Na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus,
o Sumo Pontífice destacou a passagem do Evangelho (Lc. 10, 38-42) deste domingo (XVI Domingo do tempo comum), em que
o evangelista Lucas narra a visita de Jesus à casa de Marta e Maria, irmãs de
Lázaro. “Elas acolhem-no, e Maria senta-se a seus pés para ouvi-lo. Deixa o que
estava a fazer para estar próxima de Jesus: não quer perder nenhuma das suas
palavras”, disse Francisco, acrescentando: “Tudo deve ser deixado de lado
porque, quando Ele nos vem visitar nas nossas vidas, a sua presença e a sua
palavra vêm antes de qualquer coisa. O Senhor sempre nos surpreende: quando nos
dispomos a ouvi-lo realmente, as nuvens desaparecem, as dúvidas dão lugar à
verdade, o medo à serenidade, e as várias situações da vida encontram o lugar
certo. O Senhor quando vem, ajusta sempre as coisas e também a nós.”
Na cena de Maria de Betânia aos pés de Jesus, São
Lucas mostra a atitude de oração do fiel que sabe estar na presença do Mestre
para ouvi-lo e entrar em sintonia com Ele.
“Trata-se de fazer uma pausa durante o dia, de
recolher-se no silêncio para dar lugar ao Senhor que “passa” e encontrar a
coragem de permanecer um pouco “à parte” com Ele, para depois retornar, com
mais serenidade e eficácia, para as coisas quotidianas. Louvando a atitude de
Maria, que “escolheu a melhor parte”, Jesus parece repetir a cada um de nós:
“Não se deixe levar pelos afazeres, mas antes de tudo escute a voz do Senhor, a
fim de desempenhar bem as tarefas que a vida lhe atribui”.
“Depois, há a outra irmã, Marta. São Lucas diz que
foi ela quem hospedou Jesus”, ressaltou o Papa. “Talvez Marta fosse a mais
velha das duas irmãs, não sabemos, mas certamente essa mulher tinha o carisma
da hospitalidade. De fato, enquanto Maria está ouvindo Jesus, ela está
completamente absorvida pelos muitos serviços. Por isso, Jesus lhe diz: “Marta,
Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas”. Com estas palavras, Ele
certamente não pretende condenar a atitude do serviço, mas sim a preocupação
com a qual às vezes se vive.”
Segundo o Pontífice, “nós também partilhamos a
preocupação de Santa Marta e, com o seu exemplo, nos propomos a fazer com que,
nas nossas famílias e nas nossas comunidades, se viva o sentido do acolhimento,
da fraternidade, para que cada um se possa sentir “em casa”,
especialmente os pequenos e os pobres, quando batem à porta.
“ Portanto, o Evangelho de hoje recorda-nos que
a sabedoria do coração está em saber conjugar esses dois elementos: a contemplação
e a ação. ”
“Marta e Maria indicam-nos o caminho. Se queremos
desfrutar a vida com alegria, devemos associar essas duas atitudes: por um lado,
o “estar aos pés” de Jesus para ouvi-lo, enquanto nos revela o segredo de todas
as coisas; por outro, estar atentos e prontos para a hospitalidade, quando Ele
passar e bater à nossa porta, na pessoa de um amigo que precisa de um momento
de descanso e fraternidade.”
Francisco concluiu, pedindo à Virgem Maria, “Mãe
da Igreja, que nos conceda a graça de amar e servir a Deus e aos irmãos com as
mãos de Marta e o coração de Maria, a fim de que permanecendo sempre na escuta
de Cristo, possamos ser artesãos da paz e da esperança”.