Jo 4,5-42 Referindo-se ao Evangelho deste III Domingo da Quaresma, o Papa Francisco
destacou que este nos apresenta o diálogo de Jesus com a Samaritana,
contextualizando aquele encontro, descrito numa das páginas mais bonitas do
Evangelho.
O encontro dá-se quando Jesus atravessava a
Samaria, região entre a Judeia e a Galileia, habitada por pessoas que os Judeus
desprezavam, “considerando-as cismáticas e heréticas”, frisou o Santo Padre,
observando ter sido propriamente esta população uma das primeiras a aderir à
pregação cristã dos Apóstolos.
Enquanto os discípulos vão à cidade procurar
alimento, Jesus permanece onde se encontrava o poço de Jacob e ali pede água a
uma mulher, que chegara para a tirar. Depois desse pedido tem início um diálogo. “Como
é que tu, sendo judeu, me pedes de beber, a mim que sou samaritana?” Jesus
respondeu-lhe: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz ‘dá-me de
beber’, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!”, uma água que sacia
toda sede e se torna fonte inesgotável no coração de quem a bebe (Jo 4,10-14).”
Ir ao poço tirar água é cansativo e monótono; seria
bom ter à disposição uma fonte que jorra água! Mas Jesus fala de uma água
diferente, evidenciou Francisco.
Quando a mulher se deu conta de que aquele homem,
com quem estava a falar, era um profeta, abriu-se a ele e fez-lhe perguntas
religiosas. “A sua sede de afeto e de vida repleta não lhe foi satisfeita pelos
cinco maridos que teve, aliás, experimentou desilusões e enganos”, acrescentou
o Pontífice. “Por isso a mulher fica impressionada com o grande respeito que
Jesus tem por ela e quando Ele lhe fala da verdadeira fé, como relação com Deus
Pai ‘em espírito e verdade’, então intui que aquele homem poderia ser o
Messias, e Jesus – coisa raríssima – o confirma: ‘Sou eu, que falo contigo’.
Ele diz ser o Messias a uma mulher que tinha uma vida tão desordenada”,
observou.
Francisco recordou ainda que “a água que dá a vida
eterna foi infundida em nossos corações no dia do nosso Batismo”, mediante o
qual nos transformou e nos encheu com a sua graça. “Mas pode acontecer que este
grande dom o tenhamos esquecido, ou reduzido a um mero acontecimento da nossa
vida”, e talvez vamos em busca de “poços” cujas águas não nos saciam, frisou.
“Quando esquecemos a verdadeira água, vamos à
procura de poços que não têm águas límpidas. Então este Evangelho é
especialmente para nós! Não somente para a Samaritana, mas para nós. Jesus fala-nos
como à Samaritana. É claro, já o conhecemos, mas talvez não o tenhamos
encontrado pessoalmente.”
Dito isso, o Papa lembrou ainda que este tempo da
Quaresma é ocasião propícia para nos aproximarmos d’Ele, para o encontrarmos na
oração, num diálogo de coração para coração. Falar com Ele, escutá-lo; é a
ocasião para ver o seu rosto também no rosto de um irmão ou de uma irmã que
sofre. “Desse modo podemos renovar em nós a graça do Batismo, saciar-nos na
fonte da Palavra de Deus e de seu Espírito Santo; e assim descobrir também a
alegria de tornar-nos artífices de reconciliação e instrumentos de paz na vida
cotidiana.”
“Que a Virgem Maria nos ajude a haurir
constantemente à graça, aquela graça que brota da rocha que é Cristo Salvador,
a fim de que possamos professar com convicção a nossa fé e anunciar com alegria
as maravilhas do amor de Deus, misericordioso e fonte de todo bem”, foi o
pedido do Santo Padre concluindo a alocução que precedeu o Angelus.