Mc 6,7-13
Discípulos “livres e leves, sem apoios e sem favores”, ancorados unicamente no
amor “d’Aquele que os envia” e fortes “somente de sua palavra que irão
anunciar”. Este é o rosto que deve ter o discípulo missionário.
Inspirado no Evangelho do dia de São Marcos, que
narra o momento em que Jesus envia os doze em Missão, o Papa Francisco refletiu
sobre os dois pontos do estilo missionário: a missão tem um centro e a missão
tem um rosto.
“O discípulo missionário tem antes de tudo -
explicou o Papa - um seu centro de referência, que é a pessoa de Jesus”,
como comprova a narrativa pela série de verbos usados, a Ele referidos. Assim, o
seu modo de agir “parece como que irradiando de um centro, a recorrência da
presença e da obra de Jesus em sua ação missionária”:
“Isso mostra como os Apóstolos não têm nada de
próprio para anunciar, nem própria capacidade de demonstrar, mas falam e agem
como "enviados", como mensageiros de Jesus. É precisamente o Batismo
que nos torna missionários. Um batizado que não sente a necessidade de anunciar
o Evangelho, de anunciar Jesus, não é um bom cristão”.
Este episódio do Evangelho diz respeito também a
todos os batizados, chamados a testemunhar nos vários ambientes da vida, o
Evangelho de Cristo:
“E também para nós esta missão é autêntica,
somente a partir do seu centro imutável que é Jesus. Não é uma iniciativa
individual dos fiéis, nem dos grupos e nem mesmo das grandes agremiações, mas é
a missão da Igreja inseparavelmente unida ao seu Senhor. Nenhum cristão
proclama o Evangelho "por si mesmo", mas somente enviado pela Igreja
que recebeu o mandato do próprio Cristo”.
“A segunda característica do estilo do missionário
é, por assim dizer, um rosto, que consiste na pobreza dos meios”, disse
Francisco, ressaltando que “seu equipamento atende a um critério de
sobriedade”. Por isso, de fato, os Doze têm a ordem de "não levar nada
além de um bordão para a jornada: nem pão, nem mochila, nem dinheiro no
cinto":
“O Mestre quere-os livres e leves, sem apoios e sem
favores, seguros somente do amor d’Aquele que os envia, fortes somente da sua
palavra que irão anunciar”.
“ O bastão e as sandálias são a dotação dos
peregrinos, porque assim são os mensageiros do reino de Deus.”
O Pontífice recordou então os muitos Santos da
Diocese de Roma, da qual é bispo, que tinham este rosto, como São Filipe Neri,
São Benedito José Labre, Santo Aléssio, São Gaspar Del Bulfalo e tantos outros.
“Não eram funcionários ou empreendedores, mas humildes trabalhadores do Reino”.
Mas a evangelização requer também a coragem, que
somente pode ser encontrada se “estivermos unidos a Ele, morto e ressuscitado”:
“E a esse "rosto" também pertence a
maneira pela qual a mensagem é acolhida: de fato, pode acontecer que ela não
seja acolhida ou escutada. Isso também é pobreza: a experiência do fracasso. A
história de Jesus, que foi rejeitado e crucificado, prefigura o destino de seu
mensageiro”.“Que a Virgem Maria, primeira discípula e missionária da
Palavra de Deus, nos ajude a levar ao mundo a mensagem do Evangelho em uma
exultação humilde e radiante, para além de toda rejeição, incompreensão ou
tribulação."