domingo, 31 de março de 2019

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO IV DOMINGO DA QUARESMA (ANO C)



Lc 15,1-3.11-32 Na homilia da missa celebrada, hoje, em Rabat (Marrocos), o Papa Francisco comentou a parábola evangélica do Filho pródigo, ícone da infinita misericórdia do Pai. A “maior riqueza do cristão é participar deste amor”
 ’Tudo o que é meu é teu’ (Lc 15, 31), diz o pai ao filho mais velho. E não se refere apenas aos bens materiais, mas a ser participante do seu próprio amor e da sua compaixão. Esta é a maior herança e riqueza do cristão. Com efeito, em vez de nos medirmos ou classificarmos com base numa condição moral, social, étnica ou religiosa, podemos reconhecer que existe outra condição que ninguém poderá apagar ou aniquilar pois é um puro dom: a condição de filhos amados, esperados e festejados pelo Pai”.
Este foi um dos comentários que o Papa Francisco fez durante a sua homilia em Rabat depois da proclamação do Evangelho da parábola do pai misericordioso, mais conhecida como a do Filho pródigo. Uma parábola incômoda tanto para nós hoje, como para os homens e as mulheres dos séculos passados. Uma parábola difícil de entender e ainda mais de aceitar. Por que o Pai espera com ânsia o filho mais novo que desperdiçou e esbanjou metade das riquezas da sua herança obtida antecipadamente? Por que é que o Pai acolhe de braços abertos aquele filho malcheiroso que tinha acabado como pastor de porcos depois de levar uma vida dissoluta? Por que organiza quando ele regressa uma grande festa? Por que quase não o deixa falar, acusar-se dos seus pecados e humilhar-se citando-os? Por que é que não o castiga, não o obriga a uma justa penitência, não lhe impõe um período de reabilitação como faríamos nós?
Na resposta a estas perguntas está o coração da mensagem da misericórdia divina, gratuita e superabundante. A de um Deus para o qual não há puros e impuros, mas todos são ajudados a se levantar, somente deixando-se abraçar. Um Deus que não tem medo de entrar no escuro do pecado, que busca toda a ocasião para perdoar. A misericórdia é uma característica divina, longe das nossas mesquinharias e dos nossos cálculos.
Podemos dizer: todos nós nos reconhecemos no comportamento do filho mais velho, que reage mal diante deste amor gratuito e transbordante do Pai pelo outro filho. Aquele irmão menor que conheceu o abismo do pecado, voltou com a esperança de ser readmitido não na casa paterna, mas entre os servos da casa. E ao invés, se encontrou abraçado, voltando a ser – sem méritos segundo os cálculos humanos – plenamente filho, alvo de um amor que nunca se interrompeu e do qual ele, somente ele, quis se separar.
Nesta parábola tão difícil de aceitar por todos nós “filhos maiores”, que nos consideramos superiores, corretos, obedientes, diversos com relação aos “impuros” pecadores, há um grande ensinamento. O filho maior é chamado a participar da festa pelo irmão reencontrado e é chamado principalmente a reconhecer que a sua maior herança e riqueza é justamente participar – procurando fazer sua  – desta misericórdia sem fim.

sexta-feira, 29 de março de 2019

AJUDA PARA MOÇAMBIQUE

A Diocese de Setúbal vai enviar parte da Renúncia Quaresmal para Moçambique



Nos últimos dias, temos recebido informações dramáticas sobre as consequências trágicas do ciclone que atingiu a região central de Moçambique e outras zonas de países vizinhos, com especial gravidade na cidade da Beira.
Ninguém de nós pode ficar indiferente a esta situação e é bom ver que as autoridades e a população portuguesa se estão a mobilizar para prestar a ajuda possível e tão necessária a quem se encontra em condições tão extremas.
Também nós, comunidade cristã de Setúbal, sentimos certamente o apelo destes irmãos e irmãs e somos desafiados a partilhar, segundo as nossas possibilidades, para aliviar as ingentes dificuldades destas pessoas. Por isso, pareceu-me muito oportuno alterar parte dos destinatários da renúncia quaresmal deste ano, que ficará assim estabelecida:
  • Ajudar a Igreja da Venezuela na crise extrema dos pobres que a ela recorrem.
  • Auxiliar a Diocese da Beira – Moçambique a minorar as carências das vítimas do recente temporal.
O objetivo de contribuir para o fundo de emergência da Diocese, originalmente previsto nesta renúncia quaresmal, poderá ser parcialmente ajudado pelo peditório da Cáritas e será tido em conta por outras formas de ajuda.
Que o Senhor nos acompanhe, no caminho de Quaresma que estamos a percorrer, abrindo o nosso coração à sua Palavra e ao seu Perdão e igualmente às necessidades de quem, de perto ou de longe precisa da nossa atenção e da nossa ajuda.
+ José Ornelas Carvalho
Bispo de Setúbal

