Mt 5,17-37
Antes da oração mariana do Angelus, o Papa Francisco dirigindo-se aos milhares
de fiéis presentes na Praça de S. Pedro falou da liturgia deste dia que nos
apresenta uma outra página do Sermão da Montanha em que Jesus quer ajudar os
seus ouvintes a fazer uma releitura da lei de Moisés.
Aquilo que tinha sido dito na antiga aliança não
era tudo, Jesus veio para completar e para promulgar de forma definitiva a lei
de Deus, e Ele faz tudo isso através da sua pregação e, mais ainda,
oferecendo-se na cruz, sublinhou Francisco, que acrescentou:
“Assim, Jesus nos ensina como fazer plenamente a
vontade de Deus, com uma "justiça superior" em relação à justiça dos
escribas e fariseus, uma justiça animada pelo amor, pela caridade, a
misericórdia e, portanto, capaz de perceber a substância dos mandamentos,
evitando o risco de formalismo”.
O Papa falou, em particular, dos três aspectos que
Jesus analisa no Evangelho de hoje: o homicídio, o adultério e o juramento.
Sobre o mandamento "não matarás", observou o Papa, Jesus afirma que é
violado não apenas pelo homicídio efectivo, mas também por aqueles
comportamentos que ofendem a dignidade da pessoa humana, incluindo as palavras
insultuosas. É verdade que os insultos não têm a mesma gravidade e
culpabilidade do homicídio, disse o Papa, mas colocam-se na mesma linha, porque
constituem a sua premissa e revelam a mesma maldade. E por isso Jesus nos
convida a considerar prejudiciais todas as ofensas, porque motivadas pela
intenção de fazer mal ao próximo.
Em relação à lei matrimonial, prosseguiu Francisco,
Jesus vai até à raiz do adultério que na antiga aliança era considerado uma
violação do direito de propriedade do homem sobre a mulher:
“Do mesmo modo que se chega ao homicídio através
dos insultos e ofensas, também se chega ao adultério através de intenções de
possesso em relação a uma mulher que não seja a própria esposa. O adultério,
tal como o furto, a corrupção e todos os outros pecados, são primeiramente
concebidos dentro de nós e, uma vez realizada no coração a escolha errada, são
implementados no comportamento concreto”.
E por último, sobre o juramento, Jesus diz aos seus
discípulos para não jurar, pois o juramento é sinal de insegurança e
duplicidade com que se estabelecem as relações humanas, e com o juramento se
instrumentaliza a autoridade de Deus para dar garantia às nossas questões
humanas – disse Francisco:
“Pelo contrário, somos chamados a construir entre
nós, nas nossas famílias e nas nossas comunidades um clima de clareza e
confiança recíproca, de modo a podermos ser considerados sinceros, sem
recorrermos a intervenções superiores para sermos acreditados. A desconfiança e
a suspeita recíprocas ameaçam sempre a serenidade”.
Que a Virgem Maria, mulher da dócil escuta e da
alegre obediência, nos ajude a aproximar-nos cada vez mais do Evangelho, para
sermos cristãos não "de fachada", mas de substância! E isto é
possível com a graça do Espírito Santo, que nos permite fazer tudo com amor, e
assim cumprirmos plenamente a vontade de Deus.