Lc 13,1-9 Como habitualmente, ao meio dia, o
Papa Francisco apareceu à janela do Palácio Apostólico para evocar a saudação
do Angelus a Maria e reflectir, juntamente com os milhares de peregrinos
reunidos na Praça de São Pedro e com quantos o seguiam através do media, sobre
o Evangelho deste domingo. E foi precisamente por uma breve reflexão sobre a
leitura do Evangelho de São Lucas que começou, relacionando-o com os tempos que
estamos a viver.
Tal
como actualmente, também então tinha havido uma má notícia: os soldados romanos
tinham feito uma irrupção cruenta no seio do templo de Jerusalém fazendo cair a
torre de Siloé e causando 18 mortos. Ora, sabendo Jesus que a superstição das
pessoas as teria levado a interpretar isso como se fosse um castigo de Deus
para com aquelas vítimas como se o merecessem e que os outros foram poupados
porque estavam a postos perante Deus, o Filho de Deus tratou logo de afastar
essa visão das coisas. E fazendo notar que Deus não permite tragédias para
punir culpas, Jesus convidou, pelo contrário, a tirar desses factos dolorosos
uma admoestação para todos, porque todos somos pecadores. E a quantos O tinham
interpelado respondeu: “Se não vos arrependerdes, perecereis todos igualmente”.
Tal
como naquele tempo - disse o Papa - perante “certas desgraças e eventos trágicos” de hoje podemos ter a tentação de “descarregar” a responsabilidade
sobre as vítimas ou mesmo sobre Deus. Mas não será isso uma projecção num Deus
feito “à nossa imagem e semelhança”? “Que ideia temos de Deus”? – perguntou-se
Francisco, recordando que Jesus nos convida, pelo contrário, a “mudar o nosso
coração, a fazer uma radical inversão no caminho da nossa vida, abandonando o
compromisso com o mal, com as hipocrisias, para enveredarmos decididamente pelo
caminho do Evangelho”. Mas a tentação de nos justificar está sempre presente e
nos leva a dizer, “mas de que é que nos devemos converter? Não somos, tudo
somado, boa gente, crentes, e mesmo bastante praticantes?” A resposta é dado
pelo próprio Papa, segundo o qual, Jesus é como aquele camponês que perante a
figueira estéril, vai-lhe dando sempre um ano a mais na esperança de que dê
frutos. Um ano de graça, o tempo de Cristo, da Igreja, da nossa vida,
compassado por um certo número de Quaresmas, que nos são oferecidas como
ocasião de arrependimento e de salvação. E aqui o Papa, repetidamente,
perguntou, se já pensamos na paciência de Jesus para connosco, pela nossa
salvação. E contou o caso de Santa Teresa do Menino Jesus que pacientemente
rezava no convento por um criminoso que estava para ser morto e que não queria
absolutamente saber da conversão, do sacerdote que se lhe aproximava, mas que,
ao último momento, chamou o padre e, tomando o seu crucifixo, beijou-o. “A
paciência de Deus! O mesmo acontece connosco, com todos nós. Quantas vezes… nós
não sabemos, sabê-lo-emos no Céu, mas quantas vezes, estamos à beira de… e o
Senhor nos salva, nos salva porque tem grande paciência para connosco e esta é
a sua misericórdia. Nunca é demasiado tarde para nos convertermos, nunca, até
ao último momento, mas é urgente, é agora! Comecemos hoje”.
E
o Papa concluiu a sua reflexão evangélica, invocando o apoio de Nossa Senhora
para nos abrir o coração à graça de Deus, à sua misericórdia; e para nos ajudar
a não julgar os outros, mas a deixar que as desgraças quotidianas provoquem em
nós um sério exame de consciência e de arrependimento.