CONFISSÕES NA QUARESMA


Gostaria de vos perguntar — mas não o digais em voz alta; cada um responda no seu coração: quando foi a última vez que te confessaste? Cada um pense nisto… Há dois dias, duas semanas, dois anos, vinte anos, quarenta anos? Cada um faça as contas, mas cada um diga: quando foi a última vez que me confessei? E se já passou muito tempo, não perca nem sequer um dia; vai, que o sacerdote será bom contigo. É Jesus que está ali presente, e é mais bondoso que os sacerdotes, Jesus receber-te-á com muito amor. Sê corajoso e vai confessar-te!
Caros amigos, celebrar o Sacramento da Reconciliação significa ser envolvido por um abraço caloroso: é o abraço da misericórdia infinita do Pai.
Papa Francisco, Audiência Geral, Praça de São Pedro

Datas e horários das confissões na Quaresma 2019

Vigararia de CAPARICA

  • 26 de março, às 21h00 – Charneca de Caparica
  • 01 de abril, às 21h00 – Vale de Figueira
  • 03 de abril, às 21h00 – Vila Nova de Caparica
  • 04 de abril, às 21h00 – Sobreda 
  • 09 de abril, às 21h00 – São Francisco Xavier
  • 11 de abril, às 21h00 – Vale de Milhaços
  • 15 de abril, às 21h00 – Trafaria
  • 16 de abril, às 21h00 – Monte de Caparica

Vigararia de ALMADA

  • 10 de abril, às 21h00 – Pragal (Ermida de São Sebastião)
  • 11 de abril, às 21h00 – Cova da Piedade (Igreja de Nossa Senhora de Fátima)
  • 12 de abril, às 21h00 – Almada
  • 13 de abril, às 21h00 – Cacilhas
  • 16 de abril, às 21h00 – Feijó

NIF 501723374
A consignação de 0,5% do seu IRS é um gesto simples e gratuito que lhe permite ajudar, sem ter que gastar. 
Não lhe custa nada e ajuda muitas pessoas carenciadas!
O Centro Social Paroquial Cristo Rei com mais de 30 anos de existência é uma Instituição Particular de Solidariedade Social sem fins lucrativos que além do Centro Comunitário tem as valências de Creche, Jardim de Infância, CATL, Apoio Domiciliário a idosos e doentes e trabalha num dos bairros mais pobres de Almada.

Para apoiar o CENTRO SOCIAL PAROQUIAL CRISTO REI, basta preencher o campo 11 do modelo 3 na sua Declaração de IRS com o número 501723374 e escolher “IRS”.


Para além da consignação gratuita do IRS, se quiser ser mais generoso, este ano ainda tem a possibilidade de nos ajudar com a devolução do IVA prevista na lei.
Neste caso está a abdicar deste benefício fiscal entregando-o como donativo à nossa instituição. Para o fazer, basta selecionar também a opção "IVA".

11   
CONSIGNAÇÃO DE 0,5% DO IRS/CONSIGNAÇÃO DO BENEFÍCIO DE 15% DO IVA SUPORTADO
ENTIDADES BENEFICIÁRIAS

Instituições religiosas (art.º 32.º, n.º 4, da Lei n.º 16/2001, de 22 de junho)                  

1101
          NIF

501723374
IRS

X
IVA

X
Instituições particulares de solidariedade social ou pessoas coletivas de utilidade pública
X
 (art.º 32.º, n.º 6, da Lei n.º 16/2001, de 22 de junho)
Caso esteja abrangido pelo IRS automático basta que faça a Consignação antes de submeter a sua Declaração.

domingo, 24 de março de 2019

V ASSEMBLEIA SOCIAL INACIANA DECORREU NO SEMINÁRIO DE ALMADA NOS DIAS 22 E 23 DE MARÇO

Teve lugar nos dias 22 e 23 de Março a V Assembleia Social Inaciana. No arranque desta Assembleia Social, que decorreu no Seminário de Almada, o P. Provincial José Frazão deixou o seguinte repto: “Mais do que uma lista de coisas a fazer, as Preferências Apostólicas (PA) Universais devem indicar um modo diferente de proceder” e de agir em toda a Companhia. 




