domingo, 24 de abril de 2016

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO V DOMINGO DA PÁSCOA (ANO C)

Jo 13,31-33a.34-35 Hoje, a homilia do Sumo Pontífice foi inspirada no Evangelho do dia, no mandamento de Jesus aos discípulos, "amai-vos uns aos outros, como eu vos ameis".
“O amor é a carteira de identidade do cristão, é o único ‘documento’ válido para sermos reconhecidos como discípulos de Jesus. Se este documento perde a validade e não for renovado, deixamos de ser testemunhas do Mestre”, disse Francisco, que reconheceu que amar não é fácil. É exigente e requer esforço, pois significa oferecer algo de nós mesmos: o próprio tempo, a própria amizade e as próprias capacidades. Não é o amor das novelas. É livre, porque não possui.
O segredo para amar é Jesus, acrescentou o Papa, que oferece o dom maior, um dom para a vida: Ele nos oferece uma amizade fiel, da qual nunca nos privará. A principal ameaça que impede de crescer como se deve é ninguém se importar connosco, é nos sentirmos deixados de lado. Ao contrário, o Senhor está sempre connosco. Ele espera-nos pacientemente e aguarda o nosso «sim».
Francisco falou ainda do desejo de liberdade que os adolescentes sentem. Ser livre, afirmou ele, não significa fazer aquilo que se quer, mas é o dom de poder escolher o bem: é livre quem procura aquilo que agrada a Deus, mesmo que nos obrigue a escolhas corajosas. Ser livre é saber dizer sim e não. “Não se contentem com a mediocridade, ficando comodos e sentados; não confiem em quem vos distrai da verdadeira riqueza, dizendo que a vida só é bela se se possuir bens materiais. A felicidade não tem preço, nem se comercializa; não é um ‘aplicativo’ que se baixa no celular: nem a versão mais atualizada os ajudará a torná-los livres e grandes no amor.”
Com efeito, o amor é o dom livre de quem tem o coração aberto; é uma responsabilidade que dura toda a vida; é um compromisso diário, feito também de sonhos. "Ai dos jovens que não sabem sonhar. Se um jovem não sonha, já está aposentado." O amor não se realiza falando dele, mas colocando-o em prática! Para crescer no amor, o segredo também é o Senhor. “Quando parecer difícil dizer não àquilo que é errado, ergam os olhos para a cruz de Jesus e não larguem a sua mão que os conduz para o alto”, indicou o Papa. Esta mão que, muitas vezes, pode ser a de um pai, de uma mãe ou de um amigo para não nos deixar caídos. "Deus nos quer em pé, sempre."
Mas também para amar é preciso treino, disse Francisco, como os campeões desportivos, começando desde já com empenho e afinco. Como programa diário desse treino, o Papa sugeriu as obras de misericórdia. “Assim, se tornarão campeões de vida, campeões do amor, e serão reconhecidos como discípulos de Jesus. E garanto-vos: a vossa alegria será completa.”

domingo, 17 de abril de 2016

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO IV DOMINGO DA PÁSCOA (ANO C)


Jo 10,27-30 Neste IV Domingo da Páscoa a alocução do Santo Padre que precedeu a oração teve como pano de fundo a apresentação de Jesus no Templo, quando Ele se identifica como o Bom Pastor.
“As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas seguem-me. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais perecerão, e ninguém as arrebatará de minha mão”, recordou o Papa citando a passagem do Evangelho de São João deste domingo.
“Estas palavras nos ajudam a compreender que ninguém se pode dizer seguidor de Jesus, se não presta atenção à Sua voz. E este ‘ouvinte’ não deve ser interpretado de maneira superficial, mas envolvente, a ponto de tornar possível um verdadeiro conhecimento recíproco, do qual pode surgir um seguimento generoso, expresso nas palavras ‘e elas seguem-me’ . Trata-se de escutar não somente com o ouvido, mas com o coração”, frisou o Pontífice.
Se Cristo é o nosso  Salvador e afirma que ninguém nem nada poderá nos arrebatar das suas mãos – acrescentou o Papa – então “estas palavras nos comunicam um sentido de certeza absoluta e de ternura imensa”.
“A nossa vida está plenamente segura nas mãos de Jesus e do Pai, que são uma coisa só: um único amor, uma única misericórdia, revelados para sempre no sacrifício da cruz. Para salvar as ovelhas perdidas que somos todos nós, o Pastor fez-se cordeiro e deixou-se imolar para tomar para si e tirar os pecados do mundo. Deste modo Ele nos doou a vida, a vida em abundância!”
Mistério que se renova “em uma humildade sempre surpreendente”, no altar da eucaristia, afirmou o Papa.
“Por isso não temos mais medo: a nossa vida já foi salva da perdição. Nada nem ninguém nos poderá arrebatar das mãos de Jesus, porque nada nem ninguém pode vencer o seu amor. O maligno, o grande inimigo de Deus e das suas criaturas, tenta de muitos modos nos arrebatar a vida eterna. Mas o maligno nada pode se não somos nós a abrir-lhe as portas da nossa alma, seguindo suas mentiras enganadoras”.

