domingo, 29 de abril de 2018

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO V DOMINGO DA PÁSCOA (ANO B)


Jo 15,1-8 Comentando, hoje, o Evangelho do dia que propõe o momento em que Jesus se apresenta como a verdadeira videira e nos convida a permanecer unidos a Ele para dar muito fruto, o Papa observa: "Trata-se de permanecer com o Senhor para encontrar a coragem de sair de nós mesmos, das nossas comodidades, dos nossos espaços restritos e protegidos, para entrarmos no mar aberto das necessidades dos outros e dar amplo respiro ao nosso testemunho cristão no mundo. Essa coragem de entrar nas necessidades dos outros nasce da fé no Senhor ressuscitado e da certeza de que o seu Espírito acompanha a nossa história”.
“Um dos frutos mais maduros que brota da comunhão com Cristo é, de fato – acrescentou o Papa -, o compromisso de caridade para com o próximo, amando os irmãos com abnegação de si mesmo, até às últimas consequências, como Jesus nos amou”.
"Quando alguém é íntimo com o Senhor, como são íntimos e unidos entre si a videira e os ramos, é capaz de produzir frutos de vida nova, de misericórdia, de justiça e de paz, derivados da ressurreição do Senhor”.
E o Papa recordou os santos: “Isto é o que os santos fizeram, aqueles que viveram em plenitude a vida cristã e o testemunho da caridade, porque foram verdadeiros ramos da videira do Senhor. Mas para ser santo – recordou Francisco - não é necessário ser bispo, sacerdote, religioso ou religiosa. Todos nós somos chamados a ser santos vivendo com amor e oferecendo a cada um o nosso testemunho nas ocupações de todos os dias, ali onde nos encontramos”'.
O Papa concluiu as suas palavras pedindo a ajuda de Maria, Rainha dos Santos e modelo de perfeita comunhão com o Filho divino. “Que Ela nos ensine a permanecer em Jesus, como ramos à videira, e a jamais nos separarmos de seu amor. De fato, nada podemos fazer sem Ele, porque a nossa vida é Cristo vivo, presente na Igreja e no mundo”.

CELEBRAÇÃO DA FESTA DA ESPERANÇA

Hoje, cerca de 20 crianças do 5º ano de catequese, celebraram a Festa da Esperança, junto da comunidade, afirmando ser pessoas de esperança e comprometendo-se a levar essa mesma esperança - que nos vem de Jesus - a outras pessoas. 



   


Pedimos para que Jesus os faça crescer na fé, na alegria e no amor que Deus lhes quer transmitir através d'Ele.

domingo, 22 de abril de 2018

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 55º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 55º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

(22 de abril de 2018 - IV Domingo da Páscoa)

Tema: «Escutar, discernir, viver a chamada do Senhor»