A Assembleia Social Inaciana, reunida em Almada, escutou ainda Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista ZERO. Francisco Ferreira deixou pistas de reflexão para um futuro diferente.


Este encontro dos colaboradores das 26 obras e instituições sociais ligadas aos jesuítas foi, ou pretendeu ser, um tempo de debate, reflexão e partilha.



REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO III DOMINGO DA QUARESMA (ANO C)


“A possibilidade da conversão não é ilimitada; por isso é preciso aproveitar logo; caso contrário ela perde-se para sempre. Podemos confiar muito na misericórdia de Deus, mas sem abusar dela. Não devemos justificar a preguiça espiritual, mas aumentar o nosso esforço para corresponder prontamente a essa misericórdia com coração sincero.”
Foi o que disse o Papa Francisco ao meio-dia deste domingo (24/03) no Angelus rezado com milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro para a oração mariana com o Santo Padre.
Na alocução que precedeu a oração, Francisco comentou a página do Evangelho deste terceiro domingo da Quaresma (Lc 13,1-9), que nos fala da misericórdia de Deus e da nossa conversão.
A página do Evangelho traz-nos nos versículos 6 a 9 a seguinte parábola contada por Jesus: “Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Veio a ela procurar frutos, mas não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não encontro. Corta-a; por que há-de ela tornar a terra infrutífera? Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a ainda este ano para que eu cave ao redor e coloque adubo. Depois, talvez, dê frutos… Caso contrário, tu a cortarás’”.
O dono da figueira representa Deus Pai e o vinhateiro é imagem de Jesus, já o figo é símbolo da humanidade indiferente e árida, disse o Papa, acrescentando que “Jesus intercede junto do Pai em favor da humanidade – e fá-lo sempre – e pede que espere e Lhe dê mais tempo, para que nela possam germinar os frutos do amor e da justiça”.
Francisco explicou que a figueira - que o dono na parábola quer cortar - representa uma existência estéril, incapaz de doação, incapaz de fazer o bem.
“É o símbolo de quem vive para si mesmo, saciado e tranquilo, aconchegado nas suas comodidades, incapaz de voltar o olhar e o coração para aqueles estão a seu lado e se encontram em condição de sofrimento, em condição de pobreza, de dificuldade.”
O Santo Padre disse ainda que esta atitude de egoísmo e de esterilidade espiritual é contraposta pelo grande amor do vinhateiro pela figueira: tem paciência, sabe esperar e dedica-lhe o seu tempo e o seu trabalho. Esta similitude do vinhateiro manifesta a misericórdia de Deus, que nos deixa um tempo para a conversão.
“Apesar da esterilidade, que por vezes marca a nossa existência, Deus tem paciência e oferece-nos a possibilidade de mudar e de progredir no caminho do bem. Mas o prazo implorado e concedido, à espera que a árvore finalmente frutifique, indica também a urgência da conversão”.
Nesta Quaresma podemos pensar: o que devo fazer para me aproximar mais do Senhor, para me converter, para eliminar aquelas coisas que não são boas? “Não, não... esperarei a próxima Quaresma...” Mas estaremos vivos na próxima Quaresma? Cada um de nós pense hoje: o que devo fazer diante dessa misericórdia de Deus que me espera e que sempre perdoa. O que devo fazer? – interpelou o Pontífice.
“Na Quaresma, o Senhor convida-nos à conversão”, disse ainda Francisco, acrescentando: “Cada um de nós deve sentir-se interpelado por esse chamamento, corrigindo algo na nossa vida, no nosso modo de pensar, de agir e de viver as relações com o próximo. Ao mesmo tempo, devemos imitar a paciência de Deus que confia na capacidade de todos para se poderem ‘levantar’ e retomar o caminho. Deus é Pai e não apaga a chama fraca, mas acompanha e cuida de quem é frágil a fim de que se robusteça e dê a sua contribuição de amor à comunidade.”
Francisco pediu, então, à Virgem Maria que nos ajude a viver estes dias de preparação para a Páscoa como um tempo de renovação espiritual e de confiante abertura à graça de Deus e à sua misericórdia.

