Mc 6,1-6
Na sua alocução, o Pontífice comentou o Evangelho do dia, em que Jesus volta a
Nazaré e começa a ensinar na sinagoga.
Desde que tinha começado a pregar nos povoados e
nos vilarejos das redondezas, Jesus não mais havia regressado à sua terra.
Portanto, toda a cidadezinha se reuniu para ouvir Jesus.
Mas aquilo que se anunciava um sucesso, transformou-se
numa “clamorosa rejeição”, a ponto de Jesus não poder realizar nenhum milagre,
mas somente curar alguns doentes.
Jesus utiliza uma expressão que se tornou
proverbial: "Um profeta só é desprezado na sua terra".
O Papa atribui essa transformação dos habitantes de
Nazaré ao facto de eles estarem a fazer uma comparação entre a origem humilde de
Jesus e as suas capacidades atuais: a de um carpinteiro sem estudos que se
torna um pregador melhor que os escribas. E ao invés de se abrirem à realidade,
se escandalizam.
“ É o escândalo da encarnação: o evento
desconcertante de um Deus feito carne, que pensa com a mente de um homem,
trabalha e atua com as mãos de um homem, ama com coração de homem, um Deus que
se cansa, come e dorme como um de nós. ”
O Filho de Deus, prosseguiu o Papa, inverte todo
esquema humano: não são os discípulos que lavam os pés ao Senhor, mas é o
Senhor que lava os pés aos discípulos. “Este é um motivo de escândalo e de
incredulidade em todas as épocas, inclusive hoje.”
A inversão provocada por Jesus obriga os seus
discípulos de ontem e de hoje a analisar a vida pessoal e comunitária. O Senhor
convida-nos a assumir uma atitude de escuta humilde e de espera dócil, porque a
graça de Deus com frequência se apresenta a nós de maneira surpreendente, que
não corresponde às nossas expectativas. E citou como exemplo Madre Teresa de
Calcutá, que "revolucionou a caridade na Igreja".
“ Deus não se conforma com os preconceitos.
Devemos esforçar-nos para abrir o coração e a mente, para acolher a realidade
divina que vem ao nosso encontro. Trata-se de ter fé: a falta de fé é um
obstáculo à graça de Deus. ”
Muitos batizados, afirma Francisco, vivem como se
Cristo não existisse: repetem-se os gestos e os sinais da fé, mas a eles não
corresponde uma real adesão à pessoa de Jesus e ao seu Evangelho.
Ao invés, todo cristão é chamado a aprofundar esta
pertença fundamental, buscando testemunhá-la com uma conduta de vida coerente,
cujo fio condutor é a caridade.
“Peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem
Maria, que dissolva a dureza dos corações e a limitação da mente, para que
estejamos abertos à sua graça, à sua verdade e à sua missão de bondade e de
misericórdia, que é endereçada a todos, sem qualquer exclusão.”