Queridos irmãos e irmãs!
No próximo mês de outubro, vai realizar-se a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que será dedicada aos jovens, particularmente à relação entre jovens, fé e vocação. Nessa ocasião, teremos oportunidade de aprofundar como, no centro da nossa vida, está a chamada à alegria que Deus nos dirige, constituindo isso mesmo «o projeto de Deus para os homens e mulheres de todos os tempos» (Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, Introdução).
Trata-se duma boa notícia, cujo anúncio volta a ressoar com vigor no 55.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações: não estamos submersos no acaso, nem à mercê duma série de eventos caóticos; pelo contrário, a nossa vida e a nossa presença no mundo são fruto duma vocação divina.
Também nestes nossos agitados tempos, o mistério da Encarnação lembra-nos que Deus não cessa jamais de vir ao nosso encontro: é Deus connosco, acompanha-nos ao longo das estradas por vezes poeirentas da nossa vida e, sabendo da nossa pungente nostalgia de amor e felicidade, chama-nos à alegria. Na diversidade e especificidade de cada vocação, pessoal e eclesial, trata-se de escutar, discernir e viver esta Palavra que nos chama do Alto e, ao mesmo tempo que nos permite pôr a render os nossos talentos, faz de nós também instrumentos de salvação no mundo e orienta-nos para a plenitude da felicidade.
Estes três aspetos – escuta, discernimento e vida – servem de moldura também ao início da missão de Jesus: passados os quarenta dias de oração e luta no deserto, visita a sua sinagoga de Nazaré e, aqui, põe-Se à escuta da Palavra, discerne o conteúdo da missão que o Pai Lhe confia e anuncia que veio realizá-la «hoje» (cf. Lc 4, 16-21).
Escutar
A chamada do Senhor – fique claro desde já – não possui a evidência própria de uma das muitas coisas que podemos ouvir, ver ou tocar na nossa experiência diária. Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem Se impor à nossa liberdade. Assim pode acontecer que a sua voz fique sufocada pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso coração.
Por isso, é preciso preparar-se para uma escuta profunda da sua Palavra e da vida, prestar atenção aos próprios detalhes do nosso dia-a-dia, aprender a ler os acontecimentos com os olhos da fé e manter-se aberto às surpresas do Espírito.
Não poderemos descobrir a chamada especial e pessoal que Deus pensou para nós, se ficarmos fechados em nós mesmos, nos nossos hábitos e na apatia de quem desperdiça a sua vida no círculo restrito do próprio eu, perdendo a oportunidade de sonhar em grande e tornar-se protagonista daquela história única e original que Deus quer escrever connosco.
Também Jesus foi chamado e enviado; por isso, precisou de Se recolher no silêncio, escutou e leu a Palavra na Sinagoga e, com a luz e a força do Espírito Santo, desvendou em plenitude o seu significado relativamente à sua própria pessoa e à história do povo de Israel.
Hoje este comportamento vai-se tornando cada vez mais difícil, imersos como estamos numa sociedade rumorosa, na abundância frenética de estímulos e informações que enchem a nossa jornada. À barafunda exterior, que às vezes domina as nossas cidades e bairros, corresponde frequentemente uma dispersão e confusão interior, que não nos permite parar, provar o gosto da contemplação, refletir com serenidade sobre os acontecimentos da nossa vida e realizar um profícuo discernimento, confiados no desígnio amoroso de Deus a nosso respeito.
Mas, como sabemos, o Reino de Deus vem sem fazer rumor nem chamar a atenção (cf. Lc 17, 21), e só é possível individuar os seus germes quando sabemos, como o profeta Elias, entrar nas profundezas do nosso espírito, deixando que este se abra ao sopro impercetível da brisa divina (cf. 1 Re 19, 11-13).
Discernir
Na sinagoga de Nazaré, ao ler a passagem do profeta Isaías, Jesus discerne o conteúdo da missão para a qual foi enviado e apresenta-o aos que esperavam o Messias: «O Espírito do Senhor está sobre Mim; porque Me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar o ano favorável da parte do Senhor» (Lc 4, 18-19).
De igual modo, cada um de nós só pode descobrir a sua própria vocação através do discernimento espiritual, um «processo pelo qual a pessoa, em diálogo com o Senhor e na escuta da voz do Espírito, chega a fazer as opções fundamentais, a começar pela do seu estado da vida» (Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, II. 2).
Em particular, descobrimos que a vocação cristã tem sempre uma dimensão profética. Como nos atesta a Escritura, os profetas são enviados ao povo, em situações de grande precariedade material e de crise espiritual e moral, para lhe comunicar em nome de Deus palavras de conversão, esperança e consolação. Como um vento que levanta o pó, o profeta perturba a falsa tranquilidade da consciência que esqueceu a Palavra do Senhor, discerne os acontecimentos à luz da promessa de Deus e ajuda o povo a vislumbrar, nas trevas da história, os sinais duma aurora.
Também hoje temos grande necessidade do discernimento e da profecia, de superar as tentações da ideologia e do fatalismo e de descobrir, no relacionamento com o Senhor, os lugares, instrumentos e situações através dos quais Ele nos chama. Todo o cristão deveria poder desenvolver a capacidade de «ler por dentro» a vida e individuar onde e para quê o está a chamar o Senhor a fim de ser continuador da sua missão.
Viver
Por último, Jesus anuncia a novidade da hora presente, que entusiasmará a muitos e endurecerá a outros: cumpriu-se o tempo, sendo Ele o Messias anunciado por Isaías, ungido para libertar os cativos, devolver a vista aos cegos e proclamar o amor misericordioso de Deus a toda a criatura. Precisamente «cumpriu-se hoje – afirma Jesus – esta passagem da Escritura que acabais de ouvir» (Lc 4, 20).
A alegria do Evangelho, que nos abre ao encontro com Deus e os irmãos, não pode esperar pelas nossas lentidões e preguiças; não nos toca, se ficarmos debruçados à janela, com a desculpa de continuar à espera dum tempo favorável; nem se cumpre para nós, se hoje mesmo não abraçarmos o risco duma escolha. A vocação é hoje! A missão cristã é para o momento presente! E cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimónio, à vida sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de especial consagração – para se tornar testemunha do Senhor, aqui e agora.
Realmente este «hoje» proclamado por Jesus assegura-nos que Deus continua a «descer» para salvar esta nossa humanidade e fazer-nos participantes da sua missão. O Senhor continua ainda a chamar para viver com Ele e segui-Lo numa particular relação de proximidade ao seu serviço direto. E, se fizer intuir que nos chama a consagrar-nos totalmente ao seu Reino, não devemos ter medo. É belo – e uma graça grande – estar inteiramente e para sempre consagrados a Deus e ao serviço dos irmãos!
O Senhor continua hoje a chamar para O seguir. Não temos de esperar que sejamos perfeitos para dar como resposta o nosso generoso «eis-me aqui», nem assustar-nos com as nossas limitações e pecados, mas acolher a voz do Senhor com coração aberto. Escutá-la, discernir a nossa missão pessoal na Igreja e no mundo e, finalmente, vivê-la no «hoje» que Deus nos concede.
Maria Santíssima, a jovem menina de periferia que escutou, acolheu e viveu a Palavra de Deus feita carne, nos guarde e sempre acompanhe no nosso caminho.
Vaticano, 3 de dezembro - I domingo do Advento – de 2017.
Franciscus