segunda-feira, 18 de março de 2019

VIA SACRA JOVEM 2019 (AS FOTOS)

A viver o Biénio da Juventude, a Pastoral Juvenil da Diocese de Setúbal promoveu a habitual Via-sacra Jovem no passado dia 15 de Março. Este ano com o tema Partilha-te na Cruz. Cerca de 400 jovens partilharam o seu tempo para viver um caminho que decorreu entre a Paróquia de São Francisco Xavier de Caparica e a Paróquia do Monte da Caparica.
O nosso Bispo, D. José Ornelas, acompanhou os jovens e convidou todos os presentes a caminharem juntos e a comprometerem-se com a Igreja diocesana. Aqui ficam algumas fotos...













domingo, 17 de março de 2019

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO II DOMINGO DA QUARESMA (ANO C)


 Lc 9, 28b-36 O evento da Transfiguração do Senhor inspirou as palavras do Papa Francisco antes de rezar com os fiéis na Praça São Pedro a oração mariana do Angelus.
O evangelista Lucas mostra-nos Jesus transfigurado sobre a montanha, que é o local da luz, símbolo fascinante da singular experiência reservada aos discípulos Pedro, Tiago e João.
Eles sobem a montanha com o Mestre, veem-no imergir-se em oração e, a certa altura, o seu rosto muda de aparência. E ao lado de Jesus apareceram Moisés e Elias, que falam com Ele da sua morte.
Francisco explicou que a Transfiguração se realiza num momento singular da missão de Cristo, ou seja, depois de confiar aos discípulos que sofrerá, morrerá e ressuscitará no terceiro dia.
Jesus quer que saibam que este é o caminho através do qual o Pai fará alcançar a glória para o seu Filho, ressuscitando-o dos mortos. “E este será também o caminho dos discípulos: ninguém alcança a vida eterna senão seguindo Jesus, carregando a própria cruz na vida terrena. Cada um de nós tem a própria cruz. O Senhor mostra-nos o fim deste percurso, que é a Ressurreição, a beleza, carregando a própria cruz.”
Portanto, acrescentou o Papa, a Transfiguração de Cristo mostra-nos a perspectiva cristã do sofrimento: "Não é sadomasoquismo, é uma passagem necessária, mas transitória".
O ponto de chegada ao qual somos chamados é luminoso como o rosto de Cristo transfigurado: Nele está a salvação, a bem-aventurança, a luz, o amor de Deus sem limites.
Mostrando a sua glória, Jesus garante-nos que a cruz, as provações, as dificuldades nas quais nos debatemos têm a sua solução e a sua superação na sua Páscoa.
O Papa fez então um convite aos fiéis: “Nesta Quaresma, subamos também nós a montanha com Jesus! De que modo? Com a oração. A oração silenciosa, a oração do coração, a oração sempre buscando o Senhor. Permaneçamos alguns momentos em recolhimento, todos os dias um pouquinho, fixemos o olhar interior no seu rosto e deixemos que a sua luz nos adentre e se irradie na nossa vida.”
É assim, reiterou Francisco, a oração em Cristo e no Espírito Santo. Ela transforma a pessoa a partir de dentro e pode iluminar os outros e o mundo circundante.
"Quantas vezes encontramos pessoas que iluminam, que emanam luz dos olhos, que têm aquele olhar luminoso! Rezam e a oração faz isto: nos faz luminosos com a luz do Espírito Santo."
“Prossigamos com alegria o nosso itinerário quaresmal”, concluiu o Pontífice. “Vamos dar espaço à oração e à Palavra de Deus. Que a Virgem nos ensine a permanecer com Jesus mesmo quando não o entendemos e compreendemos. Porque somente permanecendo Nele veremos a sua glória.”

domingo, 10 de março de 2019

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO I DOMINGO DA QUARESMA (ANO C)


