Mc 14, 1 –
15,47 Na sua homilia, o Papa propôs uma reflexão evocando os sentimentos
contrastantes de discípulos e fariseus quando Jesus entra em Jerusalém.
“Nesta celebração, parecem cruzar-se histórias de
alegria e sofrimento, de erros e sucessos que fazem parte da nossa vida diária
como discípulos, porque consegue revelar sentimentos e contradições que hoje em
dia, com frequência, aparecem também em nós, homens e mulheres deste tempo:
capazes de amar muito... mas também de odiar (e muito!); capazes de sacrifícios
heroicos mas também de saber ‘lavar as mãos’ no momento oportuno; capazes de
fidelidade, mas também de grandes abandonos e traições”.
Nesta narração evangélica fica evidente que a
alegria suscitada em alguns, por Jesus, é motivo de incômodo e irritação para
outros.
A alegria é a de tantos pecadores perdoados que
reencontraram ousadia e esperança; e o desconforto é o daqueles que se
consideram justos e ‘fiéis’ à lei e aos preceitos rituais.
“Como é difícil, para quem procura justificar-se
e salvar-se a si mesmo, compreender a alegria e a festa da misericórdia de
Deus! Como é difícil, para quantos confiam apenas nas suas próprias forças e se
sentem superiores aos outros, poder compartilhar esta alegria! ”
O Papa lembrou o grito ‘Crucifica-O!’ emerso entre
o povo: a voz de quem manipula a realidade criando uma versão favorável a si
próprio e não tem problemas em ‘tramar’ os outros para ele mesmo se ver livre.
O grito de quem não tem escrúpulos em procurar os meios para reforçar a sua
posição e silenciar as vozes dissonantes”.
É o grito de quem deseja defender a sua posição,
desacreditando especialmente quem não se pode defender. É o grito produzido
pelas ‘intrigas’ da autossuficiência, do orgulho e da soberba, que proclama sem
problemas: “crucifica-O, crucifica-O!”. “É o grito que pretende cancelar a
compaixão.”
Mas, ressaltou o Pontífice, perante todas estas
vozes que gritam, o melhor antídoto é olhar a cruz de Cristo e deixar-se
interpelar pelo seu último grito. Cristo morreu, gritando o seu amor por cada
um de nós: por jovens e idosos, santos e pecadores, amor pelos do seu tempo e
pelos do nosso tempo.