Mc 7,31-37 Efatá, abre-te, foi este o lema da reflexão
tecida neste domingo, pelo Papa Francisco, por ocasião da oração mariana do Angelus da janela do
Palácio Apostólico que dá para a Praça de São Pedro. Comentando o Evangelho de
São Marcos que fala da cura do surdo-mudo por Jesus, no território pagão de Decápole,
o Papa recordou que esse surdo-mudo foi levado a Jesus, o que significa que
temos de percorrer um caminho em direcção à fé. Outro símbolo expresso nesse
surdo-mudo é que a surdez impede ouvir não só as pessoas, mas também a Palavra
de Deus, pois que a fé nasce da pregação. Mais: Jesus manda afastar o surdo da
multidão, primeiro porque não quer publicidade do milagre que está para
realizar e, depois, porque não quer que a sua palavra seja encoberta pelo
barulho do ambiente circunstante. É que: “A Palavra de Deus que Cristo
nos transmite precisa de silêncio para ser acolhida como Palavra que cura, que
reconcilia e restabelece a comunicação” .
O Papa chama depois a atenção
para dois gestos realizados por Jesus: Ele toca as orelhas e a língua do
surdo-mudo – um gesto que visa restabelecer a comunicação, o contacto, e dado
que o milagre vem do Pai, Jesus eleva os olhos ao céu e ordena: “Abre-te”. O
surdo passa então a ouvir e a falar.
O ensinamento que tiramos deste
episódio da vida de Jesus – disse o Papa – é que “Deus não está fechado em si
mesmo, mas abre-se e põe-se em comunicação com a humanidade” A sua
imensa misericórdia leva-O a vir ao nosso encontro, a comunicar connosco, a
tornar-se presente em nós através do seu Filho feito homem, a Palavra que se
faz carne.
“Jesus é um grande “construtor
de pontes”, que constrói a grande ponte da comunhão plena com o Pai”.
Este Evangelho fala-nos também
a nós hoje – frisou o Papa. Com efeito, muitas vezes fechamo-nos em nós mesmos,
criamos ilhas inacessíveis e inóspitas, e nem sequer as relações humanas mais
elementares encontram espaço: casais, famílias, grupos, paróquias, pátrias fechados.
No entanto - prosseguiu
Francisco - o Baptismo, origem da nossa vida cristã, representa precisamente
esse gesto e palavra de Jesus: abre-te. Através disso somos inseridos na grande
família da Igreja, podemos ouvir Deus que nos fala e comunicar a sua Palavra.
E o Papa concluiu convidando a
invocar Nossa Senhora, mulher da escuta e do testemunho alegre, para que nos
apoie no empenho de professar a nossa fé e de comunicar as maravilhas do Senhor
a quantos passam pelo nosso caminho.