Lc 4,1-13 As tentações representam "a ilusão de poder obter o sucesso e a felicidade”. Estas são palavras do Papa Francisco no Angelus deste domingo (10/03) na Praça São Pedro, comentando o Evangelho do dia sobre as tentações às quais Jesus é submetido no deserto.
“As três tentações indicam três caminhos que o mundo sempre propõe, prometendo grandes sucessos: a ganância de possuir, a glória humana, a instrumentalização de Deus”, disse o Papa.
“São esses os caminhos que são colocados diante de nós, com a ilusão de poder alcançar o sucesso e a felicidade, enfatizou  Francisco. “Mas, na realidade, esses caminhos são completamente estranhos ao modo de agir de Deus; na verdade, eles nos separam d’Ele, porque são obras de Satanás”.
Falando da ganância de possuir, o Papa explicou que "esta é sempre a lógica insidiosa do diabo. Ele parte da natural e legítima necessidade de se alimentar, de viver, de realizar-se, de ser feliz, para nos impulsionar a acreditar que tudo isso é possível sem Deus, ou melhor, até mesmo contra Ele”.
Sobre a segunda tentação, a glória humana, Francisco sublinhou o risco de "perder toda a dignidade pessoal", deixando-se" corromper pelos ídolos do dinheiro, do sucesso e do poder, para alcançar a autoafirmação. Prova-se a emoção de uma alegria vazia que logo desaparece. Por isso Jesus responde: "Adorarás­ o Senhor teu Deus e só a ele prestarás culto".
Sobre a instrumentalização de Deus, o Santo Padre explicou, que se trata da tentação "de querer puxar Deus para o nosso lado', pedindo-lhe graças que na realidade servem para satisfazer o nosso orgulho".
"Jesus, enfrentando pessoalmente essas provações, vence por três vezes as tentações para aderir plenamente ao plano do Pai. E nos mostra os remédios: a vida interior, a fé em Deus, a certeza de seu amor. Portanto, aproveitemos da Quaresma, como tempo privilegiado para nos purificarmos, para experimentarmos a presença consoladora de Deus em nossa vida".
O Papa então concluiu sublinhando:
“ Jesus ao responder ao tentador, não entra em diálogo, mas responde aos três desafios somente com a palavra de Deus. Isto nos ensina que com o diabo não se dialoga, não devemos dialogar, somente se responde a ele com a palavra de Deus.”

domingo, 3 de março de 2019

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2019

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 201
9
«A criação encontra-se em expetativa ansiosa,
aguardando a revelação dos filhos de Deus» 
(Rm 8, 19)

Queridos irmãos e irmãs!

