domingo, 25 de fevereiro de 2018

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO II DOMINGO DA QUARESMA (ANO B)

Mc 9,2-10 Atendendo à liturgia dominical, na alocução que precedeu a oração mariana o Santo Padre ressaltou que o Evangelho deste II Domingo da Quaresma nos convida a contemplar a transfiguração do Jesus. Francisco afirmou que o episódio da transfiguração deve ser relacionado com o que acontecera seis dias antes, quando Jesus tinha revelado aos seus discípulos que em Jerusalém deveria “sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, ser morto e, após três dias, ressuscitar.”
O anúncio colocara em crise Pedro e todo o grupo dos discípulos, que repudiavam a ideia de que Jesus fosse rejeitado pelos chefes do povo e depois morto.
De fato, explicou o Sumo Pontífice, eles esperavam um Messias poderoso, forte, dominador, ao invés, Jesus se apresenta como humilde, manso, servo de Deus, servo dos homens, que deverá dar a sua vida em sacrifício, passando pelo caminho da perseguição, do sofrimento e da morte.
“Mas, como seguir um Mestre e Messias cuja vicissitude terrena se concluiria daquele modo? Assim pensavam eles... E a resposta chega justamente da transfiguração. O que é a transfiguração de Jesus? É uma aparição pascal antecipada.”
A transfiguração ajuda os discípulos, e também a nós, a entender que a paixão de Cristo é um mistério de sofrimento, mas é, sobretudo, um dom de amor, de amor infinito da parte de Jesus. O evento de Jesus que se transfigura no monte faz-nos compreender melhor também a sua ressurreição, continuou Francisco.
 “Para entender o mistério da Cruz é necessário saber antecipadamente que Aquele que sofre e que é glorificado não é somente um homem, mas é o Filho de Deus, que com seu amor fiel até a morte nos salvou. O Pai renova assim sua declaração messiânica sobre o Filho, já feita nas margens do Jordão após o batismo, e exorta: ‘Escutai-o!’
Os discípulos são chamados a seguir o Mestre com confiança - continuou o Papa - e com esperança, apesar da sua morte; a divindade de Jesus deve manifestar-se concretamente na cruz, e mais propriamente no seu morrer “daquele modo”, tanto que o evangelista Marcos coloca na boca do centurião a profissão de fé: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!”

O NOVO PORTAL DOS JESUÍTAS JÁ ESTÁ ONLINE

Já chegou o Ponto SJ.
O novo portal dos Jesuítas em Portugal.
Visite-o em www.pontosj.pt

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

JESUÍTAS LANÇAM DIA 23 DE FEVEREIRO NOVO PORTAL DE COMUNICAÇÃO

Promover o diálogo no espaço público “sem crispação”, e de forma aberta e construtiva, é o objetivo do Ponto SJ. O novo espaço de reflexão e opinião na internet conta com mais de 30 colaboradores nas áreas da política, justiça, educação, cultura e fé.
O novo portal dos jesuítas na internet vai começar a funcionar a partir da próxima sexta-feira, dia 23 de Fevereiro. Para além de divulgar o que fazem as várias instituições ligadas à Companhia de Jesus, o Ponto SJ pretende sobretudo contrariar o tom extremado e agressivo com que hoje se comunica, sobretudo nas redes sociais. Para isso, conta, como já foi referido, com a colaboração de mais de 30 personalidades que, ao longo do próximo ano, irão alimentar o portal com artigos de opinião e reflexões diárias.
Ontem, em entrevista à Renascença, o diretor de comunicação dos jesuítas, padre José Maria Brito, falou da importância deste novo projeto para mostrar que o diálogo entre quem pensa diferente é possível e é fundamental para evitar as “conversas de surdos” a que tantas vezes se assiste na política, no desporto, e até na religião.
Segundo o P. José Maria Brito o Ponto SJ, permitirá aceder aos diferentes sites de diferentes obras e instituições ligadas à Companhia de Jesus, desde os centros universitários, como o CUPAV aqui em Lisboa, à ONG Leigos para o Desenvolvimento, todos vão passar a ter os seus sites agregados neste portal na internet.
Na manhã do dia 23 de Fevereiro, será então lançado o portal a que se pode aceder em www.pontosj.pt. Quem lá for antes pode assinar a Newsletter e pode ir espreitando as notícias sobre o portal na página dos jesuítas no Facebook, em https://www.facebook.com/jesuitasemportugal/
A apresentação deste Portal terá lugar, também no dia 23 de fevereiro, no Teatro da Comuna, às 18 horas.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO I DOMINGO DA QUARESMA (ANO B)


