Jo 2, 13-25 "Não fazer da nossa alma e da casa de Deus um
comércio": foi a advertência que o Papa Francisco fez antes de rezar com
os fiéis e peregrinos na Praça S. Pedro a oração mariana do Angelus
(04/03).
Neste III domingo da Quaresma, o Pontífice comentou
o episódio do Evangelho de João em que Jesus expulsa os vendedores do
templo de Jerusalém. Um gesto feito com firmeza, com a ajuda de um chicote de
cordas para derrubar as mesas. Nesta atitude aparentemente violenta, Jesus diz:
«Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!»
A ação de Cristo foi interpretada como típica dos
profetas, explicou o Papa, os quais com frequência denunciavam, em nome de
Deus, abusos e excessos. A questão que se colocou foi a da autoridade. De fato,
os judeus perguntaram-lhe: «Que sinal nos dás de que podes agir assim?».
Os seus discípulos, por sua vez, serviram-se de um
texto bíblico extraído do Salmo 69 para interpretar esta atitude: «O zelo pela
tua casa me devorará». "O zelo pelo Pai e por sua casa levará Jesus até a
cruz: o seu é o zelo do amor que leva ao sacrifício de si.", disse
Francisco.
De fato, o “sinal” que Jesus dará como prova da sua
autoridade será justamente a sua morte e ressurreição: «Destruí este templo –
diz – e em três dias eu o levantarei». Com a Páscoa de Jesus, acrescentou o
Papa, "tem início um novo culto, o culto do amor, e um novo templo que é
Ele próprio".
Para Francisco, a atitude de Jesus nos exorta a
viver a nossa vida não em busca de vantagens e interesses, mas da glória de
Deus .
“ Somos chamados a ter sempre presentes aquelas
palavras fortes de Jesus «Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!»
É muito feio quando a Igreja escorrega nesta atitude de fazer da casa de Deus
um mercado. Essas palavras nos ajudam a refutar o perigo de fazer da nossa
alma, que é morada de Deus, um lugar de comércio, vivendo na busca contínua da
nossa recompensa. ”
O Pontífice recorda que este ensinamento de Jesus é
sempre atual, não somente para as comunidades eclesiais, mas também para os
indivíduos, para as comunidades civis e para toda a sociedade.
De fato, disse ainda o Papa, é comum a tentação de
aproveitar atividades benéficas, às vezes obrigatórias, para cultivar interesses
privados, ou até mesmo ilícitos "É um grave perigo, especialmente quando instrumentaliza
o próprio Deus, o culto a Ele devido ou o serviço ao homem", afirmou
Francisco, que concluiu:
"Que a Virgem Maria nos ampare no esforço de
fazer da Quaresma uma boa ocasião para reconhecer Deus como único Senhor da
nossa vida, tirando do nosso coração e das nossas obras toda forma de
idolatria."