domingo, 28 de janeiro de 2018

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO IV DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO B)


Mc 1, 21-28 O Pontífice explicou hoje que o Evangelho deste domingo faz parte da mais ampla narração indicada como o “dia de Cafarnaum”. No centro dessa passagem está o exorcismo, através do qual Jesus é apresentado como profeta poderoso em palavras e obras. 
Jesus entra na sinagoga de Cafarnaum num dia de sábado e começa a ensinar. “As pessoas ficam admiradas com as suas palavras, pois não são palavras comuns, não se parecem com aquelas que geralmente escutam.”
"Jesus ensina como uma pessoa que tem autoridade, revelando-se o Enviado de Deus, e não um homem simples que deve fundar seu próprio ensinamento somente nas tradições precedentes. Jesus tem credibilidade plena. A sua doutrina é nova e o Evangelho diz que as pessoas comentavam: «Um ensinamento novo, dado com autoridade».”  
"Ao mesmo tempo, Jesus revela-se poderoso também nas obras. Na sinagoga de Cafarnaum há um homem possuído por um espírito mau que se manifesta gritando estas palavras: «Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o santo de Deus».
“O diabo diz a verdade: Jesus veio para destruir o diabo, para destruir o demônio, para vencê-lo.”
“Este espírito imundo conhece a potência de Jesus e proclama a sua santidade. Jesus o repreende, dizendo-lhe: «Cala-te e sai dele!» Essas poucas palavras de Jesus são suficientes para obter a vitória sobre satanás, que sai daquele homem sacudindo-o e dando um grande frito, segundo o Evangelho.” 
Segundo o Papa, “esse fato impressiona muito as pessoas presentes. Todos estão cheios de temor e se perguntam: «O que é isso? Ele manda até mesmo nos espíritos maus e eles obedecem!»
A força de Jesus confirma a credibilidade de seu ensinamentoEle não pronuncia somente palavras, mas age
“ Assim, se manifesta o projeto de Deus com palavras e com a força das obras.
De facto, no Evangelho, vemos que Jesus, em sua missão terrena, revela o amor de Deus seja com a pregação seja com os vários gestos de atenção e socorro aos doentes, necessitados, crianças e pecadores.” 
“Jesus é o nosso Mestre, poderoso em palavras e obras. Jesus comunica-nos a luz que ilumina as estradas, até mesmo escuras, da nossa existência.
Ele comunica-nos também a força necessária para superar as dificuldades, as provações e as tentações. Pensemos: que grande graça é para nós ter conhecido esse Deus tão poderoso e bom!"
“Um mestre e um amigo que nos indica o caminho e cuida de nós, especialmente quando mais precisamos."
“Que a Virgem Maria, mulher da escuta, nos ajude a fazer silêncio ao nosso redor e dentro de nós para ouvir, no barulho das mensagens do mundo, a palavra mais crível que existe: a de seu Filho Jesus que anuncia o sentido da nossa existência e nos liberta de toda escravidão, inclusive a do maligno.”

ENCONTRO DIOCESANO DE CATEQUISTAS


Dia Diocesano do Catequista realiza-se no domingo  4 de fevereiro, no Santuário de Cristo Rei , subordinado ao tema “Retrato de Família: transmissão da fé de pais para filhos”.
A manhã é dedicada a um conjunto de sete apresentações apresentadas por cada uma das vigararias, com os seguintes temas:
Os Pais são testemunhas do Amor; 
A Paróquia acolhe os Pais; 
A Paróquia e feridas familiares; 
A Arte de acompanhar os Pais; 
O anúncio da fé aos Pais; 
Os Pais protagonistas na educação; 
Os Pais e festa do Domingo. 
De tarde há uma conferência sobre “A educação dos filhos”, numa reflexão feita a partir da Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Amoris Laetitia.
O encontro termina com a Eucaristia presidida pelo Bispo de Setúbal, D. José Ornelas, pelas 16h.

