Lc 2,41-52 Hoje, no último Angelus de 2018, o
Papa Francisco dedicou sua reflexão à Sagrada Família, festejada pela Igreja
neste domingo.
Mas o Papa recordou também as famílias com
problemas, convidando-nos a aprendermos a maravilharmo-nos com as coisas boas
que os outros têm, especialmente com quem nos é mais difícil.
Dirigindo-se aos milhares de peregrinos presentes
na Praça São Pedro, o Pontífice chamou a atenção para dois elementos presentes
na narrativa de São Lucas: estupor e angústia.
De fato, a família de Nazaré foi à Jerusalém para a
Festa da Páscoa, mas na viagem de retorno, Maria e José percebem que o filho de
doze anos não está na caravana, e depois “de três dias de busca e de medo, encontram-no
no templo, sentado entre os doutores, decidido a discutir com eles”. Maria e
José ficam "admirados" com a cena e Maria diz a Jesus que José e ela
ficaram angustiados à sua procura.
Nunca faltou o estupor na família de Nazaré –
explicou o Papa – que é “a capacidade de se maravilhar diante da gradual
manifestação do Filho de Deus”. Também os doutores no templo ficaram admirados
"com a sua inteligência e as suas respostas".
Maravilhar-se – observou Francisco - é o oposto de
tomar tudo como certo, de interpretar a realidade que nos rodeia e os
acontecimentos da história somente segundo os nossos critérios:
“Maravilhar-se é abrir-se aos outros,
compreender as razões dos outros: essa atitude é importante para curar
relacionamentos comprometidos entre as pessoas e é também indispensável para
curar feridas abertas no âmbito familiar”.
O Papa recordou então, que quando existem problemas
nas famílias, nós sempre achamos que temos razão e fechamos as portas aos
outros, mas deveríamos, pelo contrário, pensar o que é que a outra pessoa tem
de bom e se maravilhar por este "bom". E explicou: "Isto
ajuda a unidade da família. Se vocês têm problemas na família, pensem nas
coisas boas que tem a pessoa da família com a qual vocês têm problemas, e se
maravilhem com isto. E isto ajudará a curar as feridas familiares".
O Papa fala então da angústia que José e Maria
sentiram com a perda do filho, o que “manifesta a centralidade de Jesus na
Sagrada Família”:
“A Virgem e seu esposo haviam acolhido aquele
Filho, protegiam-no e viam-no a crescer em idade, sabedoria e graça no meio deles,
mas acima de tudo ele crescia dentro de seus corações; e, pouco a pouco,
aumentava o seu afeto e a sua compreensão em relação a ele”.
“Eis porque a família de Nazaré é santa: por
estar centrada em Jesus - todas as atenções e solicitudes de Maria e José eram
dirigidas a ele ”
Esta mesma angústia de Maria e José, disse
Francisco, deveria ser experimentada também por nós, “quando estamos distantes
dele”: “Deveríamos ficar angustiados quando por mais de três dias nos
esquecemos de Jesus, sem rezar, sem ler o Evangelho, sem sentir a necessidade
de sua presença e de sua amizade consoladora”. E tantas vezes passam os dias
sem que eu me recorde de Jesus. Isso é feio, é muito feio. Deveríamos nos
angustiar quando estas coisas acontecem."
Assim como Maria e José o encontraram no templo
ensinando - ressaltou o santo Padre - também nós “podemos encontrar o
divino Mestre e acolher a sua mensagem de salvação”, na Casa de Deus: “Na
celebração eucarística, fazemos experiência viva de Cristo; Ele nos fala, nos
oferece a sua Palavra, nos ilumina, nos ilumina o nosso caminho, nos dá o seu
corpo na Eucaristia, da qual tiramos força para enfrentar as dificuldades de
todos os dias”.
Ao concluir, o Santo Padre convidou todos a rezar
“por todas as famílias do mundo, especialmente por aquelas em que, por várias
razões, há falta de paz e harmonia confiando-as à proteção da Sagrada Família
de Nazaré”.