Mt 4,12-23 Hoje, na sua reflexão antes da oração do ângelus da janela do Palácio Apostólico, o
Papa Francisco falou da passagem do Evangelho que narra o início da pregação de
Jesus na Galileia. Jesus deixa a aldeia montanhosa de Nazaré e estabelece-se em
Cafarnaum, importante centro urbano nas margens do Lago, habitado
essencialmente por pagãos e ponto de encruzilhada entre o Mediterrâneo e a
Mesopotâmia. A “Galileia dos gentios” como era chamada.
Vista de Jerusalém a Galileia era considerada uma
periferia, religiosamente impura. Dela não se esperavam grandes coisas para a
história da salvação. Mas paradoxalmente, precisamente dali, da periferia, veio
a luz de Cristo.
O Papa continuou, dizendo que a mensagem de Jesus
anuncia o Reino de Deus que não comporta a instauração de um novo poder
político, mas a concretização da aliança entre Deus e o seu povo que dará
inicio a uma era de paz e justiça. Uma aliança que requer a conversão de cada
um transformando o próprio modo de pensar e de viver - a transformação do
pensamento e dos costumes - insistiu Francisco, dizendo que a diferença entre
Jesus e o profeta João Baptista - que nos foi apresentado nos domingos
anteriores - está no estilo e o no método.
“Jesus opta por ser profeta itinerante. Não fica
à espera das pessoas, mas vai ao seu encontro. As suas primeiras saídas
missionárias dão-se ao longo das margens do lago da Galileia, em
contacto com a multidão, de modo particular os pescadores”.
Ali, Jesus proclama a vinda do Reino de Deus e
procura companheiros para a sua missão de salvação. Ali encontra dois pares de
irmãos: Simão e André, Tiago e João. Convida-os a segui-lo, pois que “os fará
pescadores de homens”
A chamada – sublinhou Francisco - chega enquanto
estão em plena actividade quotidiana, porque “o Senhor se revela a nós não
de forma extraordinária ou estrondosa, mas na quotidianidade da nossa vida”.
É ali que devemos encontrar o Senhor, dialogar com
Ele na nossa quotidianidade e mudar a nossa vida – acrescentou, fazendo
notar que a resposta dos quatro pescadores foi imediata e sem hesitação:
abandonaram as redes e seguiram Jesus.
Assim, nas margens do lago, numa terra impensável,
nasceu a primeira comunidade de discípulos de Cristo. E nós cristãos, temos
hoje a alegria de proclamar e dar testemunho da nossa fé, graças àquele
primeiro anúncio e àqueles homens humildes e corajosos que responderam
generosamente à chamada de Jesus – disse o Papa, com este desejo:
“A consciência deste início suscite em nós o
desejo de levar a palavra, o amor, a ternura de Jesus a todos os contextos,
mesmo nas mais impérvias e refractárias. Levar a palavra a todas as periferias.
Todos os espaços da vida humana são terrenos onde deitar a semente do
Evangelho, a fim de que dê frutos de salvação”.
E terminou pedindo a Nossa Senhora que nos ajude,
com a sua materna intercessão, a responder, com alegria, à chamada de Jesus a
pormo-nos ao serviço do Reino de Deus.