sábado, 27 de janeiro de 2018

PEDIDO DE AJUDA DO P. PAULO TEIA sj

Carta de noticias/pedido de ajuda do Padre Paulo Teia sj
Tete 26 de Janeiro 2018
Queridos amigos e amigas,
Escrevo-vos desde Tete onde termino agora a minha primeira missão em terras de África. Estive um ano como vigário da catedral de Tete e dois anos como pároco. Foi uma experiencia muito profunda onde me senti uma verdadeira “criança na escola da vida”. Dediquei-me sobretudo a recuperar os espaços perdidos da Catedral e a reestruturar a catequese (frequentada por duas mil crianças). Tive também um grande desafio em abrir uma pequena escola de explicações de português e matemática para as crianças mais pobres da paróquia assim como começar um projecto de microcrédito para ajudar duzentas mães solteiras ou viúvas com crianças pequenas. Em todas estas coisas fiz-me aprendiz de uma nova cultura sabendo que teria de cometer muitos erros por falta de conhecimento. Mas creio que o balanço foi muito positivo. Neste momento estou a acabar a construção de uma casa de banho publica prolongamento da sacristia na Catedral e no mês de Março estou destinado à Beira onde irei trabalhar mais três anos. Antes de deixar Tete gostaria ainda de fazer algo pelas inúmeras crianças da rua que acompanhei durante estes anos. Muitas delas não tem ajuda dos pais para comprar uniforme e o material escolar para começarem o ano. Venho assim desafiar-vos a ajudarem uma destas 45 crianças com a compra deste material e do uniforme. Com cerca de 15 euros consigo comprar o uniforme, uma mala e os cadernos para cada criança. O ano escolar começa no dia 5 de Fevereiro e nos próximos procurarei reuni-las para fazer esta compra e mandar fazer o uniforme. Para facilitar a vossa ajuda a transferência pode ser feita para a minha conta em Portugal e agradecia me avisassem através do meu e-mail do montante que transferiram para que depois vos possa agradecer e quem sabe com uma fotografia dos vossos afilhados escolares. 
Conta Paulo Alexandre Teia Gomes
IBAN: PT50 0035 0662 0000 8466 0008 5
E-mail: ecovirgula@sapo.pt
Um muito obrigado uma vez mais pela vossa amizade e carinho, sempre vosso amigo padre Paulo Teia sj

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

JOVEM DA PARÓQUIA DE S. FRANCISCO XAVIER DE CAPARICA FOI HOJE INSTITUÍDO LEITOR

O seminarista Cláudio Rodrigues (da Paróquia de SFX de Caparica) foi esta tarde instituído Leitor, na festa do Padroeiro do Seminário de Almada, São Paulo. 
Este é o primeiro passo público em direção ao Sacerdócio. 






O Cláudio tem 23 anos de idade e é do Monte de Caparica. Chegou ao Seminário de Almada com 18 anos, em 2013, depois de ter estudado Humanidades. Tinha a forte convicção de que ia ser político, mas esse não foi o chamamento de Deus para si. 
Rezemos por ele.

domingo, 21 de janeiro de 2018

REFLEXÃO SOBRE O EVANGELHO DO III DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO B)