sábado, 16 de abril de 2016

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 53º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 53º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES 

 
(17 de Abril de 2016 - IV Domingo da Páscoa)
Tema: «A Igreja, mãe de vocações»
Amados irmãos e irmãs!
Como gostaria que todos os baptizados pudessem, no decurso do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, experimentar a alegria de pertencer à Igreja! E pudessem redescobrir que a vocação cristã, bem como as vocações particulares, nascem no meio do povo de Deus e são dons da misericórdia divina! A Igreja é a casa da misericórdia e também a «terra» onde a vocação germina, cresce e dá fruto.
Por este motivo, dirijo-me a todos vós, por ocasião deste 53º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, convidando-vos a contemplar a comunidade apostólica e a dar graças pela função da comunidade no caminho vocacional de cada um. Na Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, recordei as palavras de São Beda, o Venerável, a propósito da vocação de São Mateus: «Miserando atque eligendo» (Misericordiae Vultus, 8). A acção misericordiosa do Senhor perdoa os nossos pecados e abre-nos a uma vida nova que se concretiza na chamada ao discipulado e à missão. Toda a vocação na Igreja tem a sua origem no olhar compassivo de Jesus. A conversão e a vocação são como que duas faces da mesma medalha, interdependentes continuamente em toda a vida do discípulo missionário.
O Beato Paulo VI, na Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, descreveu os passos do processo da evangelização. Um deles é a adesão à comunidade cristã (cf. n. 23), da qual se recebeu o testemunho da fé e a proclamação explícita da misericórdia do Senhor. Esta incorporação comunitária compreende toda a riqueza da vida eclesial, particularmente os Sacramentos. A Igreja não é só um lugar onde se crê, mas também objecto da nossa fé; por isso, dizemos no Credo: «Creio na Igreja».
A chamada de Deus acontece através da mediação comunitária. Deus chama-nos a fazer parte da Igreja e, depois dum certo amadurecimento nela, dá-nos uma vocação específica. O caminho vocacional é feito juntamente com os irmãos e as irmãs que o Senhor nos dá: é uma con-vocação. O dinamismo eclesial da vocação é um antídoto contra a indiferença e o individualismo. Estabelece aquela comunhão onde a indiferença foi vencida pelo amor, porque exige que saiamos de nós mesmos, colocando a nossa existência ao serviço do desígnio de Deus e assumindo a situação histórica do seu povo santo.
Neste Dia dedicado à oração pelas vocações, desejo exortar todos os fiéis a assumirem as suas responsabilidades no cuidado e discernimento vocacionais. Quando os Apóstolos procuravam alguém para ocupar o lugar de Judas Iscariotes, São Pedro reuniu cento e vinte irmãos (cf. Act 1, 15); e, para a escolha dos sete diáconos, foi convocado o grupo dos discípulos (cf. Act 6, 2). São Paulo dá a Tito critérios específicos para a escolha dos presbíteros (cf. Tt 1, 5-9). Também hoje, a comunidade cristã não cessa de estar presente na germinação das vocações, na sua formação e na sua perseverança (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 107).
A vocação nasce na Igreja. Desde o despertar duma vocação, é necessário um justo «sentido» de Igreja. Ninguém é chamado exclusivamente para uma determinada região, nem para um grupo ou movimento eclesial, mas para a Igreja e para o mundo. «Um sinal claro da autenticidade dum carisma é a sua eclesialidade, a sua capacidade de se integrar harmonicamente na vida do povo santo de Deus para o bem de todos» (Ibid., 130). Respondendo à chamada de Deus, o jovem vê alargar-se o próprio horizonte eclesial, pode considerar os múltiplos carismas e realizar assim um discernimento mais objectivo. Deste modo, a comunidade torna-se a casa e a família onde nasce a vocação. O candidato contempla, agradecido, esta mediação comunitária como elemento imprescindível para o seu futuro. Aprende a conhecer e a amar os irmãos e irmãs que percorrem caminhos diferentes do seu; e estes vínculos reforçam a comunhão em todos.
