Lc 3,1-6 Aos milhares de fiéis reunidos na Praça de S. Pedro para a
oração mariana do Angelus, o Papa Francisco recordou a figura de João Baptista
que a liturgia propõe neste II domingo do Advento. O Baptista pregava "um
baptismo de conversão para o perdão dos pecados", disse o Papa, mas talvez
nos perguntemos "porque nos devemos converter, se a conversão é para
aquele que de ateu se torna crente, de pecador se faz justo, enquanto que nós
já somos cristãos e, portanto, estamos bem".
Mas é mesmo desta presunção que nos devemos converter – sublinhou
Francisco - da suposição de que, afinal, está bem assim e não precisamos de
qualquer conversão, pois nem sempre temos na vida os mesmos sentimentos de
Jesus:
“Por exemplo, quando recebemos alguma ofensa ou alguma afronta, conseguimos
reagir sem animosidade e perdoar do fundo do coração a quem nos pede perdão?
Quando somos chamados a partilhar alegrias e tristezas, sabemos sinceramente
chorar com quem chora e alegrar-nos com quem se alegra? Quando devemos exprimir
a nossa fé, sabemos fazê-lo com coragem e simplicidade, sem nos envergonharmos do
Evangelho?”
A voz do Baptista, disse ainda Francisco, continua a gritar ainda
hoje nos desertos da humanidade, exortando-nos a viver uma vida segundo o
Evangelho. Hoje, como então, ele nos adverte "Preparai o caminho do
Senhor, endireitai as suas veredas" - um premente convite a abrir o
coração e acolher a salvação que Deus nos oferece incessantemente, quase
obstinadamente, porque quer que todos sejamos livres da escravidão do pecado. E
esta salvação é oferecida a todos os homens, a todos os povos, sem excluir
ninguém, porque Deus quer que todos os homens sejam salvos por meio de Jesus
Cristo, único mediador - insistiu o Papa.
E se o Senhor nos mudou a vida, também nós devemos sentir a paixão
de torná-lo conhecido a todos os que encontramos no trabalho, na escola, no
prédio, no hospital, nos lugares de encontro. À nossa volta, disse o Papa,
vemos pessoas que estariam disponíveis a iniciar ou reiniciar um caminho de fé,
se encontrassem cristãos apaixonados por Jesus. “Não devíamos e não podíamos
ser nós tais cristãos?”, perguntou Francisco, convidando todos a terem a
coragem de abater as montanhas do orgulho e da rivalidade, a preencherem os
sulcos cavados pela indiferença e a apatia, a endireitarem os caminhos da nossa preguiça e
dos nossos compromissos.
E o Papa invocou a Virgem Maria para que nos ajude a abater as
barreiras e os obstáculos que impedem a nossa conversão, isto é o nosso caminho
ao encontro do Senhor.