Mc 1,14-20 A liturgia da Palavra do terceiro Domingo do Tempo Comum recorda-nos que Deus ama cada homem e cada mulher e chama-os à vida plena e verdadeira. A resposta da pessoa ao chamamento de Deus passa por um caminho de conversão pessoal e de identificação com Jesus.
No Evangelho, Marcos avisa que a entrada para a comunidade do Reino pressupõe um caminho de conversão e de adesão a Jesus e ao Evangelho, um convite a todos os homens para se tornarem seus discípulos e para integrarem a sua comunidade. Esse chamamento é radical e incondicional: exige que o Reino se torne o valor fundamental, a prioridade, o principal objetivo do discípulo.
Podemos dizer que há no Evangelho uma troca de olhares ou olhares trocados. João Baptista põe o seu olhar em Jesus e diz quem Ele é. Jesus olha André e o seu companheiro, interroga-os e convida-os a vir e a ver. Estes veem onde Ele mora e ficam com Ele. André leva o seu irmão a Jesus que põe nele o seu olhar e dá-lhe um novo nome, o que constitui todo um programa de vida. Olhares que interrogam, olhares que nomeiam, olhares que convidam, olhares que dizem a amizade.
Troquemos o nosso olhar com o olhar de Deus, olhando o seu Filho Jesus. Voltemo-nos sempre para Cristo. Em comunidade, é bom ouvir o apelo à conversão: as nossas maneiras de viver e de trabalhar devem também, sem cessar, ser regeneradas para melhor corresponder àquilo que Cristo espera de nós. É preciso que, juntos, nos viremos para Ele. O Evangelho deste domingo é uma excelente oportunidade para um tempo de discernimento que muito raramente fazemos sobre o nosso olhar de conversão e de adesão à Pessoa de Cristo.
Estamos a viver a semana de oração pela unidade dos cristãos. Acolhamos o olhar de Deus em nós que nos convida à unidade em Cristo no seu Espírito, renovemos o nosso olhar, pela oração e pela conversão de mentalidade, em relação a todos os que peregrinam noutras confissões cristãs e que são nossos irmãos em Cristo. (Manuel Barbosa, scj)

domingo, 14 de janeiro de 2018

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO II DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO B)


Jo 1, 35-42 Superar uma religiosidade costumeira e reavivar o encontro com Jesus: esta foi a reflexão que o Papa fez aos fiéis reunidos na Praça de S. Pedro para rezar com eles a oração do Angelus deste II Domingo do tempo comum.
Na sua alocução, Francisco comentou o Evangelho do dia, que propõe a manifestação do Senhor, como na festa da Epifania e do Batismo de Jesus.
Desta vez, é João Batista que indica Jesus aos seus discípulos como o “Cordeiro de Deus”, convidando-os a segui-lo. João Batista é uma testemunha fundamental, pois foi o primeiro a percorrer o caminho e a encontrar o Senhor. E justamente por isso pode orientar o caminho aos demais: “Vinde ver”.
Neste caminho, indicou o Papa, não é suficiente construir uma imagem de Deus baseada no “ouvir falar”; é preciso ir à procura do Mestre e ir onde Ele está, como fazem os dois discípulos.
A vida de fé, explicou o Papa, consiste no desejo ardente de estar com o Senhor e, portanto, numa busca contínua do lugar onde Ele habita.
“Portanto, somos chamados a superar uma religiosidade costumeira e certa, reavivando o encontro com Jesus na oração, na meditação da Palavra de Deus e na frequência aos Sacramentos, para estar com Ele.”
Este é o caminho, indicou o Pontífice: “Procurar Jesus, encontrar Jesus e seguir Jesus”.
O Papa Francisco concluiu confiando a Nossa Senhora este propósito de seguir Cristo para reencontrar Nele esperança e ímpeto espiritual.

domingo, 7 de janeiro de 2018

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO NA SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR (6.01.2018)

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Sábado, 6 de janeiro de 2018