Todos os anos, por meio da Mãe Igreja, Deus «concede aos seus fiéis a graça de se prepararem, na alegria do coração purificado, para celebrar as festas pascais, a fim de que (…), participando nos mistérios da renovação cristã, alcancem a plenitude da filiação divina» (Prefácio I da Quaresma). Assim, de Páscoa em Páscoa, podemos caminhar para a realização da salvação que já recebemos, graças ao mistério pascal de Cristo: «De facto, foi na esperança que fomos salvos» (Rm 8, 24). Este mistério de salvação, já operante em nós durante a vida terrena, é um processo dinâmico que abrange também a história e toda a criação. São Paulo chega a dizer: «Até a criação se encontra em expetativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus» (Rm 8, 19). Nesta perspetiva, gostaria de oferecer algumas propostas de reflexão, que acompanhem o nosso caminho de conversão na próxima Quaresma.
1. A redenção da criação
A celebração do Tríduo Pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo, ponto culminante do Ano Litúrgico, sempre nos chama a viver um itinerário de preparação, cientes de que tornar-nos semelhantes a Cristo (cf. Rm 8, 29) é um dom inestimável da misericórdia de Deus.
Se o homem vive como filho de Deus, se vive como pessoa redimida, que se deixa guiar pelo Espírito Santo (cf. Rm 8, 14), e sabe reconhecer e praticar a lei de Deus, a começar pela lei gravada no seu coração e na natureza, beneficia também a criação, cooperando para a sua redenção. Por isso, a criação – diz São Paulo – deseja de modo intensíssimo que se manifestem os filhos de Deus, isto é, que a vida daqueles que gozam da graça do mistério pascal de Jesus se cubra plenamente dos seus frutos, destinados a alcançar o seu completo amadurecimento na redenção do próprio corpo humano. Quando a caridade de Cristo transfigura a vida dos santos – espírito, alma e corpo –, estes rendem louvor a Deus e, com a oração, a contemplação e a arte, envolvem nisto também as criaturas, como demonstra admiravelmente o «Cântico do irmão sol», de São Francisco de Assis (cf. Encíclica Laudato si’, 87). Neste mundo, porém, a harmonia gerada pela redenção continua ainda – e sempre estará – ameaçada pela força negativa do pecado e da morte.
2. A força destruidora do pecado
Com efeito, quando não vivemos como filhos de Deus, muitas vezes adotamos comportamentos destruidores do próximo e das outras criaturas – mas também de nós próprios –, considerando, de forma mais ou menos consciente, que podemos usá-los como bem nos apraz. Então sobrepõe-se a intemperança, levando a um estilo de vida que viola os limites que a nossa condição humana e a natureza nos pedem para respeitar, seguindo aqueles desejos incontrolados que, no livro da Sabedoria, se atribuem aos ímpios, ou seja, a quantos não têm Deus como ponto de referência das suas ações, nem uma esperança para o futuro (cf. 2, 1-11). Se não estivermos voltados continuamente para a Páscoa, para o horizonte da Ressurreição, é claro que acaba por se impor a lógica do tudo e imediatamente, do possuir cada vez mais.
Como sabemos, a causa de todo o mal é o pecado, que, desde a sua aparição no meio dos homens, interrompeu a comunhão com Deus, com os outros e com a criação, à qual nos encontramos ligados antes de mais nada através do nosso corpo. Rompendo-se a comunhão com Deus, acabou por falir também a relação harmoniosa dos seres humanos com o meio ambiente, onde estão chamados a viver, a ponto de o jardim se transformar num deserto (cf. Gn 3, 17-18). Trata-se daquele pecado que leva o homem a considerar-se como deus da criação, a sentir-se o seu senhor absoluto e a usá-la, não para o fim querido pelo Criador, mas para interesse próprio em detrimento das criaturas e dos outros.
Quando se abandona a lei de Deus, a lei do amor, acaba por se afirmar a lei do mais forte sobre o mais fraco. O pecado – que habita no coração do homem (cf. Mc 7, 20-23), manifestando-se como avidez, ambição desmedida de bem-estar, desinteresse pelo bem dos outros e muitas vezes também do próprio – leva à exploração da criação (pessoas e meio ambiente), movidos por aquela ganância insaciável que considera todo o desejo um direito e que, mais cedo ou mais tarde, acabará por destruir inclusive quem está dominado por ela.
3. A força sanadora do arrependimento e do perdão
Por isso, a criação tem impelente necessidade que se revelem os filhos de Deus, aqueles que se tornaram «nova criação»: «Se alguém está em Cristo, é uma nova criação. O que era antigo passou; eis que surgiram coisas novas» (2 Cor 5, 17). Com efeito, com a sua manifestação, a própria criação pode também «fazer páscoa»: abrir-se para o novo céu e a nova terra (cf. Ap 21, 1). E o caminho rumo à Páscoa chama-nos precisamente a restaurar a nossa fisionomia e o nosso coração de cristãos, através do arrependimento, a conversão e o perdão, para podermos viver toda a riqueza da graça do mistério pascal.
Esta «impaciência», esta expetativa da criação ver-se-á satisfeita quando se manifestarem os filhos de Deus, isto é, quando os cristãos e todos os homens entrarem decididamente neste «parto» que é a conversão. Juntamente connosco, toda a criação é chamada a sair «da escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus» (Rm 8, 21). A Quaresma é sinal sacramental desta conversão. Ela chama os cristãos a encarnarem, de forma mais intensa e concreta, o mistério pascal na sua vida pessoal, familiar e social, particularmente através do jejum, da oração e da esmola.
Jejuar, isto é, aprender a modificar a nossa atitude para com os outros e as criaturas: passar da tentação de «devorar» tudo para satisfazer a nossa voracidade, à capacidade de sofrer por amor, que pode preencher o vazio do nosso coração. Orar, para saber renunciar à idolatria e à autossuficiência do nosso eu, e nos declararmos necessitados do Senhor e da sua misericórdia. Dar esmola, para sair da insensatez de viver e acumular tudo para nós mesmos, com a ilusão de assegurarmos um futuro que não nos pertence. E, assim, reencontrar a alegria do projeto que Deus colocou na criação e no nosso coração: o projeto de amá-Lo a Ele, aos nossos irmãos e ao mundo inteiro, encontrando neste amor a verdadeira felicidade.
Queridos irmãos e irmãs, a «quaresma» do Filho de Deus consistiu em entrar no deserto da criação para fazê-la voltar a ser aquele jardim da comunhão com Deus que era antes do pecado das origens (cf. Mc 1,12-13; Is 51,3). Que a nossa Quaresma seja percorrer o mesmo caminho, para levar a esperança de Cristo também à criação, que «será libertada da escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus» (Rm 8, 21). Não deixemos que passe em vão este tempo favorável! Peçamos a Deus que nos ajude a realizar um caminho de verdadeira conversão. Abandonemos o egoísmo, o olhar fixo em nós mesmos, e voltemo-nos para a Páscoa de Jesus; façamo-nos próximo dos irmãos e irmãs em dificuldade, partilhando com eles os nossos bens espirituais e materiais. Assim, acolhendo na nossa vida concreta a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, atrairemos também sobre a criação a sua força transformadora.
Vaticano, Festa de São Francisco de Assis, 4 de outubro de 2018.

