorra água! Mas Jesus fala de uma água diferente, evidenciou Francisco.
Quando a mulher se deu conta de que aquele homem, com quem estava a falar, era um profeta, abriu-se a ele e fez-lhe perguntas religiosas. “A sua sede de afeto e de vida repleta não lhe foi satisfeita pelos cinco maridos que teve, aliás, experimentou desilusões e enganos”, acrescentou o Pontífice. “Por isso a mulher fica impressionada com o grande respeito que Jesus tem por ela e quando Ele lhe fala da verdadeira fé, como relação com Deus Pai ‘em espírito e verdade’, então intui que aquele homem poderia ser o Messias, e Jesus – coisa raríssima – o confirma: ‘Sou eu, que falo contigo’. Ele diz ser o Messias a uma mulher que tinha uma vida tão desordenada”, observou.
Francisco recordou ainda que “a água que dá a vida eterna foi infundida em nossos corações no dia do nosso Batismo”, mediante o qual nos transformou e nos encheu com a sua graça. “Mas pode acontecer que este grande dom o tenhamos esquecido, ou reduzido a um mero acontecimento da nossa vida”, e talvez vamos em busca de “poços” cujas águas não nos saciam, frisou.
“Quando esquecemos a verdadeira água, vamos à procura de poços que não têm águas límpidas. Então este Evangelho é especialmente para nós! Não somente para a Samaritana, mas para nós. Jesus fala-nos como à Samaritana. É claro, já o conhecemos, mas talvez não o tenhamos encontrado pessoalmente.”
Dito isso, o Papa lembrou ainda que este tempo da Quaresma é ocasião propícia para nos aproximarmos d’Ele, para o encontrarmos na oração, num diálogo de coração para coração. Falar com Ele, escutá-lo; é a ocasião para ver o seu rosto também no rosto de um irmão ou de uma irmã que sofre. “Desse modo podemos renovar em nós a graça do Batismo, saciar-nos na fonte da Palavra de Deus e de seu Espírito Santo; e assim descobrir também a alegria de tornar-nos artífices de reconciliação e instrumentos de paz na vida cotidiana.”
“Que a Virgem Maria nos ajude a haurir constantemente à graça, aquela graça que brota da rocha que é Cristo Salvador, a fim de que possamos professar com convicção a nossa fé e anunciar com alegria as maravilhas do amor de Deus, misericordioso e fonte de todo bem”, foi o pedido do Santo Padre concluindo a alocução que precedeu o Angelus.

FESTA DO PAI NOSSO


 A Festa do Pai Nosso realizou-se na Eucaristia de sábado 18 de março às 18h com a presença de 25 crianças que frequentam o 2º catecismo e suas famílias.


 Recomendou-lhes o Padre Hermínio:
Amiguinhos continuai a crescer no amor a Jesus e uns aos outros. Com a ajuda dos vossos Pais, rezai sempre ao Pai do Céu!

"Recebe o Pai Nosso, a oração que Jesus ensinou.
Reza-a todos os dias em sinal de amor ao Pai do Céu!"

domingo, 12 de março de 2017

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO II DOMINGO DA QUARESMA (ANO A)


Mt 17,1-9 “A cruz cristã não é uma mobília ou um ornamento para vestir”. O Papa Francisco quis assim deixar bem claro, na alocução que proferiu, que a Cruz, “é um chamamento ao amor com o qual Jesus se sacrificou para salvar a humanidade do mal e do pecado”.
“Neste tempo quaresmal, contemplemos com devoção a imagem do crucifixo: esse é o símbolo da fé cristã, é o emblema de Jesus, morto e ressuscitado por nós. Façamos de modo a que a cruz marque as etapas do nosso caminho quaresmal para compreender sempre mais a gravidade do pecado e o valor do sacrifício com o qual o Redentor nos salvou”.
Jesus a caminho de Jerusalém, onde deverá sofrer a condenação à morte por crucificação, quer preparar os seus discípulos para este escândalo muito forte para a sua fé e, ao mesmo tempo, preanunciar a sua ressurreição, manifestando-se como o Messias, o Filho de Deus. Na verdade, Jesus estava-se demonstrando um Messias diferente do esperado:
“Não um rei poderoso e glorioso, mas um servo humilde, e desarmado; não um senhor de grande riqueza, sinal de bênção, mas um homem pobre que não tem onde reclinar a cabeça; não um patriarca com numerosa descendência, mas solteiro sem casa e sem ninho. É realmente uma revelação de Deus de cabeça para baixo, e o sinal mais desconcertante desta contradição é a cruz. Mas, precisamente por meio da cruz, Jesus chegará à gloriosa ressurreição”.
Esta é a mensagem de esperança, disse Francisco, que a cruz de Jesus contém. A cruz cristã não é uma mobília da casa ou um ornamento a ser usado, mas um chamamento ao amor com que Jesus se sacrificou para salvar a humanidade do mal e do pecado.
A ressurreição que vai chegar “através da cruz", observou o Papa, “será em última análise, não como a transfiguração que durou um momento, um instante"; e "a Cruz é a porta da ressurreição”.
Fazendo alusão a narração da Transfiguração, o Francisco explicou que “Jesus levou consigo três dos apóstolos, Pedro, Tiago e João, Ele subiu com eles numa alta montanha, e lá aconteceu este fenómeno singular”: o rosto de Jesus “brilhou como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz”. Assim, o Senhor fez resplandecer na sua própria pessoa a glória divina que se podia acolher com fé na sua pregação e nos seus gestos milagrosos.
“A ‘luminosidade’ que caracteriza este evento extraordinário simboliza a sua finalidade: iluminar as mentes e os corações dos discípulos, para que possam compreender claramente quem é o seu Mestre. É um flash de luz que se abre de repente sobre o mistério de Jesus e ilumina toda a sua pessoa e toda a sua história”.
Jesus transfigurado no Monte Tabor quis assim mostrar aos seus discípulos a sua glória não para lhes evitar de passarem através da cruz, mas para lhes indicar para onde leva a cruz. Quem morre com Cristo, com Cristo ressuscitará. Quem luta junto com Ele, com Ele triunfará.
O Papa Francisco concluiu invocando Nossa Senhora, Ela que “soube contemplar a glória de Jesus escondida na sua humanidade”. “Que Ela nos ajude a estar com Ele na oração silenciosa, a nos deixarmos iluminar pela sua presença, para levar no coração, através das noites escuras, um reflexo da sua glória”.

