Lc. 19, 1 –
10 O Papa comentou o evangelho deste domingo, em que São Lucas narra um
episódio da vida de Jesus ocorrido em Jericó, onde vivia Zaqueu, um dos chefes
de cobradores de impostos. Rico e colaborador dos romanos que ocupavam a
região, Zaqueu não podia aproximar-se de Jesus devido aos seus pecados e ainda
por cima era de estatura baixa. Então subiu para cima de uma árvore, um
sicómoro, à beira da estrada por onde o Mestre ia passar. Ao vê-lo Jesus
disse-lhe para descer porque queria parar na sua casa.
Tudo isto acontece antes de se dar em Jerusalém a
condenação, a morte na cruz e a ressurreição de Jesus. Em poucas palavras, o
desígnio da salvação da misericórdia do Pai para com a humanidade – comenta o
Papa, acrescentando que nesse desígnio está também a salvação de Zaqueu, um
homem desonesto e desprezado por todos e por isso mesmo necessitado de
conversão.
Mas a multidão não compreende porque é que Jesus
entra na casa dum pecador e murmura. Guiado pela misericórdia, Jesus procurava
precisamente Zaqueu, para fazer compreender que o Filho do homem veio procurar
e salvar quem estava perdido.
Se Jesus tivesse posto em evidência os pecados de
Zaqueu – disse o Papa, a multidão teria aplaudido, mas como o acolheu e parou
na sua casa, murmurou.
Por vezes, prosseguiu o Papa na sua reflexão,
procuramos corrigir e converter um pecador, repreendendo-o, fazendo-lhe notar
os seus erros e seu comportamento injusto. Mas a atitude de Jesus em relação a
Zaqueu indica-nos um outro caminho: “O de mostrar a quem erra o seu valor,
aquele valor que Deus continua a ver não obstante tudo. Isto pode provocar uma
surpresa positiva, que enternece o coração e leva a pessoa a trazer ao de cima
o bom que tem em si. É o dar confiança às pessoas que as faz crescer e mudar. É
assim que Deus se comporta com todos nós, não fica bloqueado pelo pecado, mas
supera-o com o amor e nos faz sentir a nostalgia do bem”.
Que Nossa Senhora nos ajude a ver o bom que há nas
pessoas que encontramos no dia a dia, a fim de que todos sejamos encorajados a
fazer emergir a imagem de Deus no nosso coração. E assim possamos alegrar-nos
pela surpresa da misericórdia de Deus – rematou o Papa.