A vocação cresce na Igreja. Durante o processo de formação, os candidatos às diversas vocações precisam de conhecer cada vez melhor a comunidade eclesial, superando a visão limitada que todos temos inicialmente. Com tal finalidade, é oportuno fazer alguma experiência apostólica juntamente com outros membros da comunidade, como, por exemplo, comunicar a mensagem cristã ao lado dum bom catequista; experimentar a evangelização nas periferias juntamente com uma comunidade religiosa; descobrir o tesouro da contemplação, partilhando a vida de clausura; conhecer melhor a missão ad gentes em contacto com os missionários; e, com os sacerdotes diocesanos, aprofundar a experiência da pastoral na paróquia e na diocese. Para aqueles que já estão em formação, a comunidade eclesial permanece sempre o espaço educativo fundamental, pelo qual se sente gratidão.
A vocação é sustentada pela Igreja. Depois do compromisso definitivo, o caminho vocacional na Igreja não termina, mas continua na disponibilidade para o serviço, na perseverança e na formação permanente. Quem consagrou a própria vida ao Senhor, está pronto a servir a Igreja onde esta tiver necessidade. A missão de Paulo e Barnabé é um exemplo desta disponibilidade eclesial. Enviados em missão pelo Espírito Santo e pela comunidade de Antioquia (cf. Act 13, 1-4), regressaram depois à mesma comunidade e narraram aquilo que o Senhor fizera por meio deles (cf. Act 14, 27). Os missionários são acompanhados e sustentados pela comunidade cristã, que permanece uma referência vital, como a pátria visível onde encontram segurança aqueles que realizam a peregrinação para a vida eterna.
Dentre os agentes pastorais, revestem-se de particular relevância os sacerdotes. Por meio do seu ministério, torna-se presente a palavra de Jesus que disse: «Eu sou a porta das ovelhas (...). Eu sou o bom pastor» (Jo 10, 7.11). O cuidado pastoral das vocações é uma parte fundamental do seu ministério. Os sacerdotes acompanham tanto aqueles que andam à procura da própria vocação, como os que já ofereceram a vida ao serviço de Deus e da comunidade.
Todos os fiéis são chamados a consciencializar-se do dinamismo eclesial da vocação, para que as comunidades de fé possam tornar-se, a exemplo da Virgem Maria, seio materno que acolhe o dom do Espírito Santo (cf. Lc 1, 35-38). A maternidade da Igreja exprime-se através da oração perseverante pelas vocações e da acção educativa e de acompanhamento daqueles que sentem a chamada de Deus. Fá-lo também mediante uma cuidadosa selecção dos candidatos ao ministério ordenado e à vida consagrada. Enfim, é mãe das vocações pelo contínuo apoio daqueles que consagraram a vida ao serviço dos outros.
Peçamos ao Senhor que conceda, a todas as pessoas que estão a realizar um caminho vocacional, uma profunda adesão à Igreja; e que o Espírito Santo reforce, nos Pastores e em todos os fiéis, a comunhão, o discernimento e a paternidade ou maternidade espiritual.
Pai de misericórdia, que destes o vosso Filho pela nossa salvação e sempre nos sustentais com os dons do vosso Espírito, concedei-nos comunidades cristãs vivas, fervorosas e felizes, que sejam fontes de vida fraterna e suscitem nos jovens o desejo de se consagrarem a Vós e à evangelização. Sustentai-as no seu compromisso de propor uma adequada catequese vocacional e caminhos de especial consagração. Dai sabedoria para o necessário discernimento vocacional, de modo que, em tudo, resplandeça a grandeza do vosso amor misericordioso. Maria, Mãe e educadora de Jesus, interceda por cada comunidade cristã, para que, tornada fecunda pelo Espírito Santo, seja fonte de vocações autênticas para o serviço do povo santo de Deus.
Cidade do Vaticano, 29 de Novembro – I Domingo do Advento – de 2015.
Franciscus

segunda-feira, 11 de abril de 2016

PEREGRINAÇÃO A FÁTIMA


Peregrinação Paroquial a Fátima

Domingo 3 de julho

Venha com a sua família

Inscrição 10€

domingo, 10 de abril de 2016

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO III DOMINGO DA PÁSCOA (ANO C)