Mc 1,12-15 Sob muita chuva, mas com a Praça São Pedro repleta de fiéis, turistas e romanos, o Papa Francisco rezou a oração do Angelus este domingo (18/02) a qual foi precedida por algumas palavras de reflexão sobre a Quaresma.
Inspirado no Evangelho de Marcos, Francisco propôs os três temas mencionados na leitura do dia: tentação, conversão e Boa Nova.
Assim como Jesus se preparou 40 dias no deserto, posto à prova por Satanás, para vencer as tentações também nós devemos fazer o nosso ‘treino’ espiritual, disse o Papa.
“Somos chamados a enfrentar o mal mediante a oração para sermos capazes, com a ajuda de Deus, de derrotá-lo no nosso dia a dia. Infelizmente, o mal está presente na nossa existência e à nossa volta, aonde existe violência, negação do próximo, fechamentos, guerra e injustiça”.
“Na nossa vida, precisamos sempre de conversão; não somos suficientemente orientados a Deus e devemos continuamente dirigir a nossa mente e o nosso coração a Ele. Para isto, é preciso ter a coragem de recusar tudo o que nos conduz fora do caminho, os falsos valores que atraem o nosso egoísmo”.
Frisando que “a Quaresma é um tempo de penitência, mas não de tristeza”, o Papa lembrou que é um compromisso alegre e sério para nos despojarmos de nosso egoísmo e de velhos vicíos, e renovarmo-nos na graça do Batismo.
“ Somente Deus pode dar-nos a verdadeira felicidade: é inútil perder tempo procurando-a em outros lugares, em riquezas, prazeres, poderes, carreira. ”
"O reino de Deus é a realização de todas as nossas aspirações mais profundas e autênticas porque é, ao mesmo tempo, salvação do homem e glória de Deus”.
 “Que Maria Santíssima nos ajude a viver esta Quaresma com fidelidade à Palavra de Deus e com oração incessante, como fez Jesus no deserto. Não é impossível! Trata-se de viver os dias desejando intensamente acolher o amor que vem de Deus e que quer transformar a nossa vida e o mundo inteiro!”.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

MENSAGEM DE D. JOSÉ ORNELAS (BISPO DE SETÚBAL) PARA A QUARESMA 2018: "A CAMINHO DA PÁSCOA"

Com a celebração das Cinzas, na Quarta-feira, 14 de fevereiro, tem início o tempo especial da Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa do Senhor. Em toda a Igreja, estes 40 dias de peregrinação espiritual e comunitária representam um convite a aprofundar e levar a sério a vida e a fé que lhe dá sentido, tanto a nível pessoal como relacional.
atitude de Quaresma é como a de alguém que se prepara para participar num grande acontecimento desportivo ou numa festa muito significativa de família ou de grupo. A consideração daquilo que está em jogo dá energia para se preparar, vencer obstáculos, envidar esforços e colaborar com os outros para que se alcancem os objetivos em vista. Não se trata de cortar a alegria e o gosto de viver. Pelo contrário, trata-se de dar fundamento à felicidade e à vida, sabendo que isso comporta também renunciar a coisas supérfluas ou contraditórias com os objetivos e esforçar-se como o atleta que se prepara para a competição.
A Igreja propõe, particularmente, três meios concretos para fazer este caminho Quaresmal: a oração centrada na Palavra de Deus, o jejum como exercício de libertação e a esmola como expressão do amor solidário.
Escutar/Ler a Palavra de Deus e dirigir a Ele a nossa palavra na oração é o essencial da vida crente, pois é desse modo que nos abrimos ao amor, à força e à sabedoria de Deus para conduzir a nossa vida. Esta é a primeira atitude de cada pessoa que crê. Neste ano em que tomamos a realidade familiar como centro da nossa vida diocesana, é importante que a Quaresma seja bem utilizada para fazer crescer em nossas casas o espírito de oração. Ao juntar-nos à mesa ou antes de dar as boas noites, é bom que levantemos o coração para o Pai do Céu, que escutemos uma passagem do Evangelho, que O louvemos e peçamos que ilumine e dê sabor e força à nossa vida, à nossa Igreja, ao mundo.
A atitude de jejum é um elemento importante, tanto na alimentação como em outros aspetos da vida. Habitua-nos a saber controlar os nossos desejos e a orientá-los corretamente, de tal modo que não danifiquem a nossa saúde e a nossa vida, atendendo igualmente às necessidades dos outros. Não é apenas um emagrecimento estético; dá-nos uma maior liberdade em relação a nós próprios e uma nova estética humana e moral, na solidariedade para com os que necessitam ainda mais do que nós. Renunciar àquilo que me dá gozo, em favor de alguém, não é apenas uma questão alimentar; é uma atitude de vida, segundo o modelo de Cristo.
A esmola está ligada à atitude de jejum, como expressão do amor solidário para com quem se encontra em dificuldade. Partilhar é seguir o exemplo de Cristo que “sendo rico, se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza” (2Co 8,9). Também aqui, não se trata simplesmente de dar uma moedinha, mas de ter “com-paixão” de quem sofre, de fazer próprias as dificuldades dos outros, de partilhar aquilo que recebemos de Deus. Não é só o dinheiro que conta. Importante é igualmente a “esmola” do tempo que se passa ao lado de alguém, do perdão que se oferece, de um sorriso que ilumina a vida, de um gesto que rompe gelos de desconfiança e de ódio.
Estas são sugestões para agitar a nossa vida e fazer-nos despertar para os outros, para a família, para a comunidade, a paróquia, a Diocese e a Igreja na sua universalidade. Certamente, em cada paróquia, haverá gestos concretos onde nos podemos inserir para caminhar juntos nesta Quaresma, em direção à Páscoa. Procuremos estar atentos e participar, pois a festa da Páscoa deve contar com o contributo de todos.
A nível da nossa Igreja Diocesana, propõem-se dois sinais como expressão desta caminhada:
Como escuta da Palavra de Deus, vamos ler e meditar o Evangelho de São Marcos. Eu próprio orientarei estas sessões destinadas a um estudo reflexivo do primeiro Evangelho, como caminho para a Quaresma da vida. As indicações são as seguintes:
  • Leitura do Evangelho de São Marcos
  • Seminário de São Paulo – Almada
  • À quinta-feira, das 21h00 às 22h45
  • Durante o tempo da Quaresma e da Páscoa
  • Início a 22 de fevereiro
     Como sinal de jejum e esmola solidária, juntaremos aquilo que pusermos de parte durante a Quaresma, individualmente ou em família, e entregaremos nas nossas paróquias, consoante for determinado. O produto dessa partilha será destinado a duas obras de caridade. Uma parte destina-se a ir ao encontro de uma comunidade carenciada que está a surgir no Segundo Torrão – Trafaria. Outra parte destinar-se-á às comunidades cristãs em situação de perseguição e enorme necessidade na Síria e no Iraque. Assim, a nossa renúncia destinar-se-á a:
  • Estrutura de apoio à nova comunidade do Segundo Torrão – Trafaria;
  • Comunidades Cristãs na Síria e no Iraque.
Que o Senhor abençoe e ilumine este nosso percurso quaresmal, revitalizando a nossa vida na comunhão com Ele e guiando as nossas atitudes, na família, na Igreja e na sociedade onde nos inserimos, como testemunhas do seu Evangelho.
Setúbal, 6 de fevereiro de 2018
+ José Ornelas Carvalho
Bispo de Setúbal