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO IV DOMINGO DA PÁSCOA (ANO B)


Jo 10,11-18 Na alocução que precedeu a oração mariana o Santo Padre explicou que a liturgia deste IV Domingo de Páscoa prossegue no intento de ajudar-nos a redescobrir a nossa identidade de discípulos do Senhor Ressuscitado.
Nos Atos dos Apóstolos, continuou, Pedro declara abertamente que a cura do enfermo, operada por ele e da qual fala toda Jerusalém, foi feita em nome de Jesus, porque “em nenhum outro há salvação” (At 4,12).
Naquele homem curado encontra-se cada um de nós – aquele homem é a nossa figura, todos estamos ali –, encontram-se nossas comunidades e cada um pode curar-se das muitas formas de enfermidade espiritual – ambição, preguiça, orgulho – se aceitar colocar confiantemente a própria existência nas mãos do Senhor Ressuscitado.
“Em nome de Jesus Cristo o Nazareno – afirma Pedro – este homem está curado diante de vós.” Mas quem é o Cristo que cura? Em que consiste o ser curado por Ele? De que nos cura? E mediante quais atitudes?
A resposta a todas essas perguntas, disse Francisco, encontramo-la no Evangelho deste domingo, onde Jesus diz: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10,11). Esta auto-apresentação de Jesus não pode ser reduzida a uma sugestão emotiva, sem nenhum efeito concreto! Jesus cura mediante o seu ser pastor que dá a vida.“Dando a sua vida por nós, Jesus diz a cada um: ‘a tua vida vale tanto para mim, que para salvá-la dou todo o meu ser’. É exatamente esse oferecer a sua vida que o torna o Pastor bom por excelência, Aquele que cura, Aquele que nos permite viver uma vida bonita e fecunda.”
Francisco continuou explicando que a mesma página evangélica diz-nos em que condições Jesus pode curar-nos e tornar a nossa vida mais alegre e fecunda: “Eu sou o bom pastor – diz Jesus. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai” (Jo 10, 14-15).
Jesus não fala de um conhecimento intelectual, não, mas de uma relação pessoal, de predileção, de ternura recíproca, reflexo da mesma relação íntima de amor entre Ele e o Pai. Essa é a atitude mediante a qual se realiza uma relação viva com Jesus: deixar-se conhecer por Ele – destacou o Pontífice, acrescentando:“Não fechar-se em si mesmos, abrir-se ao Senhor, para que Ele nos conheça. Ele é atento a cada um de nós, conhece profundamente nosso coração: conhece as nossas qualidades e os nossos defeitos, os projetos que realizamos e as esperanças que foram desiludidas. Mas aceita-nos como somos, também com os nossos pecados, para curar-nos, para perdoar-nos e guia-nos com amor, para que possamos atravessar estradas impérvias sem perder o caminho. Ele acompanha-nos.”
Neste também Dia Mundial de Oração pelas Vocações, disse Francisco, a Virgem Maria interceda a fim de que muitos respondam com generosidade e perseverança ao Senhor que chama a deixar tudo pelo seu Reino.

domingo, 15 de abril de 2018

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO III DOMINGO DA PÁSCOA (ANO B)