Jo 21,1-19 Relativamente ao Evangelho deste III Domingo da Páscoa, o Papa Francisco referiu que é um texto em que o Apóstolo João é um importante protagonista. É ele que reconhece Jesus nas margens do Lago da Galileia, onde Jesus vai à procura deles, e onde acontece a pesca milagrosa.
Com efeito - explicou o Papa - depois do período passado com Jesus nos importantes momentos do seu percurso: paixão, morte, ressurreição, os discípulos voltam, como que um pouco desiludidos à sua faina de pescadores. E passam uma noite no lago sem pescar nada. Jesus apresenta-se então a eles, na margem, mas eles não o reconhecem. No entanto obedecem à sua sugestão de lançar as redes para a direita do barco. Resultado; uma pesca incrivelmente abundante. E eis então que João diz a Pedro: “É o Senhor!” Pedro atirou-se imediatamente à água e foi ter com Jesus na margem do Lago. Naquela exclamação “É o Senhor!” – disse o Papa – está o entusiasmo da fé pascal:
“Naquela exclamação “É o Senhor!”, está todo o entusiasmo da fé pascal, cheia de alegria e estupor, que contrasta fortemente com a confusão, o desconforto, o sentido de impotência que se tinham acumulado no ânimo dos discípulos”.
Aquela rede vazia era, na interpretação do Papa, como que o balanço da experiência dos discípulos com Jesus: “tinham-no conhecido, tinham abandonado tudo para o seguir, cheios de esperança …. E agora?”.  Mas aquela aparição de Cristo ressuscitado no Lago da Galileia e o milagre da pesca, muda de novo tudo para eles, para os cristãos.
“A presença de Jesus ressuscitado transforma tudo: a escuridão é vencida pela luz, o trabalho inútil torna-se novamente frutuoso e prometedor, o sentido de cansaço e de abandono dá lugar a um novo elã e à certeza de que ele está connosco”.
Estes sentimentos animam desde então a Igreja, a Comunidade do Ressuscitado – frisou Francisco. Às vezes pode parecer que o mal, as trevas, o cansaço prevalecem, mas “a Igreja tem a certeza de que sobre aqueles que seguem o Senhor Jesus, resplandece a luz da Páscoa que jamais se esconde”. A certeza de que Cristo ressuscitou realmente, infunde nos corações dos crentes uma “íntima alegria e uma esperança invencíveis” . E a Igreja continua a fazer ressoar este festivo anuncio, e todos somos chamados a comunica-lo, disse:
“Todos nós cristãos somos chamados a comunicar esta mensagem de ressurreição àqueles que encontramos, especialmente a quem sofre, a quem está só, a quem se encontra em condições precárias, aos doentes, aos refugiados, aos marginalizados. A todos, façamos chegar um raio da luz de Cristo ressuscitado, um sinal da sua potência misericordiosa”.

E o Papa concluiu pedindo ao Senhor para que renove também em nós a fé pascal e nos torne conscientes da nossa missão ao serviço do Evangelho e dos irmãos. Que Nossa Senhora interceda em nosso favor e de toda a Igreja para que possamos proclamar a grandeza do amor de Cristo e da sua misericórdia.

sábado, 9 de abril de 2016

APRESENTADA JÁ A NOVA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO: "AMORIS LAETITIA" (A ALEGRIA DO AMOR)