domingo, 5 de março de 2017

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO I DOMINGO DA QUARESMA (ANO A)


Mt 4,1-11 Antes de rezar a oração mariana do Angelus neste final de inverno chuvoso na Praça de São Pedro, o Papa Francisco comentou a passagem do Evangelho de S. Mateus, deste I Domingo da Quaresma, que narra como Jesus venceu as tentações e artimanhas sugeridas pelo Diabo: com a Palavra de Deus.
Naquela ocasião, Jesus enfrentou o diabo ‘corpo a corpo’. Às três tentações de Satanás para tentar impedi-lo de cumprir a sua missão, Ele respondeu com a Palavra e, com a força do Espírito Santo, saiu vitorioso do deserto.
“Por isso – disse o Pontífice – é preciso conhecer bem, ler, meditar e assimilar a Bíblia, pois a Palavra de Deus é sempre ‘atual e eficaz’.
“O que aconteceria se usássemos a Bíblia como usamos o nosso telemóvel? Se a levássemos sempre connosco (ou pelo menos um Evangelho de bolso), o que aconteceria? Se voltássemos quando a esquecemos, se a abríssemos várias vezes por dia; se lêssemos as mensagens de Deus contidas na Bíblia como lemos as mensagens no nosso telemóvel, o que aconteceria?. É uma comparação paradoxal, mas faz pensar...”
“Com efeito, concluiu, se tivéssemos a Palavra de Deus sempre no coração, nenhuma tentação poderia afastar-nos de Deus e nenhum obstáculo poderia desviar-nos do caminho do bem; saberíamos vencer as propostas do Mal que está dentro e fora de nós; e seríamos mais capazes de viver uma vida ressuscitada segundo o Espírito, acolhendo e amando os nossos irmãos, especialmente os mais frágeis e carentes, inclusive os nossos inimigos”.
Depois de rezar o Angelus e abençoar os fiéis, o Papa lembrou que o caminho de conversão da Quaresma requer de nós muita oração, jejum e obras de caridade.

MENSAGEM DE D. JOSÉ ORNELAS - BISPO DE SETÚBAL - PARA A QUARESMA DE 2017

 Mensagem de Quaresma 2017 

"Converter-se em Família"

