quarta-feira, 24 de junho de 2020

Paróquia de São Francisco Xavier distribui bens essenciais aos mais necessitados com “alegria e amor”

Paróquia de São Francisco Xavier distribui bens essenciais aos mais necessitados com “alegria e amor”

A pandemia provocou um aumento do número de famílias apoiadas numa realidade populacional já muita carenciada. As necessidades são crescentes mas a equipa de voluntários da Paróquia desdobra-se para fazer chegar o pão a quem pouco tem.
Na entrada da loja 10, junto ao Centro Social Paroquial de Cristo Rei juntam-se, com as devidas distâncias, pessoas com sacos e carrinhos de compras. Se não soubéssemos, poderíamos dizer que estas pessoas iam às compras num qualquer supermercado das redondezas. Mas não. Recorrem ao apoio fraterno de distribuição de alimentos da Paróquia de São Francisco Xavier, no Monte de Caparica.
Chega a carrinha do Centro Paroquial com os alimentos cedidos pelo Banco Alimentar contra a Fome. Uma das pessoas que já se encontra à espera atira para o ar se não lhe podem dar uma peça de fruta mas os voluntários explicam-lhe que terá de aguardar a sua vez.








Descarregamento dos bens alimentares

Minutos antes de começarem, os voluntários param para rezar e pedir ao Senhor que os inspire e ajude no trabalho que se vai prolongar até ao final da tarde.
“Isto parece muito confuso mas é a realidade” confidencia a responsável do grupo de apoio fraterno, Maria da Graça Araújo. “Desde 1984 que aqui a Paróquia [anteriormente Paróquia de Cristo Rei, Pragal, dividida em 2006, dando origem à Quasi-Paróquia de São Francisco Xavier] dá este apoio fraterno, distribuindo com os mais pobres alimentos, roupa e até alguns medicamentos”.

“Os pedidos não param de chegar”

“Esta é uma zona muito pobre, com três bairros onde residem pessoas com graves dificuldades financeiras” refere a professora, agora reformada, e também catequista e ministra extraordinária da comunhão.
A crise provocada pela pandemia de Covid-19 veio agravar as condições de vida de quem ali mora.
“Muitas pessoas foram vítimas do lay-off das empresas ou perderam os seus empregos. Alguns não sabem ler, tem pouca escolaridade, e por isso trabalham em limpezas, na construção civil ou restauração e com o encerramento das atividades económicas ficaram sem trabalho” acrescenta a responsável da ação caritativa da Paróquia.
Os números dispararam: em fevereiro deste ano, o grupo de distribuição de alimentos apoiava 211 famílias, num total de 726 pessoas. Neste momento, prestam auxílio a 246 famílias, o que se traduz num aumento de 100 pessoas. E os pedidos não param de chegar.
“Há quem recorrentemente passe por situações mais complicadas, que antes já cá tinha estado a receber apoio e que agora regressa. Mas há pessoas que vieram de novo, que vieram pela primeira vez. Pessoas inclusivamente que costumavam dar e que agora vêm receber.”

“É tudo feito com alegria e amor”

Com a pandemia, foi necessário reorganizar todo o processo de distribuição de alimentos. As pessoas não entram nas instalações, cedidas ao Centro Social Paroquial de Cristo Rei, pelo IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana), e recebem os alimentos à porta.
“Uma vez por mês é feita entrega de produtos não perecíveis – alimentos secos. Todas as semanas, às quintas e sextas-feiras, é feita a entrega dos produtos frescos, em vários turnos para não haver concentração grande de pessoas”.
Existem três equipas de voluntários. As voluntárias mais antigas, pessoas idosas que durante o período de confinamento não podiam colaborar por estarem nos grupos de risco, regressaram agora por se sentirem mais seguras para ajudar com os equipamentos de proteção.
 Também a comunidade Shalom está a dar apoio na entrega dos alimentos e as missionárias dos “Leigos para o Desenvolvimento” além de apoiarem a distribuição de alimentos, estão responsáveis pela “Casa da Roupa”, onde as famílias vão escolher roupas nas sextas feiras á tarde, e onde se pode doar peças de vestuário para as pessoas que necessitam.

 

A ajuda que chega é “manifestamente insuficiente”

O serviço sócio-caritativo conta com parcos apoios e as comunidades têm pouca capacidade para ajudar mais.
“Há paróquias onde as pessoas conseguem ajudar-se umas às outras, em que alguns podem contribuir para apoiar outros. Aqui as pessoas também passam dificuldades e por isso também não podem ajudar” conta a coordenadora do grupo.
“As ajudas que chegam são sobretudo do Banco Alimentar contra a Fome, da Entreajuda, do Centro Juvenil Padre Amadeu Pinto, que às vezes, como lhes dão alguns alimentos e não fazem distribuição, oferecem-nos.”
O que há é distribuído entre as famílias, mas há agregados familiares muito grandes, com 6 a 10 pessoas. As doações feitas são manifestamente poucas para as necessidades e para os pedidos que continuam a chegar.
“O que nos vale é que de vez em quando temos outras ajudas porque senão, apenas tínhamos 1 quilo de arroz para cada família e algumas famílias têm 10 pessoas. Muitas vezes o que conseguimos dar apenas dá 1 ou 2 refeições. E o resto da semana?”, questiona a coordenadora.

 


“Na Partilha não há Distância”

O grupo socio-caritativo da Quasi-Paróquia de São Francisco Xavier é uma das muitas estruturas de apoio da nossa Diocese que vai beneficiar da campanha de angariação “Na Partilha não há Distância”, promovida em articulação com a Cáritas Diocesana de Setúbal.
Torne-se próximo de quem mais precisa. Num período em que somos forçados a estar socialmente distantes, para garantir a saúde de todos, somos chamados a permanecer próximos daqueles que se encontram particularmente vulneráveis no tempo que vivemos.
JM