CARTA DE AGRADECIMENTO DO P. PAULO TEIA SJ A TODOS OS QUE CONTRIBUIRAM PARA AJUDAR AS CRIANÇAS DE RUA DE TETE

Satemwa – Angónia (12 de Fevereiro de 2018)
em terras da Angónia, onde fui destinado temporariamente depois da minha saída de Tete, escrevo-vos para dar noticias do projecto dos uniformes e material escolar das crianças da rua. O primeiro sentimento é de um profundo agradecimento pela vossa generosidade e entrega a esta causa. Na verdade tivemos o contributo de quarenta e oito amigos e conseguimos ajudar cerca de 50 crianças, algumas delas demos mais que o material escolar (sapatos, roupa, etc.). Todas elas ficaram muito agradecidas e contentes, hoje estão a ir à escola com entusiasmo e brio. Na minha última semana de Tete tive este desafio de reunir as crianças e de comprar todo o material, não foi fácil. O mais difícil foi ter que dizer que não a muitas outras crianças (irmãs ou amigas) que entretanto apareceram. Chegavam a ficar uma manhã inteira à porta da minha casa para receberem um caderno ou um lápis. A miséria é na verdade muita, e as necessidades são de primeira ordem. 

Aproveito para vos enviar algumas fotografias das crianças com pasta e com uniforme para que fiquem familiares com os seus rostos. Elas recebiam primeiro o uniforme e só depois a pasta. Agradeço à Zi por ter usado a sua rede de amigos do facebook para divulgar esta iniciativa assim como aqueles que reenviaram para os seus conhecidos, (fica aqui um agradecimento especial aos grupos de CVX de Évora). 

Ficarei na Angónia até a minha ida a Portugal nas férias e depois estou destinado a trabalhar na Beira num projecto social ainda por desenvolver. Uma vez mais um muito obrigado pela vossa amizade e generosidade, rezo por cada um, vosso amigo e irmão padre Paulo Teia sj




terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

MENSAGEM DO SANTO PADRE PARA A QUARESMA DE 2018


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 2018

«Porque se multiplicará a iniquidade,
vai resfriar o amor de muitos» (
Mt 24, 12)

Amados irmãos e irmãs!