Lc 24,35-48 No Evangelho deste terceiro domingo da Páscoa, está a experiência do Ressuscitado feita pelos seus discípulos. “O episódio narrado pelo evangelista Lucas insiste muito no realismo da Ressurreição. De fato, não de trata de uma aparição da alma de Jesus, mas da sua real presença com o corpo ressuscitado”, disse o Pontífice.
Os Apóstolos ficam perturbados com a presença de Jesus, a ponto de pensarem tratar-se de um fantasma.
Cristo decidiu comer o peixe assado para convencê-los de que é Ele. Para Francisco, a insistência de Jesus sobre a realidade da sua Ressurreição ilumina a prespetiva cristã sobre o corpo, que não é um obstáculo ou uma prisão da alma. “O corpo foi criado por Deus e o homem não é completo se não for união de corpo e alma. Jesus, que venceu a morte e ressuscitou em corpo e alma, faz-nos entender que devemos ter uma ideia positiva do nosso corpo”, explicou o Papa.
O corpo pode tornar-se ocasião ou instrumento de pecado, mas o pecado não é provocado pelo corpo, mas pela fraqueza moral.
“Toda a ofensa, ferida ou violência ao corpo do nosso próximo é uma ofensa a Deus criador! O meu pensamento vai, em especial, para as crianças, as mulheres e aos idosos maltratados no corpo. Na carne dessas pessoas nós encontramos o corpo de Cristo.”
Jesus ensinou-nos o amor, disse ainda Francisco, e quer resgatar todos aqueles que experimentam no próprio corpo as escravidões do nosso tempo. O Papa então concluiu:
“Num mundo onde demasiadas vezes prevalecem a prepotência contra os mais fracos e o materialismo que sufoca o espírito, o Evangelho de hoje chama-nos a sermos pessoas capazes de olhar em profundidade, repletas de estupor e de grande alegria por termos encontrado o Senhor ressuscitado.”

domingo, 8 de abril de 2018

II DOMINGO DA PÁSCOA: DOMINGO DEDICADO, PELO PAPA JOÃO PAULO II, À MISERICÓRDIA DIVINA


O 2.º Domingo da Páscoa é dedicado à Misericórdia Divina. A decisão de dedicar o segundo domingo da Páscoa à Misericórdia Divina foi anunciada por João Paulo II a 30 de abril de 2000, durante uma homilia para a canonização da irmã polaca Maria Faustina Kowalska. «É importante, disse, que captemos integralmente a mensagem que nos vem da palavra de Deus, neste segundo Domingo de Páscoa, que doravante, em toda a Igreja, se chamará «Domingo da Misericórdia Divina’».
Podemos atribuir ao Domingo da Divina Misericórdia uma dupla finalidade: a de confiarmos na misericórdia de Deus e a de nós mesmos sermos misericordiosos uns para com os outros. «Sede misericordiosos, como Deus é misericordioso, e como Ele manifestou humanamente a Sua misericórdia no Seu Filho Jesus Cristo. Por conseguinte, disse João Paulo II em 17 de abril de 1988, estai sempre disponíveis a acolher quem errou e perdoai de coração a quem vos ofendeu, assim como Deus Pai vos perdoa e vos acolhe».
A misericórdia tem sido também um dos temas do magistério do Papa Francisco, o apóstolo da cultura do encontro. Propôs a celebração do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, no termo do qual, em 20 de novembro de 2016, publicou a carta apostólica «Misericordia et Misera». «O rosto de Deus, tinha lembrado em 17 de março de 2013, é o de um Pai misericordioso, que tem sempre paciência». «Um pouco de misericórdia, afirmou também, torna o mundo menos frio e mais justo». «Deus, disse no mesmo dia, é o Pai amoroso que nos perdoa sempre, que tem um coração de misericórdia para todos nós. E também nós aprendamos a ser misericordiosos com todos».
Num mundo marcado por gestos de vingança e de violência é imperioso que nós, os cristãos, não vejamos no outro um inimigo mas um irmão. Que vençamos a inimizade com a força do amor. Que cultivemos uma mentalidade e uma prática de não violência, preferindo ao uso da força o caminho do diálogo e a afirmação dos valores. Que sejamos abertos para com os necessitados, os pobres, os marginalizados.
Ser misericordioso é saber perdoar e o perdão é indispensável para uma sadia vida em comunidade. A começar pela mais pequena das comunidades que é o casal.
«O mundo dos homens só poderá tornar-se ‘cada vez mais humano’ quando introduzirmos em todas as relações recíprocas, que plasmam a sua fisionomia moral, o momento do perdão, tão essencial no Evangelho», escreveu João Paulo II em «Deus, Rico em Misericórdia».

