Mt 22,34-40 Antes da oração mariana do Angelus e dirigindo-se
aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos da Praça de S. Pedro, o Papa
Francisco comentou a liturgia deste domingo, XXX do TC, que nos apresenta,
disse, o breve texto de Mateus em que os fariseus se reúnem para experimentar
Jesus e um deles, doutor da lei, lhe pergunta, qual era o maior mandamento da
Lei.
Uma pergunta insidiosa, observou o Papa, porque na
lei de Moisés são mencionados mais de seiscentos preceitos. Como distinguir,
então, entre todos estes, o maior mandamento? Mas, sem hesitar, Jesus
responde:
"Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu
coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente". E acrescenta:
"Amarás o teu próximo como a ti mesmo".
A resposta de Jesus não era assim tão simples e
garantida, prosseguiu o Pontífice, pois entre os muitos preceitos da lei
judaica, os mais importantes eram os dez Mandamentos, comunicados directamente
por Deus a Moisés, como condições do pacto de aliança com o povo. Mas Jesus
quer fazer entender que, sem o amor de Deus e do próximo, não existe verdadeira
fidelidade a esta aliança com o Senhor:
“Isto é confirmado por um outro texto do Livro do
Êxodo, conhecido como "Código da Aliança", onde se diz que não se
pode estar na Aliança com o Senhor e maltratar aqueles que gozam da sua
protecção: a viúva, o órfão e o estrangeiro, ou seja, as pessoas mais sozinhas
e indefesas”.
E Jesus tinha vivido mesmo assim a sua vida:
pregando e fazendo aquilo que realmente conta e é essencial, isto é, o amor,
porque o amor dá impulso e fecundidade à vida e ao caminho da fé: sem amor, a
vida e a fé permanecem estéreis.
O que Jesus propõe neste evangelho, disse ainda o
Papa, é um ideal maravilhoso que corresponde ao desejo mais autêntico do nosso
coração, porque fomos criados para amar e ser amados:
“Deus, que é Amor, criou-nos para nos fazer
participantes da sua vida, para sermos amados por Ele e para O amarmos, e para
amarmos com Ele todas as outras pessoas. Este é o "sonho" de Deus
para o homem”.
E, para realizar o sonho de Deus, precisamos da sua
graça, precisamos receber em nós a capacidade de amar que vem do próprio Deus,
e que Jesus nos oferece na Eucaristia, onde recebemos Jesus na expressão máxima
do seu amor, quando Ele se ofereceu ao Pai para a nossa salvação.
Que a Virgem Santa nos ajude a acolher na nossa
vida o "grande mandamento" do amor a Deus e ao próximo. Pois, embora
o conheçamos desde quando éramos crianças, nunca acabaremos de nos converter a
ele e de o pôr em prática nas diferentes situações em que nos encontramos.