Papa propõe na sua nova exortação apostólica sobre a família, apresentada ontem, um caminho de “discernimento” para os católicos divorciados que voltaram a casar civilmente, sublinhando que não existe uma solução única para estas situações.
“Não se devia esperar do Sínodo ou desta exortação uma nova normativa geral de tipo canónico, aplicável a todos os casos”, sublinha Francisco, no documento divulgado hoje, com o título ‘Amoris laetitia’ (A Alegria do Amor).
Tal como aconteceu com o relatório final da assembleia de outubro de 2015, a exortação apostólica pós-sinodal não aborda diretamente a possibilidade de acesso à Comunhão pelos divorciados recasados, que é negada pela Igreja Católica, mas numa das notas do texto, o Papa observa que "o discernimento pode reconhecer que, numa situação particular, não há culpa grave".
“Ninguém pode ser condenado para sempre, porque esta não é a lógica do Evangelho”, escreve Francisco.
O Papa apresenta critérios de reflexão, recordando que há “condicionamentos” e “circunstâncias atenuantes” que podem anular ou diminuir a responsabilidade de uma ação.
“Por isso, já não é possível dizer que todos os que estão numa situação chamada ‘irregular’ vivem em estado de pecado mortal”, precisa.
Estas pessoas, reforça, precisam da "ajuda da Igreja", procurando os "caminhos possíveis de resposta a Deus", e "em certos casos, poderia haver também a ajuda dos sacramentos".
O texto apela a um “responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares”, reconhecendo que há situações em que “a separação é inevitável” e, por vezes, “até moralmente necessária”.
“Acompanhar”, “discernir” e “integrar” são as indicações centrais do Papa nesta matéria, integradas numa “lógica da misericórdia pastoral”.
“Temos de evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diversas situações e é necessário estar atentos ao modo em que as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição”, assinala Francisco.
A exortação apostólica com as conclusões do Sínodo da Família, que decorreu em duas sessões (2014 e 2015), fala na necessidade de um “adequado discernimento pessoal e pastoral”, recordando que “o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos”.
“Um pastor não pode sentir-se satisfeito apenas aplicando leis morais àqueles que vivem em situações ‘irregulares’, como se fossem pedras que se atiram contra a vida das pessoas”, adverte o Papa.
Francisco considera mesmo que seria “mesquinho” limitar-se a considerar “se o agir de uma pessoa corresponde ou não a uma lei ou norma geral”.
O Papa rejeita a ideia de que este “discernimento prático” coloque em causa a doutrina da Igreja e recorda que a reflexão sobre uma situação particular “não pode ser elevada à categoria de norma”.
O texto refere que é missão dos padres “acompanhar as pessoas no caminho do discernimento segundo o ensinamento da Igreja e as orientações do bispo”, apelando a um “exame de consciência” das pessoas em causa sobre a forma como trataram os seus filhos ou como viveram a “crise conjugal”.
Francisco sublinha ainda a importância da recente reforma dos procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade matrimonial.
O pontífice observa que os divorciados que vivem numa nova união se podem encontrar em situações “muito diferentes”, que não devem ser “catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas”.
“Não devem sentir-se excomungados, mas podem viver e amadurecer como membros vivos da Igreja”, realça.
Para o Papa, mais importante do que uma “pastoral dos falhanços” é o esforço de “consolidar os matrimónios e assim evitar as ruturas”.
A exortação pós-sinodal coloca os filhos como “primeira preocupação” para quem se separou, com atenção ao seu sofrimento.
“O divórcio é um mal, e é muito preocupante o aumento do número de divórcios”, lamenta o Papa.
Os temas da família estiveram no centro de duas assembleias do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2014 e 2015, por decisão do Papa Francisco, antecedidas por inquéritos enviados às dioceses católicas de todo o mundo.


domingo, 3 de abril de 2016

PAPA FRANCISCO NA VIGÍLIA DE ORAÇÃO SOBRE A ESPIRITUALIDADE DO DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA


Queridos irmãos e irmãs, boa tarde!

