Mt 6, 24-34 Diante das tantas
preocupações que tiram a nossa serenidade e equilíbrio, devemos confiar-nos a
Deus. “Ele não resolve magicamente os problemas, mas permite enfrentá-los com o
espírito correto”. Palavras do Papa Francisco na alocução que precedeu a Oração
mariana do Angelus, inspirada na leitura do Evangelho de
Mateus - proposta pela Liturgia do dia - onde somos chamados a fazer uma
escolha por Deus e pelo seu Reino, uma escolha “que nem sempre mostra
imediatamente seus frutos” e que é feita na esperança.
Deus cuida dos seres da criação, “provê de alimento
a todos os animais, preocupa-se pelos lírios e pela erva do campo; o seu olhar
benéfico e solícito vigia quotidianamente a nossa vida”.
O Papa recorda que “a angústia” causada pelas
preocupações “é muitas vezes inútil”, pois “não consegue mudar o curso dos
acontecimentos”. Neste sentido, a insistente exortação de Jesus “a não nos
preocupar-nos com o amanhã”, “existe um Pai amoroso que não se esquece nunca de
seus filhos. Entregar-se a Ele não resolve magicamente os problemas, mas
permite enfrentá-los com o espírito correto, corajosamente”: “Deus não é um
ser distante e anônimo: é o nosso refúgio, a fonte de nossa serenidade e de
nossa paz. É a rocha da nossa salvação, a quem podemos agarrar-nos na certeza
de não cair. Quem se agarra a Deus não cai, quem se agarra a Deus, não cai
nunca! É a nossa defesa do mal, sempre à espreita. Deus é para nós o grande
amigo, o aliado, o pai, mas nem sempre nos damos conta disto”.
Não nos damos conta disto, e “preferimos apoiar-nos
em bens imediatos que podemos tocar, bens contingentes – constata Francisco
- esquecendo, e às vezes rejeitando, o bem supremo, isto é, o amor
paterno de Deus”: “Senti-lo Pai, nesta época de orfandade é tão importante!
Neste mundo órfão, senti-lo Pai. Nós nos afastamos do amor de Deus quando vamos
em busca obsessiva dos bens terrenos e das riquezas, manifestando assim um amor
exagerado por estas realidades”.
“Jesus – recordou o Santo Padre – diz-nos que esta
busca incansável é ilusória e motivo de infelicidade. E dá aos seus discípulos
uma regra de vida fundamental: “Buscai, pelo contrário, o reino de Deus””: “Trata-se
de realizar o projeto que Jesus anunciou no Sermão da Montanha, confiando em
Deus que não desilude - tantos amigos ou tantos que acreditávamos amigos, nos
desiludiram; Deus nunca desilude - agir como administradores fiéis dos bens que
Ele nos deu, também os terrenos, mas sem “exagerar”, como se tudo, também a
nossa salvação, dependesse somente de nós”.
“Esta atitude evangélica requer uma escolha clara,
que a passagem de hoje indica com precisão: “Não podeis servir a Deus e à
riqueza”. Ou o Senhor, ou os ídolos fascinantes, mas ilusórios”: “Esta escolha que somos chamados a fazer,
repercute-se depois em tantos dos nossos atos, programas e compromissos. É uma
escolha que deve ser feita de modo claro e renovada continuamente, porque as
tentações de reduzir tudo a dinheiro, prazer e poder, estão sempre presentes.
Existem tantas tentações neste sentido”.
“Enquanto honrar estes ídolos leva a resultados
tangíveis, mesmo se fugazes, fazer a escolha por Deus e pelo seu Reino nem
sempre mostra imediatamente os seus frutos”: “É uma decisão que se toma na
esperança e que deixa a Deus a plena realização. A esperança cristã é voltada
ao cumprimento futuro da promessa de Deus e não se rende diante de alguma
dificuldade, porque é fundada na fidelidade de Deus, que nunca falta. É fiel, é
um pai fiel, é um amigo fiel, é um aliado fiel”.
A confiança no amor e na bondade do Pai celeste –
concluiu o Papa – “é o pressuposto para superar os tormentos e as adversidades
da vida, e também as perseguições, como nos mostra o testemunho de tantos
nossos irmãos e irmãs”.