Mais uma vez vamos encontrar-nos com a Páscoa do Senhor! Todos os anos, com a finalidade de nos preparar para ela, Deus na sua providência oferece-nos a Quaresma, «sinal sacramental da nossa conversão»,[1] que anuncia e torna possível voltar ao Senhor de todo o coração e com toda a nossa vida.
Com a presente mensagem desejo, este ano também, ajudar toda a Igreja a viver, neste tempo de graça, com alegria e verdade; faço-o deixando-me inspirar pela seguinte afirmação de Jesus, que aparece no evangelho de Mateus: «Porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos» (24, 12).
Esta frase situa-se no discurso que trata do fim dos tempos, pronunciado em Jerusalém, no Monte das Oliveiras, precisamente onde terá início a paixão do Senhor. Dando resposta a uma pergunta dos discípulos, Jesus anuncia uma grande tribulação e descreve a situação em que poderia encontrar-se a comunidade dos crentes: à vista de fenómenos espaventosos, alguns falsos profetas enganarão a muitos, a ponto de ameaçar apagar-se, nos corações, o amor que é o centro de todo o Evangelho.

Os falsos profetas
Escutemos este trecho, interrogando-nos sobre as formas que assumem os falsos profetas?
Uns assemelham-se a «encantadores de serpentes», ou seja, aproveitam-se das emoções humanas para escravizar as pessoas e levá-las para onde eles querem. Quantos filhos de Deus acabam encandeados pelas adulações dum prazer de poucos instantes que se confunde com a felicidade! Quantos homens e mulheres vivem fascinados pela ilusão do dinheiro, quando este, na realidade, os torna escravos do lucro ou de interesses mesquinhos! Quantos vivem pensando que se bastam a si mesmos e caem vítimas da solidão!
Outros falsos profetas são aqueles «charlatães» que oferecem soluções simples e imediatas para todas as aflições, mas são remédios que se mostram completamente ineficazes: a quantos jovens se oferece o falso remédio da droga, de relações passageiras, de lucros fáceis mas desonestos! Quantos acabam enredados numa vida completamente virtual, onde as relações parecem mais simples e ágeis, mas depois revelam-se dramaticamente sem sentido! Estes impostores, ao mesmo tempo que oferecem coisas sem valor, tiram aquilo que é mais precioso como a dignidade, a liberdade e a capacidade de amar. É o engano da vaidade, que nos leva a fazer a figura de pavões para, depois, nos precipitar no ridículo; e, do ridículo, não se volta atrás. Não nos admiremos! Desde sempre o demónio, que é «mentiroso e pai da mentira» (Jo 8, 44), apresenta o mal como bem e o falso como verdadeiro, para confundir o coração do homem. Por isso, cada um de nós é chamado a discernir, no seu coração, e verificar se está ameaçado pelas mentiras destes falsos profetas. É preciso aprender a não se deter no nível imediato, superficial, mas reconhecer o que deixa dentro de nós um rasto bom e mais duradouro, porque vem de Deus e visa verdadeiramente o nosso bem.

Um coração frio
Na Divina Comédia, ao descrever o Inferno, Dante Alighieri imagina o diabo sentado num trono de gelo;[2] habita no gelo do amor sufocado. Interroguemo-nos então: Como se resfria o amor em nós? Quais são os sinais indicadores de que o amor corre o risco de se apagar em nós?
O que apaga o amor é, antes de mais nada, a ganância do dinheiro, «raiz de todos os males» (1 Tm 6, 10); depois dela, vem a recusa de Deus e, consequentemente, de encontrar consolação n'Ele, preferindo a nossa desolação ao conforto da sua Palavra e dos Sacramentos.[3] Tudo isto se permuta em violência que se abate sobre quantos são considerados uma ameaça para as nossas «certezas»: o bebé nascituro, o idoso doente, o hóspede de passagem, o estrangeiro, mas também o próximo que não corresponde às nossas expetativas.
A própria criação é testemunha silenciosa deste resfriamento do amor: a terra está envenenada por resíduos lançados por negligência e por interesses; os mares, também eles poluídos, devem infelizmente guardar os despojos de tantos náufragos das migrações forçadas; os céus – que, nos desígnios de Deus, cantam a sua glória – são sulcados por máquinas que fazem chover instrumentos de morte.
E o amor resfria-se também nas nossas comunidades: na Exortação apostólica Evangelii gaudium procurei descrever os sinais mais evidentes desta falta de amor. São eles a acédia egoísta, o pessimismo estéril, a tentação de se isolar empenhando-se em contínuas guerras fratricidas, a mentalidade mundana que induz a ocupar-se apenas do que dá nas vistas, reduzindo assim o ardor missionário.[4]