Com alegria e gratidão, partilhamos estes momentos de oração que nos introduzem no Domingo da Misericórdia, tão desejado por São João Paulo II para satisfazer um pedido de Santa Faustina. Os testemunhos que nos foram oferecidos – e que agradecemos – e as leituras que ouvimos abrem clareiras de luz e de esperança para entrar no grande oceano da misericórdia de Deus. Quantas são as faces da misericórdia com que Ele vem ao nosso encontro? São verdadeiramente muitas; é impossível descrevê-las todas, porque a misericórdia de Deus cresce sem cessar. Deus nunca Se cansa de a exprimir, e nós não deveríamos jamais recebê-la, procurá-la e desejá-la por hábito. É sempre algo de novo que gera surpresa e maravilha à vista da imaginação criadora de Deus, quando vem ao nosso encontro com o seu amor.
Deus revelou-Se, manifestando várias vezes o seu nome; este nome é «misericordioso» (cf. Ex 34, 6). Tal como é grande e infinita a natureza de Deus, assim é grande e infinita a sua misericórdia, de tal modo que se revela uma árdua tarefa conseguir descrevê-la em todos os seus aspetos. Repassando as páginas da Sagrada Escritura, vemos que a misericórdia é, antes de mais nada, a proximidade de Deus ao seu povo. Uma proximidade que se manifesta principalmente como ajuda e proteção. É a proximidade dum pai e duma mãe que se espelha numa bela imagem do profeta Oseias: «Segurava-os com laços humanos, com laços de amor, fui para ele como os que levantam uma criancinha contra o seu rosto; inclinei-me para ele, para lhe dar de comer» (11, 4). É muito expressiva esta imagem: Deus pega em cada um de nós e levanta-nos até ao seu rosto. Quanta ternura contém e quanto amor manifesta! Pensei nesta palavra do profeta quando vi o logótipo do Jubileu. Jesus não só leva aos seus ombros a humanidade, mas tem o seu rosto tão chegado ao de Adão, que os dois rostos parecem fundir-se num só.
Nós não temos um Deus que não saiba compreender e compadecer-Se das nossas fraquezas (cf. Heb 4, 15). Pelo contrário! Foi precisamente em virtude da sua misericórdia que Deus Se fez um de nós: «Pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-Se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado» (Gaudium et spes, 22). Por conseguinte, em Jesus, podemos não só palpar a misericórdia do Pai, mas somos impelidos a tornar-nos nós mesmos instrumentos da sua misericórdia. Falar de misericórdia pode ser fácil; mais difícil é tornar-se suas testemunhas na vida concreta. Trata-se dum percurso que dura toda a vida e não deveria registar interrupções. Jesus disse-nos que devemos ser «misericordiosos como o Pai» (cf. Lc 6, 36).
Muitas são, portanto, as faces com que se apresenta a misericórdia de Deus! É-nos dada a conhecer como proximidade e ternura, mas, em virtude disto, também como compaixão e partilha, como consolação e perdão. Quem dela mais recebe, mais é chamado a oferecer, a partilhar; não pode ser mantida oculta nem retida só para nós mesmos. É algo que faz arder o coração e o desafia a amar, reconhecendo a face de Jesus Cristo, sobretudo em quem está mais longe, fraco, abandonado, confuso e marginalizado. A misericórdia vai à procura da ovelha perdida e, quando a encontra, irradia uma alegria contagiosa. A misericórdia sabe olhar cada pessoa nos olhos; cada uma delas é preciosa para ela, porque cada uma é única.
Queridos irmãos e irmãs, a misericórdia não pode jamais deixar-nos tranquilos. É o amor de Cristo que nos «inquieta» enquanto não tivermos alcançado o objetivo; que nos impele a abraçar e estreitar a nós, a envolver quantos necessitam de misericórdia, para permitir que todos sejam reconciliados com o Pai (cf. 2 Cor 5, 14-20). Não devemos ter medo; é um amor que nos alcança e envolve de tal maneira que se antecipa a nós mesmos, permitindo-nos reconhecer a sua face na dos irmãos. Deixemo-nos conduzir docilmente por este amor, e tornar-nos-emos misericordiosos como o Pai.
Para isso é bom que seja o Espírito Santo a guiar os nossos passos: Ele é o Amor, Ele é a misericórdia que é comunicada aos nossos corações. Não ponhamos obstáculos à sua ação vivificante, mas sigamo-Lo docilmente pelas sendas que nos aponta. Permaneçamos de coração aberto, para que o Espírito possa transformá-lo; e assim, perdoados e reconciliados, nos tornemos testemunhas da alegria que brota de ter encontrado o Senhor Ressuscitado, vivo no meio de nós.

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO NA SANTA MISSA DO DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA (II DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C)


