segunda-feira, 11 de setembro de 2017

TEXTO LIDO PELO P. JOSÉ MARIA BRITO SJ NA ACÇÃO DE GRAÇAS DA MISSA EM QUE PROFESSOU OS SEUS ÚLTIMOS VOTOS COMO JESUÍTA



No dia 3 de Setembro, no final do AfterYou 2017 o P. José Maria Brito sj professou os seus últimos votos na Companhia de Jesus. Este foi o texto que leu no momento de Ação de Graças:
"3.set.2017
Eterno Senhor de todas as coisas, 
meu Amigo,
Senhor da minha vida,
Obrigado!
Escolheste este para que fosse o dia em que abraço a humildade. Não é minha a força que sustenta os braços, ou modela a voz com que me prometo a Ti. É do Pai o paciente sopro que me vai criando. É Ele, pelo Espírito, que Te vai gerando em mim. Quem sou eu para tamanho amor! Obrigado, meu amigo!
Recebo-me como dom imerecido por meio de tantos.
Queridos pais: que amor tão livre me continua a dar ao mundo.
Queridos manos: que laços tão fortes me seguram.
Família, padrinhos: como me fala de fidelidade a repetida presença.
Amigos (de antes e depois da Companhia): como é bom saber-se amado sem cobranças.
Queridos Companheiros: Amigos no Senhor, partilhando e comendo o pão de todas as horas, na alegria e na solidão. Que consolo tão grande, ao contemplar-vos, descobrir traços de santidade. Tão humana santidade.
Obrigado Senhor!
Hoje sei-me, mais do que nunca, pecador. Tantas vezes muro, impedimento do bem por Ti desejado. Sei-me frágil e tão pequeno. Sei onde está a minha força. Sei-me mais, muito mais, filho amado e agradeço tanto o convite a dizer contigo: Pai-nosso.
Sou um homem incompleto. Quero ser despojado. Chamado a amar o Amor a corpo inteiro (Casidalga).
É em Ti, Senhor da minha vida, que encontro o Pai como horizonte, a missão que rasga todas as fronteiras. Serás sempre o meu lugar e o meu consolo.
Por isso, hoje, o dia de toda a alegria que escolheste para que abraçasse a humildade, sem temer a humilhação, quero terminar com um texto escrito há uns anos – em tempo de prova – para que nunca mais me possa esquecer que és o único necessário, o único Salvador, Eterno Senhor de todas as coisas.
Outra vez
Trago os cestos vazios
não tenho nada para a nossa mesa.
apenas a dureza de ter procurado pão entre as pedras
e os lábios magoados de terem semeado em terra árida.
Lavas as minhas mãos. Dás-me a beber do vinho.
Sabes delas mais do que eu.
Ao ver-me refeito, dizes:
«Amanhã, lanças as redes.»
Obrigado Senhor!"