O nosso percurso ao encontro do Senhor, que hoje Se manifesta como luz e salvação para todos os povos, é elucidado por três gestos dos Magos. Estes veem a estrelapõem-se a caminho oferecem presentes.
Ver a estrela. É o ponto de partida. Mas, poder-nos-íamos perguntar: Por que foi que só os Magos viram a estrela? Porque talvez poucos levantaram o olhar para o céu. De facto na vida, muitas vezes, contentamo-nos com olhar para a terra: basta a saúde, algum dinheiro e um pouco de divertimento. E pergunto-me: Sabemos nós ainda levantar os olhos para o céu? Sabemos sonhar, anelar por Deus, esperar a sua novidade, ou deixamo-nos levar pela vida como um ramo seco pelo vento? Os Magos não se contentaram com deixar correr, flutuando. Intuíram que, para viver de verdade, é preciso uma meta alta e, por isso, é preciso manter alto o olhar.
E poder-nos-íamos perguntar ainda: Porque é que muitos outros, dentre aqueles que levantavam o olhar para o céu, não seguiram aquela estrela, «a sua estrela» (Mt 2, 2)? Talvez porque não era uma estrela deslumbrante, que brilhasse mais do que as outras. Era uma estrela que os Magos viram – diz o Evangelho – «despontar» (cf. Mt 2, 2.9). A estrela de Jesus não encandeia, não atordoa, mas gentilmente convida. Podemos perguntar-nos pela estrela que escolhemos na vida. Há estrelas deslumbrantes, que suscitam fortes emoções mas não indicam o caminho. Tal é o sucesso, o dinheiro, a carreira, as honras, os prazeres procurados como objetivo da existência. Não passam de meteoritos: brilham por um pouco, mas depressa caem e o seu esplendor desaparece. São estrelas cadentes, que, em vez de orientar, despistam. Ao contrário, a estrela do Senhor nem sempre é fulgurante, mas está sempre presente: é meiga, guia-te pela mão na vida, acompanha-te. Não promete recompensas materiais, mas garante a paz e dá, como aos Magos, uma «imensa alegria» (Mt 2, 10). Pede, porém, para caminhar.
Caminhar, a segunda ação dos Magos, é essencial para encontrar Jesus. De facto, a sua estrela solicita a decisão de se pôr a caminho, a fadiga diária da caminhada; pede à pessoa para se libertar de pesos inúteis e sumptuosidades embaraçantes, que estorvam, e aceitar os imprevistos que não aparecem assinalados no mapa da vida tranquila. Jesus deixa-Se encontrar por quem O busca, mas, para O buscar, é preciso mover-se, sair. Não ficar à espera; arriscar. Não ficar parados; avançar. Jesus é exigente: a quem O busca, propõe-lhe deixar as poltronas das comodidades mundanas e os torpores sonolentos das suas lareiras. Seguir a Jesus não é um polido protocolo a respeitar, mas um êxodo a viver. Deus, que libertou o seu povo mediante o trajeto do êxodo e chamou novos povos para seguir a sua estrela, dá a liberdade e distribui a alegria, sempre e só, em caminho. Por outras palavras, para encontrar Jesus, é preciso perder o medo de entrar em jogo, a satisfação do caminho andado, a preguiça de não pedir mais nada à vida. Simplesmente para encontrar um Menino, já é preciso arriscar; mas vale bem a pena, porque, ao encontrar aquele Menino, ao descobrir a sua ternura e o seu amor, encontramo-nos a nós mesmos.