Jo 20,19-31 «Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro» (Jo 20, 30). O Evangelho é o livro da misericórdia de Deus, que havemos de ler e reler, porque tudo o que Jesus disse e fez é expressão da misericórdia do Pai. Nem tudo, porém, foi escrito; o Evangelho da misericórdia permanece um livro aberto, onde se há-de continuar a escrever os sinais dos discípulos de Cristo, gestos concretos de amor, que são o melhor testemunho da misericórdia. Todos somos chamados a tornar-nos escritores viventes do Evangelho, portadores da Boa Nova a cada homem e mulher de hoje. Podemos fazê-lo praticando as obras corporais e espirituais de misericórdia, que são o estilo de vida do cristão. Através destes gestos simples e vigorosos, mesmo se por vezes invisíveis, podemos visitar aqueles que passam necessidade, levando a ternura e a consolação de Deus. Deste modo damos continuidade ao que fez Jesus no dia de Páscoa, quando derramou, nos corações assustados dos discípulos, a misericórdia do Pai, o Espírito Santo que perdoa os pecados e dá a alegria.
Mas, na narração que ouvimos, aparece um contraste evidente: por um lado, temos o medo dos discípulos, que fecham as portas da casa; por outro, temos a missão, por parte de Jesus, que os envia ao mundo para levarem o anúncio do perdão. O mesmo contraste pode verificar-se também em nós: uma luta interior entre o fechamento do coração e a chamada do amor para abrir as portas fechadas e sair de nós mesmos. Cristo, que por amor entrou nas portas fechadas do pecado, da morte e da mansão dos mortos, deseja entrar também em cada um para abrir de par em par as portas fechadas do coração. Ele que venceu, com a ressurreição, o medo e o temor que nos algemam, quer escancarar as nossas portas fechadas e enviar-nos. A estrada que o Mestre ressuscitado nos aponta é estrada de sentido único, segue-se apenas numa direção: sair de nós mesmos, para testemunhar a força sanadora do amor que nos conquistou. Muitas vezes vemos, diante de nós, uma humanidade ferida e assustada, que tem as cicatrizes do sofrimento e da incerteza. Hoje, face ao seu doloroso clamor de misericórdia e paz, ouçamos dirigido a cada um de nós o convite confiado de Jesus: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós (Jo 20, 21).
Cada doença pode encontrar na misericórdia de Deus um auxílio eficaz. Com efeito, a sua misericórdia não se detém à distância: quer vir ao encontro de todas as pobrezas e libertar de tantas formas de escravidão que afligem o nosso mundo. Quer alcançar as feridas de cada um, para medicá-las. Ser apóstolos de misericórdia significa tocar e acariciar as suas chagas, presentes hoje também no corpo e na alma de muitos dos seus irmãos e irmãs. Ao cuidar destas chagas, professamos Jesus, tornamo-Lo presente e vivo; permitimos a outros que palpem a sua misericórdia, e O reconheçam «Senhor e Deus» (cf. Jo 20, 28), como fez o apóstolo Tomé. Eis a missão que nos é confiada. Inúmeras pessoas pedem para ser escutadas e compreendidas. O Evangelho da misericórdia, que se deve anunciar e escrever na vida, procura pessoas com o coração paciente e aberto, «bons samaritanos» que conhecem a compaixão e o silêncio perante o mistério do irmão e da irmã; pede servos generosos e alegres, que amam gratuitamente sem nada pretender em troca.
«A paz esteja convosco!» (Jo 20, 21): é a saudação que Cristo leva aos seus discípulos; é a mesma paz que esperam os homens do nosso tempo. Não é uma paz negociada, nem a suspensão de algo errado: é a sua paz, a paz que brota do coração do Ressuscitado, a paz que venceu o pecado, a morte e o medo. É a paz que não divide, mas une; é a paz que não deixa sozinhos, mas faz-nos sentir acolhidos e amados; é a paz que sobrevive no sofrimento e faz florescer a esperança. Esta paz, como no dia de Páscoa, nasce e renasce sempre do perdão de Deus, que tira a ansiedade do coração. Ser portadora da sua paz: esta é a missão confiada à Igreja no dia de Páscoa. Nascemos em Cristo como instrumentos de reconciliação, para levar a todos o perdão do Pai, para revelar o seu rosto de amor nos sinais da misericórdia.

PEREGRINAÇÃO PAROQUIAL DE S. FRANCISCO XAVIER DE CAPARICA AO SANTUÁRIO DE CRISTO REI - ANO DA MISERICÓRDIA

Realizou-se, hoje, a Peregrinação Paroquial ao Santuário do Cristo Rei, integrada no Ano da Misericórdia. Viemos a pé cantando e rezando.



A Missa decorreu no Pavilhão do Rosário, recentemente inaugurado. Apesar da ameaça de chuva participaram da peregrinação, e da celebração, razoável número de paroquianos.









Após a Missa, a peregrinação continuou até à Igreja do Santuário. 







                                              
Antes de passarmos a Porta Santa rezou-se a oração do Jubileu. 





Passou-se então a Porta Santa e entrámos na Igreja que é uma das Igrejas jubilares da Diocese. A passagem da Porta Santa de qualquer uma das Igrejas Jubilares permite-nos ganhar as indulgências do Ano da Misericórdia.




Seguiu-se almoço partilhado e convívio.