Mt 5, 38-48 O
Papa Francisco fez, hoje, como todos os domingos ao meio dia, a sua breve
reflexão sobre o evangelho do dia. O de hoje, disse, oferece uma daquelas
páginas que melhor exprimem a “revolução” cristã, ou seja o da verdadeira
justiça e não a de “olho por olho, dente por dente”. Perante a lei de talião que era a
de pagar com a mesma moeda, ou seja a morte ao assassino, a amputação a quem
tinha ferido alguém, etc., Jesus ensina a pagar o mal com o bem. É só quebrando
a cadeia do mal que se pode mudar realmente as coisas. A represália não leva
nunca à resolução do conflito.
Para Jesus – disse o Papa – a recusa da violência
pode mesmo comportar a renuncia ao legitimo direito e a aceitar sacrifícios. No
entanto esta renuncia não quer dizer que “as exigências da justiça sejam
ignoradas ou contraditas; antes pelo contrário, o amor cristão que se manifesta
de forma especial na misericórdia, representa uma realização superior da
justiça”.
“O que Jesus nos quer ensinar é a “clara distinção
que devemos fazer entre a justiça e a vingança”. E recordou que a justiça é
consentida, mas a vingança é proibida.
“É nosso dever praticar a justiça. É-nos,
pelo contrário, proibido vingar ou fomentar, de forma for, a vingança, enquanto
expressão do ódio e da violência”
O que Jesus quer – prosseguiu o Papa – não é propor
uma nova ordem civil, mas sim o mandamento do amor em relação ao próximo que
compreende também o amor pelo inimigo, o que não significa aprovação do mal
feito pelo inimigo, mas pôr-se num plano superior, de magnanimidade, semelhante
ao do Pai celeste que “faz brilhar o seu sol sobre os maus e sobre os bons, e
faz chover sobre os justos e sobre os injustos”. E o Papa recordou estas
palavras de Jesus, que não são, todavia, fáceis de pôr em prática, reconheceu: “Amai
os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem” – dizia Jesus”.
Mas não devemos esquecer que também o inimigo é
“uma pessoa humana” criada à imagem de Deus, só que ofuscada por uma conduta
indigna”. E quando falamos de inimigos, não devemos pensar noutras pessoas,
longínquas, não. Devemos pensar também em nós mesmos, no facto que
podemos também nós entrar em conflito com o nosso próximo e por vezes mesmo com
os nossos familiares: “Quantas inimizades nas famílias, quantas?! Pensemos
nisso. Os inimigos são também aqueles que falam mal de nós, nos caluniam e nos
fazem mal. E não é fácil digerir isso! A todos eles somos chamados a responder
com o bem, que tem também ele as suas estratégias, inspiradas no amor”.
E o Papa concluiu pedindo a Nossa Senhora para que
nos ajude a seguir Jesus nesta exigente caminhada que exalta verdadeiramente a
dignidade humana e nos faz viver como filhos do nosso Pai que está nos Céus.
Que nos ajude a praticar a paciência, o diálogo, o perdão e a sermos artesãos
de comunhão e de fraternidade na nossa vida quotidiana, sobretudo nas nossas
famílias.