Pôr-se a caminho não é fácil. Assim no-lo mostra o Evangelho através dos vários personagens. Temos Herodes, perturbado pelo temor de que o nascimento dum rei ameace o seu poder. Por isso, organiza reuniões e envia outros a recolher informações; mas ele não se move, está fechado no seu palácio. E, com ele, «toda a Jerusalém» (Mt 2, 3) tem medo: medo das coisas novas de Deus. Prefere que tudo permaneça como antes – «fez-se sempre assim» -, e ninguém tem a coragem de se pôr a caminho. Mais subtil é a tentação dos sacerdotes e escribas: conhecem o lugar exato e indicam-no a Herodes, citando inclusive a profecia antiga; sabem, mas não dão um passo rumo a Belém. Pode ser a tentação de quem é crente há muito tempo: discorre-se de fé, como de algo que já é conhecido, mas que não se compromete pessoalmente com o Senhor. Fala-se, mas não se reza; lastima-se, mas não se faz o bem. Pelo contrário, os Magos falam pouco e caminham muito. Embora ignorando as verdades da fé, estão ansiosos e põem-se a caminho, como evidenciam os verbos do Evangelho: «viemos adorá-lo» (Mt 2, 2), «puseram-se a caminho; entraram na casa; prostraram-se; regressaram» (cf. Mt 2, 9.11.12): sempre em movimento.
Oferecer. Quando chegaram ao pé de Jesus, depois da longa viagem, os Magos fazem como Ele: dão. Jesus está ali para oferecer a vida; eles oferecem as suas preciosidades: ouro, incenso e mirra. O Evangelho está cumprido, quando o caminho da vida chega à doação. Dar gratuitamente, por amor do Senhor, sem esperar nada em troca: isto é sinal certo de ter encontrado Jesus, que diz «recebestes de graça, dai de graça» (Mt 10, 8). Praticar o bem sem cálculos, mesmo se ninguém no-lo pede, mesmo se não nos faz ganhar nada, mesmo se não nos apetece. Isto é o que Deus deseja. Ele, que Se fez pequenino por nós, pede-nos para oferecermos algo pelos seus irmãos mais pequeninos. E quem são? São precisamente aqueles que não têm com que retribuir, como o necessitado, o faminto, o forasteiro, o preso, o pobre (cf. Mt 25, 31-46). Oferecer um presente agradável a Jesus é cuidar dum doente, dedicar tempo a uma pessoa difícil, ajudar alguém que não nos inspira, oferecer o perdão a quem nos ofendeu. São presentes gratuitos, não podem faltar na vida cristã; caso contrário, como nos recorda Jesus, amando apenas aqueles que nos amam, fazemos como os pagãos (Mt 5, 46-47). Olhemos as nossas mãos muitas vezes vazias de amor, e procuremos hoje pensar num presente gratuito, sem retribuição, que possamos oferecer. Será agradável ao Senhor. E peçamos-Lhe: «Senhor, fazei-me redescobrir a alegria de dar».
Amados irmãos e irmãs, façamos como os Magos: olhar para o Alto, caminhar e oferecer presentes gratuitamente.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA 2017 (SFX de CAPARICA)