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO II DOMINGO DA PÁSCOA (ANO B)


Jo 20,19-31 Inspirando-se no Evangelho deste domingo que descreve a incredulidade de Tomé que diz que acreditaria somente se pusesse “o dedo nas marcas dos pregos" e "a mão no seu lado”, o Papa iniciou a sua reflexão dizendo que “temos de agradecer a Tomé, pois a ele não bastou ouvir dizer dos outros que Jesus estava vivo, e tampouco de vê-Lo em carne e osso, mas quis ver dentro, tocar com a mão nas suas chagas, os sinais do seu amor."
“Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Tomé, o «Dídimo», “é verdadeiramente nosso irmão gêmeo. Pois também a nós não basta saber que Deus existe”: “Um Deus ressuscitado, mas longínquo, não nos preenche a vida; não nos atrai um Deus distante, por mais que seja justo e santo. Não. Nós também precisamos “ver a Deus”, de “tocar com a mão” que Ele tenha ressuscitado por nós”. E podemos vê-Lo, “através das suas chagas”. “Entrar nas suas chagas significa contemplar o amor sem medidas que brota do seu coração.  Este é o caminho. Significa entender que o seu coração bate por mim, por ti, por cada um de nós. Queridos irmãos e irmãs, podemos considerar-nos e chamar-nos cristãos, e falar sobre muitos e belos valores da fé, mas, como os discípulos, precisamos ver Jesus tocando o seu amor. Só assim podemos ir ao coração da fé e, como os discípulos, encontrar uma paz e uma alegria mais fortes do que qualquer dúvida”.
O Papa a seguir, chamou a atenção para o pronome usado por Tomé ao exclamar «Meu Senhor e meu Deus!»: “Trata-se de um pronome possessivo e, se refletimos sobre isso, podia parecer descabido referi-lo a Deus: como Deus pode ser meu? Como posso fazer que o Todo-poderoso seja meu? Na realidade, dizendo meu, não profanamos a Deus, mas honramos a sua misericórdia, pois foi Ele que quis “fazer-se nosso””.
Deus – ressaltou o Pontífice – “não se ofende por ser “nosso”, pois o amor exige familiaridade, a misericórdia requer confiança”, como Ele mesmo se apresenta no primeiro dos Dez Mandamentos e também a Tomé:
“Entrando hoje, através das chagas, no mistério de Deus, entendemos que a misericórdia não é mais uma das suas qualidades, entre outras, mas o palpitar do seu coração. E então, como Tomé, não vivemos mais como discípulos vacilantes; devotos, mas hesitantes; nós também nos tornamos verdadeiros enamorados do Senhor! Não tenhamos medo desta palavra: enamorados do Senhor!”
Mas, “como saborear este amor, como tocar hoje com a mão a misericórdia de Jesus?” Logo depois de ressuscitar – explica o Papa – Jesus “dá o Espírito para perdoar os pecados”. “Para experimentar o amor, é preciso passar por ali. Eu me deixo perdoar? Mas, Padre, ir confessar-se parece difícil. Diante de Deus, somos tentados a fazer como os discípulos no Evangelho: trancarmo-nos por detrás de portas fechadas. Eles faziam isso por temor e nós também temos medo, vergonha de abrir-nos e contar os nossos pecados. Que o Senhor nos dê a graça de compreender a vergonha: de vê-la não como uma porta fechada, mas como o primeiro passo do encontro".
Sentir-se envergonhados, reitera Francisco, é um motivo para sermos agradecidos, pois “quer dizer que não aceitamos o mal, e isso é bom”. “A vergonha é um convite secreto da alma que tem necessidade do Senhor para vencer o mal.” "O drama está quando não se sente vergonha por coisa alguma. Nós não devemos ter medo de sentir vergonha! E passemos da vergonha ao perdão!
Mas diante deste perdão do Senhor, há uma porta fechada: a resignação, experimentada pelos discípulos quando “na Páscoa, já não contavam que tudo voltasse a ser como antes e ainda estavam lá, em Jerusalém, desalentados; o “capítulo Jesus” parecia terminado e, depois de tanto tempo com Ele, nada tinha mudado”.
O mesmo pode ocorrer connosco. Mesmo sendo cristãos há muito tempo, parece que nada muda, “cometo sempre os mesmos pecados”, e desalentados, “renunciamos à misericórdia”. “Entretanto, o Senhor nos interpela: “Não acreditas que a misericórdia é maior do que a tua miséria? Estás reincidente no pecado? Sê reincidente em clamar por misericórdia, e veremos quem leva a melhor!”. E depois – quem conhece o sacramento do perdão sabe-o bem – não é verdade que tudo permaneça como antes”.
“Em cada perdão – recordou o Papa -  recebemos novo alento, somos encorajados, pois nos sentimos cada vez mais amados, mais abraçados pelo Pai:
“E quando, nos sentindo amados e caímos mais uma vez, sentimos mais dor do que antes. É uma dor benéfica, que lentamente nos separa do pecado. Descobrimos então que a força da vida é receber o perdão de Deus, e seguir em frente, de perdão em perdão. E assim segue a vida: de vergonha em vergonha, de perdão em perdão. E esta é a vida cristã”. Mas há uma outra porta fechada, muitas vezes “blindada”:  o nosso pecado. “Quando cometo um grande pecado, se eu, com toda a honestidade, não quero me perdoar, por que o faria Deus?”, pergunta o Papa, que explica: “Esta porta, no entanto, está fechada só de um lado: o nosso; para Deus nunca é intransponível. Ele, como nos ensina o Evangelho, adora entrar justamente através “das portas fechadas”, quando todas as passagens parecem bloqueadas. Lá Deus faz maravilhas”.
“Ele nunca decide separar-se de nós, somos nós que o deixamos do lado de fora”:
Mas quando nos confessamos, tem lugar o inaudito: descobrimos que precisamente aquele pecado, que nos mantinha distantes do Senhor, converte-se no lugar do encontro com Ele. Ali o Deus ferido de amor vem ao encontro das nossas feridas. E torna as nossas chagas miseráveis semelhantes às suas chagas gloriosas. Existe uma transformação: a minha mísera chaga assemelha-se às suas chagas gloriosas. Pois Ele é misericórdia e faz maravilhas nas nossas misérias. Como Tomé, peçamos hoje a graça de reconhecer o nosso Deus: de encontrar no seu perdão a nossa alegria;  de encontrar na sua misericórdia a nossa esperança”.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

