domingo, 20 de dezembro de 2015

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO IV DOMINGO DO ADVENTO (ANO C)


Lc 1,39-47 Na sua habitual reflexão dominical, antes da oração mariana do Angelus, o Papa Francisco deteve-se sobre o texto evangélico deste quarto domingo do Advento, que põe em evidência a figura de Maria.
Depois do anúncio do Anjo Gabriel de que seria a mãe de Jesus, Maria foi visitar sua prima Isabel que, não obstante a idade avançada, estava grávida. Um mistério, mas Maria levava em si um mistério ainda maior. E ao saudar Isabel, esta sentiu-se envolvida por uma grande surpresa que ressoou nas suas palavras: “A que se deve que a mãe do meu Senhor me venha visitar?”
Improvisando o Papa disse: “E abraçam-se, beijam-se, alegres, estas duas mulheres: a anciã e a jovem, ambas grávidas”.  
E recomendou que não nos esqueçamos da palavra “Surpesa”, indicando três “lugares” de surpresa em que nos devemos deter para celebrar de forma profícua o Natal:
“Em primeiro lugar o “outro”, no qual reconhecer o irmão, porque desde que aconteceu o Natal de Jesus, cada rosto assemelha-se ao Filho de Deus. Sobretudo quando é o rosto do pobre, porque Deus entrou no mundo como pobre e para os pobres, mas antes de mais deixou-se aproximar”.
O segundo lugar onde o Papa diz que nos devemos deter neste Natal é a História, para a qual, muitas vezes – disse - pensamos estar a olhar de modo correcto, mas que, na realidade,  corremos o risco de a ver às avessas. E isto acontece, por exemplo, quando nos parece determinada pela economia de mercado, regulada pelas finanças e pelos negócios, etc. Mas “o Deus do Natal “baralha as cartas”: Ele gosta de fazer isto. É como canta Maria no Magnificat, é o Senhor que depõe os poderosos dos seus tronos e eleva os humildes, enche de bens os esfomeados e manda embora os ricos de mãos vazias”.
O terceiro lugar de surpresa em que nos devemos deter neste Natal, é a Igreja. Olhar para a Igreja com surpresa significa  - disse o Papa  - “não nos limitarmos a considerá-la apenas como uma instituição religiosa, mas a senti-la como Mãe que, embora com manchas e rugas – temos tantas! - deixa transparecer os traços da Esposa amada e purificada por Cristo Senhor. Uma Igreja capaz de reconhecer os vários sinais de amor e de fé que continuamente Deus lhe envia. Uma Igreja para a qual o Senhor Jesus não será nunca uma posse a defender com ciúmes. Aqueles que  fazem isto, erram; mas (…) uma Igreja que sabe esperar com confiança e alegria, dando voz à esperança do mundo. A Igreja que chama o Senhor: “Vem Senhor Jesus!”. A Igreja mãe que sempre tem as portas abertas de par em par e os braços abertos para acolher a todos. Aliás, uma Igreja mãe que sai das próprias portas para procurar com sorriso de mãe todos os que andam longe levando-os à misericordia de Deus. É este o estupor do Natal!”.
O Santo Padre sublinhou, a concluir, que no Natal, Deus nos dá tudo de si, dando-nos o seu Filho Único, e acrescentou que só com Maria, Mãe do Filho do Altíssimo é possível exultar e alegrar-se pelo grande dom de Deus. Pediu, então, a Nossa Senhora que nos ajude a ter a percepção destes três lugares de surpresa: o outro, a história e a Igreja.