 No domingo dia 31 de dezembro realizou-se a Festa da Sagrada Família.
 Começou com uma Procissão às 10h pelas ruas da Paroquia levando a imagem da Sagrada Família, seguindo-se Missa ao ar livre pelas 11h30
 com ofertório solene 

 Seguiu-se um almoço partilhado e animado convívio


segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O DIA MUNDIAL DA PAZ 2018 (1.01.2018)


Mensagem do Papa Francisco para o 51º Dia Mundial da Paz (1º de janeiro de 2018)

Sexta-feira, 24 de novembro de 017
Boletim da Santa Sé 
Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz
1. Votos de paz
Paz a todas as pessoas e a todas as nações da terra! A paz, que os anjos anunciam aos pastores na noite de Natal,(1) é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta. Dentre estes, que trago presente nos meus pensamentos e na minha oração, quero recordar de novo os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados. Estes últimos, como afirmou o meu amado predecessor Bento XVI, «são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar onde viver em paz».(2) E, para o encontrar, muitos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande parte dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofrimentos, a enfrentar arames farpados e muros erguidos para os manter longe da meta.
Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental.
Estamos cientes de que não basta abrir os nossos corações ao sofrimento dos outros. Há muito que fazer antes de os nossos irmãos e irmãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura. Acolher o outro requer um compromisso concreto, uma corrente de apoios e beneficência, uma atenção vigilante e abrangente, a gestão responsável de novas situações complexas que às vezes se vêm juntar a outros problemas já existentes em grande número, bem como recursos que são sempre limitados. Praticando a virtude da prudência, os governantes saberão acolher, promover, proteger e integrar, estabelecendo medidas práticas, «nos limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido, [para] lhes favorecer a integração»(3). Os governantes têm uma responsabilidade precisa para com as próprias comunidades, devendo assegurar os seus justos direitos e desenvolvimento harmónico, para não serem como o construtor insensato que fez mal os cálculos e não conseguiu completar a torre que começara a construir.(4)
2. Porque há tantos refugiados e migrantes?
Na mensagem para idêntica ocorrência no Grande Jubileu pelos 2000 anos do anúncio de paz dos anjos em Belém, São João Paulo II incluiu o número crescente de refugiados entre os efeitos de «uma sequência infinda e horrenda de guerras, conflitos, genocídios, “limpezas étnicas”»(5) que caraterizaram o século XX. E até agora, infelizmente, o novo século não registou uma verdadeira viragem: os conflitos armados e as outras formas de violência organizada continuam a provocar deslocações de populações no interior das fronteiras nacionais e para além delas.
Todavia as pessoas migram também por outras razões, sendo a primeira delas «o desejo de uma vida melhor, unido muitas vezes ao intento de deixar para trás o “desespero” de um futuro impossível de construir».(6) As pessoas partem para se juntar à própria família, para encontrar oportunidades de trabalho ou de instrução: quem não pode gozar destes direitos, não vive em paz. Além disso, como sublinhei na Encíclica Laudato si’, «é trágico o aumento de migrantes em fuga da miséria agravada pela degradação ambiental».(7)
A maioria migra seguindo um percurso legal, mas há quem tome outros caminhos, sobretudo por causa do desespero, quando a pátria não lhes oferece segurança nem oportunidades, e todas as vias legais parecem impraticáveis, bloqueadas ou demasiado lentas.
Em muitos países de destino, generalizou-se largamente uma retórica que enfatiza os riscos para a segurança nacional ou o peso do acolhimento dos recém-chegados, desprezando assim a dignidade humana que se deve reconhecer a todos, enquanto filhos e filhas de Deus. Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos os seres humanos.(8)
Todos os elementos à disposição da comunidade internacional indicam que as migrações globais continuarão a marcar o nosso futuro. Alguns consideram-nas uma ameaça. Eu, pelo contrário, convido-vos a vê-las com um olhar repleto de confiança, como oportunidade para construir um futuro de paz.
3. Com olhar contemplativo
A sabedoria da fé nutre este olhar, capaz de intuir que todos pertencemos «a uma só família, migrantes e populações locais que os recebem, e todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutrina social da Igreja. Aqui encontram fundamento a solidariedade e a partilha».(9) Estas palavras propõem-nos a imagem da nova Jerusalém. O livro do profeta Isaías (cap. 60) e, em seguida, o Apocalipse (cap. 21) descrevem-na como uma cidade com as portas sempre abertas, para deixar entrar gente de todas as nações, que a admira e enche de riquezas. A paz é o soberano que a guia, e a justiça o princípio que governa a convivência dentro dela.
Precisamos de lançar, também sobre a cidade onde vivemos, este olhar contemplativo, «isto é, um olhar de fé que descubra Deus que habita nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças (…), promovendo a solidariedade, a fraternidade, o desejo de bem, de verdade, de justiça»,(1)0 por outras palavras, realizando a promessa da paz.
Detendo-se sobre os migrantes e os refugiados, este olhar saberá descobrir que eles não chegam de mãos vazias: trazem uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas nativas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem. Saberá vislumbrar também a criatividade, a tenacidade e o espírito de sacrifício de inúmeras pessoas, famílias e comunidades que, em todas as partes do mundo, abrem a porta e o coração a migrantes e refugiados, inclusive onde não abundam os recursos.