Que fazer?
Se porventura detetamos, no nosso íntimo e ao nosso redor, os sinais acabados de descrever, saibamos que, a par do remédio por vezes amargo da verdade, a Igreja, nossa mãe e mestra, nos oferece, neste tempo de Quaresma, o remédio doce da oração, da esmola e do jejum.
Dedicando mais tempo à oração, possibilitamos ao nosso coração descobrir as mentiras secretas, com que nos enganamos a nós mesmos,[5] para procurar finalmente a consolação em Deus. Ele é nosso Pai e quer para nós a vida.
A prática da esmola liberta-nos da ganância e ajuda-nos a descobrir que o outro é nosso irmão: aquilo que possuo, nunca é só meu. Como gostaria que a esmola se tornasse um verdadeiro estilo de vida para todos! Como gostaria que, como cristãos, seguíssemos o exemplo dos Apóstolos e víssemos, na possibilidade de partilhar com os outros os nossos bens, um testemunho concreto da comunhão que vivemos na Igreja. A este propósito, faço minhas as palavras exortativas de São Paulo aos Coríntios, quando os convidava a tomar parte na coleta para a comunidade de Jerusalém: «Isto é o que vos convém» (2 Cor 8, 10). Isto vale de modo especial na Quaresma, durante a qual muitos organismos recolhem coletas a favor das Igrejas e populações em dificuldade. Mas como gostaria também que no nosso relacionamento diário, perante cada irmão que nos pede ajuda, pensássemos: aqui está um apelo da Providência divina. Cada esmola é uma ocasião de tomar parte na Providência de Deus para com os seus filhos; e, se hoje Ele Se serve de mim para ajudar um irmão, como deixará amanhã de prover também às minhas necessidades, Ele que nunca Se deixa vencer em generosidade?[6]
Por fim, o jejum tira força à nossa violência, desarma-nos, constituindo uma importante ocasião de crescimento. Por um lado, permite-nos experimentar o que sentem quantos não possuem sequer o mínimo necessário, provando dia a dia as mordeduras da fome. Por outro, expressa a condição do nosso espírito, faminto de bondade e sedento da vida de Deus. O jejum desperta-nos, torna-nos mais atentos a Deus e ao próximo, reanima a vontade de obedecer a Deus, o único que sacia a nossa fome.
Gostaria que a minha voz ultrapassasse as fronteiras da Igreja Católica, alcançando a todos vós, homens e mulheres de boa vontade, abertos à escuta de Deus. Se vos aflige, como a nós, a difusão da iniquidade no mundo, se vos preocupa o gelo que paralisa os corações e a ação, se vedes esmorecer o sentido da humanidade comum, uni-vos a nós para invocar juntos a Deus, jejuar juntos e, juntamente connosco, dar o que puderdes para ajudar os irmãos!

O fogo da Páscoa
Convido, sobretudo os membros da Igreja, a empreender com ardor o caminho da Quaresma, apoiados na esmola, no jejum e na oração. Se por vezes parece apagar-se em muitos corações o amor, este não se apaga no coração de Deus! Ele sempre nos dá novas ocasiões, para podermos recomeçar a amar.
Ocasião propícia será, também este ano, a iniciativa «24 horas para o Senhor», que convida a celebrar o sacramento da Reconciliação num contexto de adoração eucarística. Em 2018, aquela terá lugar nos dias 9 e 10 de março – uma sexta-feira e um sábado –, inspirando -se nestas palavras do Salmo 130: «Em Ti, encontramos o perdão» (v. 4). Em cada diocese, pelo menos uma igreja ficará aberta durante 24 horas consecutivas, oferecendo a possibilidade de adoração e da confissão sacramental.
Na noite de Páscoa, reviveremos o sugestivo rito de acender o círio pascal: a luz, tirada do «lume novo», pouco a pouco expulsará a escuridão e iluminará a assembleia litúrgica. «A luz de Cristo, gloriosamente ressuscitado, nos dissipe as trevas do coração e do espírito»,[7] para que todos possamos reviver a experiência dos discípulos de Emaús: ouvir a palavra do Senhor e alimentar-nos do Pão Eucarístico permitirá que o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança e amor.
Abençoo-vos de coração e rezo por vós. Não vos esqueçais de rezar por mim.

Vaticano, 1 de Novembro de 2017
Solenidade de Todos os Santos

Francisco

domingo, 11 de fevereiro de 2018

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO VI DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO B)