CONSIGNAR 0,5% DO IRS AO CENTRO SOCIAL PAROQUIAL DE CRISTO REI


A consignação de 0,5% do seu IRS é um gesto simples e gratuito que lhe permite ajudar, sem ter que gastar. 
Não lhe custa nada e ajuda muitas pessoas carenciadas!
O Centro Social Paroquial de Cristo Rei com mais de 30 anos de existência é uma Instituição Particular de Solidariedade Social sem fins lucrativos que além do Centro Comunitário tem as valências de Creche, Jardim de Infância, CATL, Apoio Domiciliário a idosos e doentes e trabalha num dos bairros mais pobres de Almada.


Para apoiar o CENTRO SOCIAL PAROQUIAL DE CRISTO REI, basta preencher o campo 11 do modelo 3 na sua Declaração de IRS com o número 501723374 e escolher “IRS”.

Para além da consignação gratuita do IRS, se quiser ser mais generoso, este ano ainda tem a possibilidade de nos ajudar com a devolução do IVA prevista na lei.
Neste caso está a abdicar deste benefício fiscal entregando-o como donativo à nossa instituição. Para o fazer, basta selecionar também a opção "IVA"



11   
CONSIGNAÇÃO DE 0,5% DO IRS/CONSIGNAÇÃO DO BENEFÍCIO DE 15% DO IVA SUPORTADO
ENTIDADES BENEFICIÁRIAS

Instituições religiosas (art.º 32.º, n.º 4, da Lei n.º 16/2001, de 22 de junho)                  

1101
          NIF

501723374
IRS

X
IVA

X
Instituições particulares de solidariedade social ou pessoas coletivas de utilidade pública
X
 (art.º 32.º, n.º 6, da Lei n.º 16/2001, de 22 de junho)



Caso esteja abrangido pelo IRS automático basta que faça a Consignação antes de submeter a sua Declaração.

