Na sua homilia o Santo Padre começou por lançar a
sua atenção para a segunda leitura deste domingo – o XXVI domingo do tempo
comum - retirada da Epístola de S. Paulo a Timóteo onde S. Paulo “não recomenda
uma multidão de pontos e aspetos, mas sublinha o centro da fé. Este centro à
volta do qual tudo gira, este coração pulsante que a tudo dá vida é o anúncio
pascal, o primeiro anúncio: O Senhor Jesus ressuscitou” – disse Francisco que
sublinhou o novo mandamento no qual nos faz pensar Paulo: «Que vos ameis uns
aos outros como Eu vos amei». E é só “amando que se anuncia Deus-Amor”.
“Anuncia-se Deus, encontrando as pessoas, com
atenção à sua história e ao seu caminho. Porque o Senhor não é uma ideia, mas
uma Pessoa viva: a sua mensagem comunica-se através do testemunho simples e
verdadeiro, da escuta e acolhimento, da alegria que se irradia. Não se fala bem
de Jesus, quando nos mostramos tristes; nem se transmite a beleza de Deus
limitando-nos a fazer bonitos sermões. O Deus da esperança anuncia-Se vivendo
no dia-a-dia o Evangelho da caridade, sem medo de o testemunhar inclusive com
novas formas de anúncio.”
Neste momento da sua homilia o Papa Francisco
referiu a parábola que o Evangelho de S. Lucas nos conta neste domingo, na qual
um homem rico não repara em Lázaro, um pobre que «jazia ao seu portão». “Na
realidade, este rico não faz mal a ninguém, não se diz que é mau” – disse o
Santo Padre – “e todavia tem uma enfermidade pior que a de Lázaro, apesar de este
estar «coberto de chagas»: este rico sofre duma forte cegueira, porque não
consegue olhar para além do seu mundo, feito de banquetes e roupa fina. Não vê
mais além da porta de sua casa, onde jazia Lázaro, porque não se importa com o
que acontece lá fora. Não vê com os olhos, porque não sente com o coração. No
seu coração, entrou a mundanidade que anestesia a alma. A mundanidade é como um
«buraco negro» que engole o bem, que apaga o amor, que absorve tudo no próprio
eu” – observou o Papa.
Aparência e indiferença, são razões para a “grave
cegueira” de quem “olha com reverência as pessoas famosas, de alto nível,
admiradas pelo mundo, e afasta o olhar dos inúmeros Lázaros de hoje, dos pobres
e dos doentes, que são os prediletos do Senhor” – declarou Francisco.
Mas Deus não esquece Lázaro e acolhe-o “no banquete
do seu Reino, juntamente com Abraão, numa rica comunhão de afetos” –disse o
Papa que, falando para os catequistas, sublinhou que “como servidores da
palavra de Jesus, somos chamados a não ostentar aparência, nem procurar glória;
não podemos sequer ser tristes e lastimosos”. “Não sejamos profetas da
desgraça” – afirmou:
“Não sejamos profetas da desgraça, que se comprazem
em lobrigar perigos ou desvios; não sejamos pessoas que vivem entrincheiradas
nos seus ambientes, proferindo juízos amargos sobre a sociedade, sobre a
Igreja, sobre tudo e todos, poluindo o mundo de negatividade. O ceticismo
lamentoso não se coaduna a quem vive familiarizado com a Palavra de Deus.”
“Quem anuncia a esperança de Jesus é portador de
alegria e vê longe, porque sabe olhar para além do mal e dos problemas. Ao
mesmo tempo, vê bem ao perto, porque está atento ao próximo e às suas
necessidades” – declarou Francisco, que no final da sua homilia sublinhou que
“face aos inúmeros Lázaros que vemos, somos chamados a inquietar-nos, a
encontrar formas de os atender e ajudar, sem delegar sempre a outras pessoas
nem dizer: «Ajudar-te-ei amanhã». O tempo gasto a socorrer é tempo dado a
Jesus, é amor que permanece”.
“Concluindo, que o Senhor nos dê a graça de sermos
renovados cada dia pela alegria do primeiro anúncio: Jesus ama-nos
pessoalmente! Que Ele nos dê a força de viver e anunciar o mandamento do amor,
vencendo a cegueira da aparência e as tristezas mundanas. Que nos torne
sensíveis aos pobres, que não são um apêndice do Evangelho, mas página central,
sempre aberta diante de nós.”
No fim da Eucaristia, o Papa agradeceu a todos os
catequistas presentes pelo “empenho na Igreja ao serviço da evangelização, na
transmissão da fé”. O Jubileu dos Catequistas contou a participação de
700 portugueses.