Mc 1 ,40-45 “Nestes domingos, o Evangelho, segundo a narração de Marcos, apresenta-nos Jesus que cura os doentes de todos os tipos. Neste contexto, se insere bem o Dia Mundial dos Enfermos que se celebra precisamente hoje, 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes. Portanto, com o olhar do coração dirigido à gruta de Massabielle, contemplamos Jesus como o verdadeiro médico dos corpos e das almas, que Deus Pai enviou ao mundo para curar a humanidade, marcada pelo pecado e suas consequências”. Com essas palavras o Papa Francisco iniciou a sua alocução que precedeu a oração mariana do Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro, no Vaticano.
O estigma social nunca nos deve afastar daqueles que sofrem. “Nenhuma doença é causa de impureza: a doença certamente envolve toda a pessoa, mas de modo algum afeta ou impede o seu relacionamento com Deus. Pelo contrário, uma pessoa doente pode estar ainda mais unida a Deus”, disse o Papa Francisco.
“O pecado, esse sim nos torna impuros!”, disse o Pontífice enfatizando que “o egoísmo, o orgulho, o entrar no mundo da corrupção, essas são doenças do coração das quais é preciso sermos purificados. Para isso é preciso dirigirmo-nos a Jesus como o leproso: ‘Se queres, tens o poder de purificar-me'. O leproso dirigiu-se assim a Jesus e “Jesus ao ouvir isso - disse o Papa – sente compaixão. Esta atitude é muito importante para fixar a atenção sobre essa ressonância interna de Jesus, como fizemos longamente durante o Jubileu da Misericórdia. Não se entende a obra de Cristo, não se entende o próprio Cristo, se não entrarmos no seu coração cheio de compaixão. É isso que o leva a estender a mão ao homem que sofre de lepra, tocá-lo e dizer-lhe: “Eu quero, fica purificado”. 
“No Antigo Testamento – recordou Francisco - era considerado uma grave impureza e comportava a separação do leproso da comunidade. A sua condição era realmente dolorosa, porque a mentalidade do tempo o fazia sentir-se impuro diante de Deus e dos homens”.
Segundo o Papa, “o fato mais perturbador é que Jesus toca o leproso, porque isso era absolutamente proibido pela lei mosaica. Tocar um leproso significava ser também contagiado, não só exteriormente mas também dentro, no espírito, isto é, tornar-se impuro. Mas, neste caso, o influxo não vai do leproso a Jesus para transmitir o contágio, mas de Jesus ao leproso para dar-lhe a purificação. Nesta cura, admiramos, além da compaixão, também a audácia de Jesus, que não se preocupa nem com o contágio, nem com as prescrições, mas é movido somente pela vontade de libertar aquele homem da maldição que o oprime”.
Então o Papa pediu aos fiéis presentes na Praça São Pedro para fazerem um exame de consciência e depois repetirem com ele as palavras do leproso: ‘Se quiseres, tens o poder de purificar-me'. “Toda vez que nos aproximamos do sacramento da Reconciliação com o coração arrependido, o Senhor – explicou Francisco – repete-nos também: “Eu quero, fica purificado!”. Assim a lepra do pecado desaparece, voltamos a viver com alegria o nosso relacionamento filial com Deus e somos readmitidos plenamente na comunidade”.
Francisco concluiu invocando a intercessão da Virgem Maria, Nossa Mãe Imaculada: “Peçamos ao Senhor, que trouxe a saúde aos enfermos, que cure também as nossas feridas internas com a sua infinita misericórdia, para assim nos dar novamente a esperança e a paz do coração”.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Mensagem do Papa Francisco para o XXVI Dia Mundial do Doente 2018

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE FRANCISCO
PARA O XXVI DIA MUNDIAL DO DOENTE

(11 DE FEVEREIRO DE 2018)