domingo, 1 de abril de 2018

MENSAGEM DE PÁSCOA DE D. JOSÉ ORNELAS, BISPO DE SETÚBAL


O mistério da Páscoa que estamos a celebrar constitui a maior festa do calendário cristão, pois situa-nos no centro da existência humana, da sua beleza e maravilhosa capacidade; das suas fragilidades e dramas; dos seus sonhos e esperanças. Por isso, não se refere apenas ao Domingo de Páscoa. Começa precisamente com a celebração do dom do pão-amor de Deus oferecido e partilhado, na última ceia de Jesus com os discípulos (ao cair da Quinta-feira), aprofunda-se no drama do seu sofrimento e morte (na Sexta-feira) e revela-se, como destino final e pleno, na ressurreição (noite de Sábado e Domingo).
Para falar de ressurreição e vida há que assumir o drama do sofrimento e da morte. Iludidos por aplicações informáticas que fazem tudo e no momento, e por promessas populistas  e ilusórias de sucesso e felicidade sem custo nem dor, esquecemo-nos, por vezes, que o sofrimento e o esforço fazem parte do nascer e desenvolver da felicidade e da vida; que a luta é parte da vitória; que o aprender exige esforço e disciplina; que o amor tem a atração fascinante do namoro, mas requer perseverança, paciência e perdão; que acabar com a injustiça e corrupção pode custar ódios e vinganças fatais; que enfrentar ideologias e ditadores, gananciosos e fanáticos, pode levar facilmente a perseguição, tortura e morte.
Há sofrimentos inscritos na fragilidade do nosso ser humano e do seu ambiente, como os desastres naturais, a doença, as dificuldades de relações importantes. Há sofrimentos malditos, da parte dos que os causam e infligem, na exploração, na injustiça, na violência e na guerra, que levam à destruição e à morte. Mas, todos eles, podem ser redentores para aqueles que os percorrem e deles beneficiam, como caminhos de fidelidade, coerência, liberdade, amor e fé.
Foi assim que Jesus viveu a Sua vida. Passou pela morte e chegou à ressurreição que celebramos na Páscoa.
Ele não apostou nos jogos do sucesso fácil, da ilusão, do poder dominador, do lucro ganancioso, da violência destruidora, claramente mortais e geradores de morte.
Também não virou a cara para o lado, não se resignou nem acobardou diante da miséria, da injustiça, da violência dos dominadores e causadores de sofrimento e de morte.
Assumiu todos os nossos dramas: os que vêm da natureza frágil do mundo e do nosso ser, bem como dos muitos outros que criamos com o nosso egoísmo, ganância e injustiça.
Abriu, através deles, um caminho novo de transformação deste mundo e de abertura a outros horizontes que, para saciarem a nossa sede de felicidade e de vida, têm de ser de um Ser Novo e um Mundo Novo, em Deus.
O sofrimento e a morte de Jesus são revelação e parte da mesma medalha da ressurreição, do amor poderoso e libertador de Deus. A sua condenação injusta, a tortura a que foi submetido e a morte infligida mostram a sua liberdade, a sua fidelidade e coerência, e sobretudo o seu amor inquebrantável a Deus, Senhor da Vida, e a toda a humanidade frágil. Esse sofrimento e essa morte são parte da ressurreição transformadora do próprio Jesus e do mundo.
Para não estragar a festa, não cedamos à tentação de colocar cortinas brancas e floridas a tapar as feridas ainda abertas dos incêndios do Verão, dos que não têm abrigo, pão e emprego; das crianças famintas e bombardeadas da Síria e das esquecidas e frustradas no mundo;  das nossas eventuais crises de família, de doença, de abandono e solidão; das nossas incapacidades políticas e sociais para criar um mundo mais justo e fraterno; das nossas resistências a dar vida a uma Igreja mais materna, carinhosa e aberta às dores e fragilidades de quem precisa…
Nisso, e através disso, há-de passar a Páscoa: como libertação de todas as escravidões, a começar pela do egoísmo e isolamento pessoal; como gosto de semear e ajudar a crescer e partilhar; como alegria de abraçar, reconciliar e acender sorrisos e esperanças; como carinho de cuidar de fragilidades e levantar de quedas; como coragem de denunciar injustiças e construir entendimentos e paz… como confiança de confiar num Deus Poderoso pelo seu amor e carinho de Pai, sem o qual não há felicidade consistente, alegria que dure, morte como caminho de acesso à Vida.

A TODOS DESEJO 
BOAS FESTAS DE PÁSCOA
DA MORTE E RESSURREIÇÃO DO SENHOR!
+ José Ornelas Carvalho
Bispo de Setúbal






MENSAGEM DE PÁSCOA DO PAPA FRANCISCO (1.04.2018)



“Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, boa Páscoa!