Franciscus

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO VIII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO C)


Lc 6, 39-45 Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice explicou a passagem do Evangelho deste domingo que apresenta parábolas breves, “com as quais Jesus indica aos seus discípulos o caminho a seguir para viver com sabedoria”.
Com a pergunta: “Pode um cego guiar outro cego?”, Jesus sublinha que “um guia não pode ser cego, mas deve ver bem, ou seja, deve ter sabedoria para guiar com sabedoria, caso contrário, corre o risco de prejudicar as pessoas que se confiam a ele”.
 “Assim, Jesus chama a atenção daqueles que têm responsabilidades educacionais ou de comando: os pastores de almas, as autoridades públicas, os legisladores, mestres e pais, exortando-os a estar conscientes do seu papel delicado e a discernir sempre a estrada certa na qual conduzir as pessoas.”
Segundo Francisco, Jesus usa uma expressão sapiencial para indicar-se como modelo de mestre e guia a ser seguido: “Um discípulo não é mais que o mestre, mas aquele bem preparado será como o seu mestre”.
“É um convite a seguir o seu exemplo e seu ensinamento para sermos guias seguros e sábios. Este ensinamento está especialmente contido no discurso da montanha, que há três domingos a liturgia nos propõe no Evangelho, indicando a atitude de mansidão e misericórdia para sermos pessoas sinceras, humildes e justas."
“Na passagem de hoje, encontramos outra frase significativa que exorta a não sermos presunçosos nem hipócritas. ”
"Diz assim: «Por que é que olhas o cisco no olho do teu irmão, e não prestas atenção na trave que há no teu próprio olho?»” “Muitas vezes, todos nós sabemos, é mais fácil ou conveniente ver e condenar os defeitos e os pecados dos outros, sem conseguir ver os próprios com a mesma lucidez. Nós escondemos sempre os nossos defeitos. Escondemo-los até de nós mesmos. Ao invés, é fácil ver os defeitos dos outros. A tentação é a de ser indulgentes consigo mesmo, clementes consigo mesmo e duros a condenar os outros.”
O Pontífice disse que “é sempre útil ajudar o próximo com conselhos sábios, mas enquanto observamos e corrigimos os defeitos do nosso próximo, também devemos estar cientes de que temos defeitos”. “Se eu penso que não tenho defeitos, não posso condenar ou corrigir os outros. Todos nós temos defeitos: todos."
“ Devemos estar conscientes disso e antes de condenar os outros, devemos olhar para dentro de nós mesmos. Podemos assim agir de modo crível, com humildade, testemunhando a caridade.”
“Como podemos entender se o nosso olho é livre ou se está impedido por uma trave?”, perguntou o Papa. Jesus responde-nos: «Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons; porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos».
 “O fruto são as ações, mas também as palavras. Das palavras se conhece a qualidade da árvore."
“ De fato, quem é bom, do seu coração e da sua boca saem o bem e quem é mau põe para fora o mal, praticando o exercício mais deletério entre nós que é a murmuração, a fofoca, falar mal dos outros. ” "Isso destrói, destrói a família, destrói a escola, destrói o local de trabalho, destrói o bairro. As guerras começam da língua.”
“Pensemos um pouco nesse ensinamento de Jesus”, exortou o Papa, “e questionemo-nos: falo mal dos outros?  É mais fácil para mim ver os defeitos dos outros do que os meus? E procuremos corrigirmo-nos pelo menos um pouco: isso nos fará bem a todos”.
Francisco pediu o apoio e a intercessão de Maria para que possamos seguir o Senhor nesse caminho.