Mater Ecclesiae: «“Eis o teu filho! (…) Eis a tua mãe!”
E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua»
(Jo 19, 26-27)
Queridos irmãos e irmãs!
O serviço da Igreja aos doentes e a quantos cuidam deles deve continuar, com vigor sempre renovado, por fidelidade ao mandato do Senhor (cf. Lc 9, 2-6, Mt 10, 1-8; Mc 6, 7-13) e seguindo o exemplo muito eloquente do seu Fundador e Mestre.
Este ano, o tema do Dia do Doente é tomado das palavras que Jesus, do alto da cruz, dirige a Maria, sua mãe, e a João: «“Eis o teu filho! (…) Eis a tua mãe!” E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-A como sua» (Jo 19, 26-27).
1. Estas palavras do Senhor iluminam profundamente o mistério da Cruz. Esta não representa uma tragédia sem esperança, mas o lugar onde Jesus mostra a sua glória e deixa amorosamente as suas últimas vontades, que se tornam regras constitutivas da comunidade cristã e da vida de cada discípulo.
Em primeiro lugar, as palavras de Jesus dão origem à vocação materna de Maria em relação a toda a humanidade. Será, de uma forma particular, a mãe dos discípulos do seu Filho e cuidará deles e do seu caminho. E, como sabemos, o cuidado materno dum filho ou duma filha engloba tanto os aspetos materiais como os espirituais da sua educação.
O sofrimento indescritível da cruz trespassa a alma de Maria (cf. Lc 2, 35), mas não a paralisa. Pelo contrário, lá começa para Ela um novo caminho de doação, como Mãe do Senhor. Na cruz, Jesus preocupa-Se com a Igreja e toda a humanidade, e Maria é chamada a partilhar esta mesma preocupação. Os Atos dos Apóstolos, ao descrever a grande efusão do Espírito Santo no Pentecostes, mostram-nos que Maria começou a desempenhar a sua tarefa na primeira comunidade da Igreja. Uma tarefa que não mais terá fim.
2. O discípulo João, o amado, representa a Igreja, povo messiânico. Ele deve reconhecer Maria como sua própria mãe. E, neste reconhecimento, é chamado a recebê-La, contemplar n’Ela o modelo do discipulado e também a vocação materna que Jesus Lhe confiou incluindo as preocupações e os projetos que isso implica: a Mãe que ama e gera filhos capazes de amar segundo o mandamento de Jesus. Por isso a vocação materna de Maria, a vocação de cuidar dos seus filhos, passa para João e toda a Igreja. Toda a comunidade dos discípulos fica envolvida na vocação materna de Maria.
3. João, como discípulo que partilhou tudo com Jesus, sabe que o Mestre quer conduzir todos os homens ao encontro do Pai. Pode testemunhar que Jesus encontrou muitas pessoas doentes no espírito, porque cheias de orgulho (cf. Jo 8, 31-39), e doentes no corpo (cf. Jo 5, 6). A todos, concedeu misericórdia e perdão e, aos doentes, também a cura física, sinal da vida abundante do Reino, onde se enxugam todas as lágrimas. Como Maria, os discípulos são chamados a cuidar uns dos outros; mas não só: eles sabem que o Coração de Jesus está aberto a todos, sem exclusão. A todos deve ser anunciado o Evangelho do Reino, e a caridade dos cristãos deve estender-se a todos quantos passam necessidade, simplesmente porque são pessoas, filhos de Deus.
4. Esta vocação materna da Igreja para com as pessoas necessitadas e os doentes concretizou-se, ao longo da sua história bimilenária, numa série riquíssima de iniciativas a favor dos enfermos. Esta história de dedicação não deve ser esquecida. Continua ainda hoje, em todo o mundo. Nos países onde existem sistemas de saúde pública suficientes, o trabalho das congregações católicas, das dioceses e dos seus hospitais, além de fornecer cuidados médicos de qualidade, procura colocar a pessoa humana no centro do processo terapêutico e desenvolve a pesquisa científica no respeito da vida e dos valores morais cristãos. Nos países onde os sistemas de saúde são insuficientes ou inexistentes, a Igreja esforça-se por oferecer às pessoas o máximo possível de cuidados da saúde, por eliminar a mortalidade infantil e debelar algumas pandemias. Em todo o lado, ela procura cuidar, mesmo quando não é capaz de curar. A imagem da Igreja como «hospital de campo», acolhedora de todos os que são feridos pela vida, é uma realidade muito concreta, porque, nalgumas partes do mundo, os hospitais dos missionários e das dioceses são os únicos que fornecem os cuidados necessários à população.
5. A memória da longa história de serviço aos doentes é motivo de alegria para a comunidade cristã e, de modo particular, para aqueles que atualmente desempenham esse serviço. Mas é preciso olhar o passado sobretudo para com ele nos enriquecermos. Dele devemos aprender: a generosidade até ao sacrifício total de muitos fundadores de institutos ao serviço dos enfermos; a criatividade, sugerida pela caridade, de muitas iniciativas empreendidas ao longo dos séculos; o empenho na pesquisa científica, para oferecer aos doentes cuidados inovadores e fiáveis. Esta herança do passado ajuda a projetar bem o futuro. Por exemplo, a preservar os hospitais católicos do risco duma mentalidade empresarial, que em todo o mundo quer colocar o tratamento da saúde no contexto do mercado, acabando por descartar os pobres. Ao contrário, a inteligência organizativa e a caridade exigem que a pessoa do doente seja respeitada na sua dignidade e sempre colocada no centro do processo de tratamento. Estas orientações devem ser assumidas também pelos cristãos que trabalham nas estruturas públicas, onde são chamados a dar, através do seu serviço, bom testemunho do Evangelho.
6. Jesus deixou, como dom à Igreja, o seu poder de curar: «Estes sinais acompanharão aqueles que acreditarem: (...) hão de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados» (Mc 16, 17.18). Nos Atos dos Apóstolos, lemos a descrição das curas realizadas por Pedro (cf. At 3, 4-8) e por Paulo (cf. At 14, 8-11). Ao dom de Jesus corresponde o dever da Igreja, bem ciente de que deve pousar, sobre os doentes, o mesmo olhar rico de ternura e compaixão do seu Senhor. A pastoral da saúde permanece e sempre permanecerá um dever necessário e essencial, que se há de viver com um ímpeto renovado começando pelas comunidades paroquiais até aos centros de tratamento de excelência. Não podemos esquecer aqui a ternura e a perseverança com que muitas famílias acompanham os seus filhos, pais e parentes, doentes crónicos ou gravemente incapacitados. Os cuidados prestados em família são um testemunho extraordinário de amor pela pessoa humana e devem ser apoiados com o reconhecimento devido e políticas adequadas. Portanto, médicos e enfermeiros, sacerdotes, consagrados e voluntários, familiares e todos aqueles que se empenham no cuidado dos doentes, participam nesta missão eclesial. É uma responsabilidade compartilhada, que enriquece o valor do serviço diário de cada um.
7. A Maria, Mãe da ternura, queremos confiar todos os doentes no corpo e no espírito, para que os sustente na esperança. A Ela pedimos também que nos ajude a ser acolhedores para com os irmãos enfermos. A Igreja sabe que precisa duma graça especial para conseguir fazer frente ao seu serviço evangélico de cuidar dos doentes. Por isso, unamo-nos todos numa súplica insistente elevada à Mãe do Senhor, para que cada membro da Igreja viva com amor a vocação ao serviço da vida e da saúde. A Virgem Maria interceda por este XXVI Dia Mundial do Doente, ajude as pessoas doentes a viverem o seu sofrimento em comunhão com o Senhor Jesus, e ampare aqueles que cuidam delas. A todos, doentes, agentes de saúde e voluntários, concedo de coração a Bênção Apostólica.
Vaticano, 26 de novembro – Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo – de 2017.
Franciscus