Que grande alegria é para mim poder dar-vos este anúncio: Cristo ressuscitou! Queria que chegasse a cada casa, a cada família e, especialmente onde há mais sofrimento, aos hospitais, às prisões... Sobretudo queria que chegasse a todos os corações, porque é lá que Deus quer semear esta Boa Nova: Jesus ressuscitou, uma esperança despertou para ti, já não estás sob o domínio do pecado, do mal! Venceu o amor, venceu a misericórdia! Também nós, como as mulheres discípulas de Jesus que foram ao sepulcro e o encontraram vazio, nos podemos interrogar que sentido tenha este acontecimento (cf. Lc 24, 4). Que significa o fato de Jesus ter ressuscitado? Significa que o amor de Deus é mais forte que o mal e a própria morte; significa que o amor de Deus pode transformar a nossa vida, fazer florir aquelas parcelas de deserto que ainda existem no nosso coração. Este mesmo amor pelo qual o Filho de Deus Se fez homem e prosseguiu até ao extremo no caminho da humildade e do dom de Si mesmo, até a morada dos mortos, ao abismo da separação de Deus, este mesmo amor misericordioso inundou de luz o corpo morto de Jesus e transfigurou-o, o fez passar à vida eterna. Jesus não voltou à vida que tinha antes, à vida terrena, mas entrou na vida gloriosa de Deus e o fez com a nossa humanidade, abrindo-nos um futuro de esperança. Eis o que é a Páscoa: é o êxodo, a passagem do homem da escravidão do pecado, do mal, à liberdade do amor, do bem. Porque Deus é vida, somente vida, e a sua glória é o homem vivo (cf. Ireneu, Adversus haereses, 4, 20, 5-7). Amados irmãos e irmãs, Cristo morreu e ressuscitou de uma vez para sempre e para todos, mas a força da Ressurreição, esta passagem da escravidão do mal à liberdade do bem, deve realizar-se em todos os tempos, nos espaços concretos da nossa existência, na nossa vida de cada dia. Quantos desertos tem o ser humano de atravessar ainda hoje! Sobretudo o deserto que existe dentro dele, quando falta o amor a Deus e ao próximo, quando falta a consciência de ser guardião de tudo o que o Criador nos deu e continua a dar. Mas a misericórdia de Deus pode fazer florir mesmo a terra mais árida, pode devolver a vida aos ossos ressequidos (cf. Ez 37, 1-14). Eis, portanto, o convite que dirijo a todos: acolhamos a graça da Ressurreição de Cristo! Deixemo-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que a força do seu amor transforme também a nossa vida, tornando-nos instrumentos desta misericórdia, canais através dos quais Deus possa irrigar a terra, guardar a criação inteira e fazer florir a justiça e a paz.E assim, a Jesus ressuscitado que transforma a morte em vida, peçamos para mudar o ódio em amor, a vingança em perdão, a guerra em paz. Sim, Cristo é a nossa paz e, por seu intermédio, imploramos a paz para o mundo inteiro. Paz para o Oriente Médio, especialmente entre israelitas e palestinos, que sentem dificuldade em encontrar a estrada da concórdia, a fim de que retomem, com coragem e disponibilidade, as negociações para pôr termo a um conflito que já dura há demasiado tempo. Paz no Iraque, para que cesse definitivamente toda a violência, e sobretudo para a amada Síria, para a sua população vítima do conflito e para os numerosos refugiados, que esperam ajuda e conforto. Já foi derramado tanto sangue… Quantos sofrimentos deverão ainda atravessar antes de se conseguir encontrar uma solução política para a crise? Paz para a África, cenário ainda de sangrentos conflitos: no Mali, para que reencontre unidade e estabilidade; e na Nigéria, onde infelizmente não cessam os atentados, que ameaçam gravemente a vida de tantos inocentes, e onde não poucas pessoas, incluindo crianças, são mantidas como reféns por grupos terroristas. Paz no leste da República Democrática do Congo e na República Centro-Africana, onde muitos se vêem forçados a deixar as suas casas e vivem ainda no medo. Paz para a Ásia, sobretudo na península coreana, para que sejam superadas as divergências e amadureça um renovado espírito de reconciliação. Paz para o mundo inteiro, ainda tão dividido pela ganância de quem procura lucros fáceis, ferido pelo egoísmo que ameaça a vida humana e a família – um egoísmo que faz continuar o tráfico de pessoas, a escravatura mais extensa neste século vinte e um. Paz para todo o mundo dilacerado pela violência ligada ao narcotráfico e por uma iníqua exploração dos recursos naturais. Paz para esta nossa Terra! Jesus ressuscitado leve conforto a quem é vítima das calamidades naturais e nos torne guardiões responsáveis da criação. Amados irmãos e irmãs, originários de Roma ou de qualquer parte do mundo, a todos vós que me ouvis, dirijo este convite do Salmo 117: «Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterno o seu amor. Diga a casa de Israel: É eterno o seu amor» (vv. 1-2)”.