Jo 20,1-9 Na Missa presidida na Praça São Pedro neste Domingo
de Páscoa, o Papa Francisco exortou os fiéis a repetirem em casa: “Cristo
ressuscitou!”, mesmo diante das vicissitudes da vida.
“O caminho em direção ao sepulcro é a derrota, é o
caminho da derrota”, disse o Papa, falando de forma espontânea. E remetendo-se
à cena de Pedro, João e as mulheres diante do sepulcro vazio, observou que
“foram com o coração fechado pela tristeza, a tristeza de uma derrota, o
Mestre, o seu Mestre, aquele que tanto amavam, foi derrotado”.
“Mas o Anjo diz a eles: “Não está aqui,
ressuscitou!”. É o primeiro anúncio, ressuscitou! E depois a confusão, o
coração fechado, as aparições”, completou Francisco.
E diante de nossas derrotas, de nossos corações
amedrontados, fechados, a Igreja não cessa de repetir: “Pare! O Senhor
ressuscitou!”.
“Mas se o Senhor ressuscitou, como acontecem estas
coisas? – questiona-se Francisco. Como acontecem tantas desgraças:
doenças, tráfico de pessoas, guerras, destruições, mutilações, vinganças, ódio?
Onde está o Senhor?”.
O Papa ilustra esta dúvida que percorre o coração
de tantos de nós em meios às vicissitudes da vida, contando o telefonema a um
jovem italiano na tarde de sábado, acometido de uma doença grave, para dar um
sinal de fé: “Um jovem culto, um engenheiro. Disse-lhe: “Mas, não
existem explicações para aquilo que acontece contigo. Olha para Jesus na Cruz.
Deus fez isto com o seu Filho e não existe outra explicação!”. E ele me
respondeu: “Sim! Mas perguntou ao Filho e o Filho disse que sim. Mas eu não fui
perguntado se eu desejava isto!”.
“Isto nos comove – disse Francisco. A nenhum de nós
é perguntado: “Estás contente com aquilo que acontece no mundo?
Estás disposto a carregar esta Cruz?”. E esta Cruz acompanha. E a fé em Jesus arrefece”!
“Mas hoje – reitera o Pontífice - a Igreja continua
a dizer: “Pára! Jesus Ressuscitou!” E isto não é uma fantasia, a Ressurreição
de Cristo não é uma festa com muitas flores. Isto é bonito, mas não é só, é
mais do que isto. É o mistério da pedra descartada que se torna o alicerce da
nossa existência. Cristo Ressuscitou, este é o significado”.
“Nesta cultura do descarte, onde o que não serve
segue pelo caminho do “usa e joga fora”, onde o que não serve é descartado,
aquela pedra descartada torna-se fonte de vida”: “E nós, também nós,
pedrinhas por terra, nesta terra de dor, tragédias, com a fé em Cristo Ressuscitado,
temos um sentido, no meio de tanta calamidade. O sentido de olhar além, o
sentido de dizer: “Olha, não existe uma parede; existe um horizonte,
existe a vida, existe a alegria, existe a Cruz com esta ambivalência.
Olha em frente. Não se feche! Tu, pedrinha, tens um sentido na vida porque és
uma pedrinha junto àquela pedra, aquela pedra que a maldade do pecado
descartou”.
“O que nos diz a Igreja hoje diante de tanta
tragédia? Simplesmente isto. A pedra descartada não resulta descartada.
As pedrinhas que creem e que se apegam àquela pedra não são descartados, têm um
sentido, e com este sentimento a Igreja repete, mas de dentro do coração:
“Cristo ressuscitou!”.
Ao concluir, o Papa Francisco pediu a cada um de
nós: “Pensemos um pouco, cada um de nós, nos problemas cotidianos, nas doenças
que temos e que alguns de nossos parentes têm, nas guerras, nas tragédias
humanas. E simplesmente, com voz humilde, sem flores, sózinhos, diante de nós
mesmos: “Não sei como vai acabar isto, mas estou certo de que Cristo
Ressuscitou. Eu aposto nisto! Irmãos e irmãs, em casa hoje, repitam no vosso
coração, Cristo ressuscitou!”.