Celebrar a Quaresma, neste biénio em que a nossa Diocese de Setúbal focaliza a sua atenção no tema da Família, constitui uma ocasião e um desafio de renovação para cada uma das nossas famílias, para as nossas paróquias e para toda a diocese. Converter-se à Família "Converter-se em família" significa, antes de mais, que o caminho de conversão quaresmal, assumido por cada um de nós diante de Deus, tem de começar no relacionamento com os membros da nossa família, aqueles que nos são próximos e com os quais partilhamos o mais importante da vida. Tantas vezes, vivemos na família como se ela fosse simplesmente um endereço postal comum, uma pensão onde passamos a noite e usufruímos de alguns outros serviços funcionais. "Converter-se em família" significa, dirigir para ela a atenção, o coração, o afeto; transformar os relacionamentos frios e simplesmente "funcionais", dando-lhes o calor do amor, do interessar-se, do cuidar, do estar próximo, a começar pelo tempo que dedicamos uns aos outros. A proximidade e o afeto são particularmente importantes quando alguém está fragilizado pela idade, pela doença, pelo desemprego e a precariedade económica, pelas dificuldades da vida. Este é o desafio que se coloca individualmente a cada um de nós: converter-se em família, no sentido de converter-se à família: ao marido, à mulher, aos pais, aos filhos, aos avós e a todos aqueles com quem constituímos esse ninho fundamental da vida. Converter-se como Família "Converter-se em família" quer dizer também que o caminho de conversão não pode ser apenas uma questão individual. Temos de estar juntos como família para que ela mude. Nesta Quaresma, somos chamados a sentar-nos juntos, em família, e decidir que sinais vamos dar, que atitudes vamos assumir para sermos mais família, mais família cristã. A fé tem de ter uma expressão concreta no dia-a-dia da nossa família. Neste sentido, converter-se quer dizer, entre outras coisas, habituar-se a elevar o coração para Deus na oração comum, por exemplo, às refeições; ler diariamente uma passagem da Palavra de Deus que oriente o nosso caminho e alimente a nossa fé. É importante estarmos frente a frente na partilha familiar, mas é igualmente importante voltarmo-nos todos para Deus, nosso Pai comum, no silêncio e na oração da família. Essa presença de Deus no nosso lar, vai ajudar-nos a perdoar uns aos outros como Ele nos perdoa, a superar o egoísmo que impede a nossa comunhão, a criar a alegria que cura e anima os membros da família que se encontram em dificuldade. Vai ajudar-nos a sermos, uns para os outros, as mãos e o rosto de Deus que cuidam e infundem confiança e alegria. 
Que não passe esta Quaresma sem que cada família se ponha de acordo sobre o seu caminho de converter-se como família. Converter-se em Família Solidária A conversão ao Evangelho comporta sempre uma dimensão de atenção aos outros, para além da porta da nossa casa, do círculo dos amigos, da coesão étnica ou nacional. Significa alargar os horizontes da nossa atenção e preocupação ativa à totalidade da família humana, como faz Deus, o Pai comum de toda a família humana. É esse o sentido da penitência e do jejum da Quaresma. É o privar-se de algo de que gostamos e que nos faz falta, para acudir a quem está em maior necessidade. No caminho de cada família, não pode faltar este elemento concreto de conversão que a abre às necessidades de outras famílias, na partilha dos bens e da ajuda fraterna. A Quaresma desafia cada família a fazer este caminho em conjunto com a participação de todos os seus membros, para poupar para quem precisa mais. Converter-se em Família-Igreja "Converter-se em família" tem igualmente um horizonte fundamental que é a família de Deus, a Igreja, que é uma família de famílias. Assim como não se entende uma família em que os membros não se reúnam à mesa, não falem uns com os outros e não se ajudem e amem, assim também não se entende a família de Deus sem que nos reunamos à volta da mesa da Eucaristia, da Palavra que Ele nos dirige, do encontro com os irmãos e irmãs filhos e filhas do mesmo Pai do céu. Embora nunca seja perfeita, a Igreja precisa de todos e de todas as famílias para se renovar, anunciar o Evangelho, colaborar na construção de um mundo mais humano e solidário. Se alguém falta, se faltam famílias, a Família-Igreja não está completa, não realiza o projeto do Senhor, seu Pastor e Mestre. A conversão desta Quaresma, apresenta a cada um de nós o convite e o desafio para estarmos presentes e participarmos ativamente na vida da comunidade paroquial e diocesana, a começar pela participação na Eucaristia dominical e nas atividades quaresmais oferecidas, onde se destaca a celebração do sacramento da reconciliação. Converter-se em Igreja atenta e solidária Como cada uma das nossas famílias, também a nossa Diocese é chamada, em cada Quaresma, a realizar sinais concretos de conversão, na escuta da Palavra, na comunhão fraterna e na partilha dos bens. 
Este ano, entre as várias iniciativas previstas a nível das paróquias e vigararias, desejo sublinhar duas, a nível de toda a diocese:
a) As catequeses quaresmais, que têm como tema a família e que pretendem ajudar-nos a viver com alegria e seriedade a conversão familiar e participar como tal na construção da nossa Igreja e da nossa sociedade. Terão lugar aos domingos, às 16:00 h, nos seguintes locais: 
12 de Março - Santa Maria do Barreiro 
19 de Março - Sé Catedral – Setúbal 
26 de Março - Santuário da Atalaia 
02 de Abril - Santuário de Cristo Rei – Almada 
b) A Renúncia Quaresmal, que pretende reunir aquilo que cada família conseguiu poupar com a sua penitência solidária em favor dos que se encontram em maior necessidade. Cada paróquia terá disponíveis envelopes especiais para recolher estes contributos nos dois últimos domingos da Quaresma, e enviá-los para a Diocese. A exemplo de outros anos, uma parte do produto da Renúncia Quaresmal destina-se a um objetivo interno da diocese e outra a uma necessidade solidária com os que mais desprotegidos. A nível interno, vamos em auxílio da comunidade paroquial de Arrentela, a braços com uma grande dívida, que está a impedir a sua vida e desenvolvimento. A nível externo, o que for recolhido destinar-se-á a constituir um fundo para auxiliar famílias de refugiados que buscam uma vida livre da destruição e da guerra nos seus países. Que o Espírito do Senhor nos conduza, nesta Quaresma, a uma verdadeira conversão das nossas famílias e da nossa Igreja, na escuta da sua Palavra, na oração nas nossas famílias e comunidades, na abertura às necessidades daqueles que nos cercam, tornando-nos ativamente misericordiosos e solidários na construção de um mundo mais humano, fraterno e em paz. 
                                                                                 + José Ornelas Carvalho Bispo de Setúbal