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

PARÓQUIA DE S. FRANCISCO XAVIER DE CAPARICA NO DIA DIOCESANO DOS CATEQUISTAS, NO SANTUÁRIO DE CRISTO REI

O Dia Diocesano dos Catequistas realizou-se este ano no Santuário de Cristo Rei. O tema deste dia (04/02) foi a família. De manhã, houve apresentação de trabalhos, das diferentes Vigararias, sobre o tema e muitos exercícios animados.

À tarde pelas 16h tivémos a Missa presidida pelo Sr. Bispo de Setúbal. Durante a Celebração, D. José Ornelas sublinhou que Deus confiou aos Catequistas um serviço: o serviço da Boa Nova e pediu a Deus que aqueça os seus corações para que possam aquecer outros também. 


A animação da celebração esteve a cargo do Grupo Coral FranXiscos da Paróquia de S. Francisco Xavier de Caparica, que animou e encantou tudo e todos.



A Paróquia esteve representada por um número significativo de catequistas, mas nem todos couberam na foto de grupo.



domingo, 4 de fevereiro de 2018

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO V DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO B)


Mc 1, 29-39 Dirigindo-se aos milhares de fiéis e turistas presentes na Praça São Pedro neste V Domingo do Tempo Comum para o Angelus, o Papa Francisco recordou que se a estrada foi o lugar do alegre anúncio do Evangelho do filho de Deus, também deverá ser o caminho de cada cristão e da Igreja.
O Evangelho de Marcos proposto para este domingo, “destaca a relação entre a atividade taumatúrgica de Jesus e o despertar da fé nas pessoas que encontra”.
“Com os sinais de cura que realiza pelos doentes de todo tipo, o Senhor quer suscitar, como resposta, a fé”, sublinhou o Papa.
O dia de Jesus em Cafarnaum, segundo São Marcos, “começa com a cura da sogra de Pedro e termina com a cena das pessoas de toda a cidadezinha que se comprimiam diante da casa onde ele se alojava, para levar a ele todos os doentes”. 
“A multidão, marcada por sofrimentos físicos e por misérias espirituais, constitui, por assim dizer, “o ambiente vital” em que se realiza a missão de Jesus, feita de palavras e de gestos que curam e consolam”:
“Jesus não veio para trazer a salvação num laboratório; Ele não faz uma pregação de laboratório, separado das pessoas: Ele está no meio da multidão! No meio do povo! Pensem que a maior parte da vida pública de Jesus foi passada na estrada, entre as pessoas, para pregar o Evangelho, para curar as feridas físicas e espirituais”.
E é a esta pobre humanidade, marcada pelos sofrimentos, que “é dirigida à ação poderosa, libertadora e renovadora de Jesus”.
Antes do amanhecer do dia seguinte – recordou o Papa – Jesus sai sem ser visto pela porta da cidade “e retira-se para um lugar afastado para rezar. Jesus reza, também para “subtrair a sua pessoa e a sua missão de uma visão triunfalista”, que poderia ficar subentendida em função dos milagres e do seu poder carismático:
Os milagres, de fato, são “sinais” que convidam a uma resposta de fé; sinais que sempre são acompanhados por palavras, que os iluminam; e juntos, sinais e palavras, provocam a fé e a conversão pela força divina da graça de Cristo”.
“A conclusão da passagem de hoje – prosseguiu Francisco - indica que o anúncio do Reino de Deus por parte de Jesus encontra o seu lugar mais precisamente na estrada”.
Os discípulos queriam levar Jesus de volta para a cidade, mas Ele convida-os a ir “a outros lugares, às aldeias das redondezas! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”:
Este foi o caminho do filho de Deus e este será o caminho de seus discípulos. E deverá ser o caminho de cada cristão. A estrada como lugar do alegre anúncio do Evangelho, coloca a missão da Igreja sob o signo do “andar”, a Igreja em caminho, sob o sinal do “movimento” e nunca da estaticidade”.
“Que a Virgem Maria  - concluiu o Papa - nos ajude a sermos abertos à voz do Espírito Santo, que impele a Igreja a colocar sempre mais a própria tenda no meio das pessoas para levar a todos a palavra curadora de Jesus, médico das almas e dos corpos”.