Lc 6, 39-45
Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice explicou a passagem do Evangelho
deste domingo que apresenta parábolas breves, “com as quais Jesus indica aos
seus discípulos o caminho a seguir para viver com sabedoria”.
Com a pergunta: “Pode um cego guiar outro
cego?”, Jesus sublinha que “um guia não pode ser cego, mas deve ver bem,
ou seja, deve ter sabedoria para guiar com sabedoria, caso contrário,
corre o risco de prejudicar as pessoas que se confiam a ele”.
“Assim,
Jesus chama a atenção daqueles que têm responsabilidades educacionais ou de
comando: os pastores de almas, as autoridades públicas, os legisladores,
mestres e pais, exortando-os a estar conscientes do seu papel delicado e a
discernir sempre a estrada certa na qual conduzir as pessoas.”
Segundo Francisco, Jesus usa uma expressão
sapiencial para indicar-se como modelo de mestre e guia a ser seguido: “Um
discípulo não é mais que o mestre, mas aquele bem preparado será como o seu
mestre”.
“É um convite a seguir o seu exemplo e seu
ensinamento para sermos guias seguros e sábios. Este ensinamento está
especialmente contido no discurso da montanha, que há três domingos a liturgia
nos propõe no Evangelho, indicando a atitude de mansidão e misericórdia para
sermos pessoas sinceras, humildes e justas."
“Na passagem de hoje, encontramos outra frase
significativa que exorta a não sermos presunçosos nem hipócritas. ”
"Diz assim: «Por que é que olhas o cisco no
olho do teu irmão, e não prestas atenção na trave que há no teu próprio olho?»”
“Muitas vezes, todos nós sabemos, é mais fácil ou conveniente ver e condenar os
defeitos e os pecados dos outros, sem conseguir ver os próprios com a mesma
lucidez. Nós escondemos sempre os nossos defeitos. Escondemo-los até de nós
mesmos. Ao invés, é fácil ver os defeitos dos outros. A tentação é a de ser
indulgentes consigo mesmo, clementes consigo mesmo e duros a condenar os
outros.”
O Pontífice disse que “é sempre útil ajudar o
próximo com conselhos sábios, mas enquanto observamos e corrigimos os defeitos
do nosso próximo, também devemos estar cientes de que temos defeitos”. “Se eu
penso que não tenho defeitos, não posso condenar ou corrigir os outros. Todos
nós temos defeitos: todos."
“ Devemos estar conscientes disso e antes de
condenar os outros, devemos olhar para dentro de nós mesmos. Podemos assim agir
de modo crível, com humildade, testemunhando a caridade.”
“Como podemos entender se o nosso olho é livre ou
se está impedido por uma trave?”, perguntou o Papa. Jesus responde-nos: «Não
existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons;
porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos».
“O fruto são
as ações, mas também as palavras. Das palavras se conhece a qualidade da
árvore."
“ De fato, quem é bom, do seu coração e da sua
boca saem o bem e quem é mau põe para fora o mal, praticando o exercício mais
deletério entre nós que é a murmuração, a fofoca, falar mal dos outros. ” "Isso
destrói, destrói a família, destrói a escola, destrói o local de trabalho,
destrói o bairro. As guerras começam da língua.”
“Pensemos um pouco nesse ensinamento de Jesus”,
exortou o Papa, “e questionemo-nos: falo mal dos outros? É mais fácil para mim ver os defeitos dos
outros do que os meus? E procuremos corrigirmo-nos pelo menos um pouco: isso
nos fará bem a todos”.
Francisco pediu o apoio e a intercessão de Maria
para que possamos seguir o Senhor nesse caminho.