Este olhar contemplativo saberá, enfim, guiar o discernimento dos responsáveis governamentais, de modo a impelir as políticas de acolhimento até ao máximo dos «limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido»,(11) isto é, tomando em consideração as exigências de todos os membros da única família humana e o bem de cada um deles.
Quem estiver animado por este olhar será capaz de reconhecer os rebentos de paz que já estão a despontar e cuidará do seu crescimento. Transformará assim em canteiros de paz as nossas cidades, frequentemente divididas e polarizadas por conflitos que se referem precisamente à presença de migrantes e refugiados.
4. Quatro pedras miliárias para a ação
Oferecer a requerentes de asilo, refugiados, migrantes e vítimas de tráfico humano uma possibilidade de encontrar aquela paz que andam à procura, exige uma estratégia que combine quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar.(12)
«Acolher» faz apelo à exigência de ampliar as possibilidades de entrada legal, de não repelir refugiados e migrantes para lugares onde os aguardam perseguições e violências, e de equilibrar a preocupação pela segurança nacional com a tutela dos direitos humanos fundamentais. Recorda-nos a Sagrada Escritura: «Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos».(13)
«Proteger» lembra o dever de reconhecer e tutelar a dignidade inviolável daqueles que fogem dum perigo real em busca de asilo e segurança, de impedir a sua exploração. Penso de modo particular nas mulheres e nas crianças que se encontram em situações onde estão mais expostas aos riscos e aos abusos que chegam até ao ponto de as tornar escravas. Deus não discrimina: «O Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva».(14)
«Promover» alude ao apoio para o desenvolvimento humano integral de migrantes e refugiados. Dentre os numerosos instrumentos que podem ajudar nesta tarefa, desejo sublinhar a importância de assegurar às crianças e aos jovens o acesso a todos os níveis de instrução: deste modo poderão não só cultivar e fazer frutificar as suas capacidades, mas estarão em melhores condições também para ir ao encontro dos outros, cultivando um espírito de diálogo e não de fechamento ou de conflito. A Bíblia ensina que Deus «ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário»; daí a exortação: «Amarás o estrangeiro, porque foste estrangeiro na terra do Egito».(15)
Por fim, «integrar» significa permitir que refugiados e migrantes participem plenamente na vida da sociedade que os acolhe, numa dinâmica de mútuo enriquecimento e fecunda colaboração na promoção do desenvolvimento humano integral das comunidades locais. «Portanto – como escreve São Paulo – já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus».(16)
5. Uma proposta para dois Pactos internacionais
Almejo do fundo do coração que seja este espírito a animar o processo que, no decurso de 2018, levará à definição e aprovação por parte das Nações Unidas de dois pactos globais: um para migrações seguras, ordenadas e regulares, outro referido aos refugiados. Enquanto acordos partilhados a nível global, estes pactos representarão um quadro de referência para propostas políticas e medidas práticas. Por isso, é importante que sejam inspirados por sentimentos de compaixão, clarividência e coragem, de modo a aproveitar todas as ocasiões para fazer avançar a construção da paz: só assim o necessário realismo da política internacional não se tornará uma capitulação ao cinismo e à globalização da indiferença.
De facto, o diálogo e a coordenação constituem uma necessidade e um dever próprio da comunidade internacional. Mais além das fronteiras nacionais, é possível também que países menos ricos possam acolher um número maior de refugiados ou acolhê-los melhor, se a cooperação internacional lhes disponibilizar os fundos necessários.
A Secção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral sugeriu 20 pontos de ação(17) como pistas concretas para a implementação dos supramencionados quatro verbos nas políticas públicas e também na conduta e ação das comunidades cristãs. Estas e outras contribuições pretendem expressar o interesse da Igreja Católica pelo processo que levará à adoção dos referidos pactos globais das Nações Unidas. Um tal interesse confirma uma vez mais a solicitude pastoral que nasceu com a Igreja e tem continuado em muitas das suas obras até aos nossos dias.
6. Em prol da nossa casa comum
Inspiram-nos as palavras de São João Paulo II: «Se o “sonho” de um mundo em paz é partilhado por tantas pessoas, se se valoriza o contributo dos migrantes e dos refugiados, a humanidade pode tornar-se sempre mais família de todos e a nossa terra uma real “casa comum”».(18) Ao longo da história, muitos acreditaram neste «sonho» e as suas realizações testemunham que não se trata duma utopia irrealizável.
Entre eles conta-se Santa Francisca Xavier Cabrini, cujo centenário do nascimento para o Céu ocorre em 2017. Hoje, dia 13 de novembro, muitas comunidades eclesiais celebram a sua memória. Esta pequena grande mulher, que consagrou a sua vida ao serviço dos migrantes tornando-se depois a sua Padroeira celeste, ensinou-nos como podemos acolher, proteger, promover e integrar estes nossos irmãos e irmãs. Pela sua intercessão, que o Senhor nos conceda a todos fazer a experiência de que «o fruto da justiça é semeado em paz por aqueles que praticam a paz».(19)
Vaticano, 13 de novembro de 2017
Memória de Santa Francisca Xavier Cabrini, Padroeira dos migrantes
FRANCISCO