Lc 1,57-66.80 O Papa Francisco rezou a oração
mariana do Angelus, deste domingo (24/06), Solenidade da Natividade de São João
Batista, com os fiéis e peregrinos de várias partes do mundo, presentes na
Praça São Pedro.
O nascimento de João Batista “é o evento que
ilumina a vida de seus pais Isabel e Zacarias, e envolve os parentes e vizinhos
na alegria e estupor. Esses pais idosos sonharam e prepararam aquele dia, mas
agora não o esperavam mais. Sentiam-se excluídos, humilhados e desiludidos: não
tinham filhos”.
“Diante do anúncio do nascimento de um filho,
Zacarias ficou incrédulo, porque as leis naturais não o permitiam: eram idosos.
Consequentemente, o Senhor o tornou mudo durante todo o tempo da gestação”,
frisou o Papa.
“É um sinal,
mas Deus não depende das nossas lógicas e capacidades humanas limitadas. É preciso
aprender a confiar e a calar-se diante do mistério de Deus e a contemplar na
humildade e no silêncio a sua obra, que se revela na história e que muitas
vezes supera a nossa imaginação.”
Agora que o evento se cumpre e Isabel e Zacarias
experimentam que “para Deus nada é impossível”, grande é a sua alegria.
“O Evangelho
deste domingo anuncia o nascimento e depois se detém no momento da imposição do
nome ao menino”, sublinhou Francisco.
“Isabel escolhe um nome estranho à tradição
familiar e diz: ‘Ele vai chamar-se João’, dom gratuito e inesperado, porque
João significa ‘Deus manifesta a sua graça’. Este menino será arauto,
testemunha da graça de Deus para os pobres que esperam com fé humilde a sua
salvação.”
Zacarias confirma inesperadamente a escolha daquele
nome, escrevendo-o numa tabuinha, porque estava mudo, e ‘no mesmo instante, a
boca de Zacarias abriu-se, a língua soltou-se, e ele começou a louvar a Deus’.
O nascimento de João Batista está envolto numa
sensação alegre de estupor, surpresa e gratidão. “Estupor, surpresa e gratidão.
As pessoas ficaram tomadas pelo temor santo de Deus, e ‘a notícia espalhou-se
por toda a região montanhosa da Judeia’.”
Segundo o Papa, “o povo fiel entende que aconteceu
algo de grande, embora humilde e escondido, e pergunta a si próprio: ‘O que virá a ser
este menino?’ O povo fiel de Deus é capaz de viver a fé com alegria, com a
sensação de estupor, surpresa e gratidão. Olhemos para as pessoas que falavam
bem sobre esse fato maravilhoso, sobre esse milagre do nascimento de João, e
faziam isso com alegria, estavam felizes, sentiam estupor, surpresa e
gratidão”.
“Olhando para isso, perguntemo-nos: como anda a
minha fé? É uma fé alegre ou uma fé sempre igual, uma fé plana? Fico surpreso
quando vejo as obras do Senhor, quando ouço falar de evangelização ou da vida
de um santo, ou quando vejo muitas pessoas boas: sinto a graça dentro ou nada
se mexe dentro do meu coração? Sinto o consolo do Espírito ou estou fechado?”
“Perguntemo-nos, cada um de nós, no exame de consciência: como está a minha fé?
É alegre? É aberta às surpresas de Deus? Porque Deus é o Deus das surpresas.
Experimentei na alma a sensação de estupor que a presença de Deus dá, o senso
de gratidão? Pensemos nessas palavras que foram de ânimo para a fé: alegria,
sensação de estupor, surpresa e gratidão”, disse o Papa.
Francisco concluiu, pedindo à “Virgem Maria que nos
ajude a entender que em cada ser humano existe a marca de Deus, fonte da vida”.
Que Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, “nos torne cada
vez mais conscientes de que na gestação de um filho os pais agem como colaboradores
de Deus. Uma missão realmente sublime que faz de toda família um santuário da
vida e desperta, todo nascimento de um filho, a alegria, o estupor e a
gratidão”.