Mc 12,28-34
O amor a Deus e ao próximo são
inseparáveis, reiterou hoje o Papa na sua alocução, antes de rezar o Angelus.
“Eles são os dois lados de uma única moeda: vividos juntos, são a verdadeira
força do crente”.
“Há um só
Senhor e esse Senhor é "nosso" no sentido de que está ligado a nós
por um pacto indissolúvel, amou-nos, ama-nos e amar-nos-á para sempre”, disse o
Papa ao iniciar a sua reflexão, inspirada no Evangelho de São Marcos e no Livro
do Deuteronômio.
E “é desta fonte, deste amor de Deus – completou -
que deriva o duplo mandamento para nós: "Amarás o Senhor teu Deus
com todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua mente e com toda a
tua força. [...] amarás o teu próximo como a ti mesmo":
“Ao escolher estas duas palavras dirigidas por
Deus ao seu povo e colocando-as juntas, Jesus ensinou de uma vez por todas que
o amor a Deus e o amor ao próximo são inseparáveis. E mais do que isso,
eles se sustentam-se um ao outro. Mesmo se colocados em sequência, eles
são os dois lados de uma única moeda: vividos juntos, eles são a verdadeira
força do crente”!
“O nosso Deus é doação sem reservas, é perdão sem
limites, é relação que promove e faz crescer. Por isto – observou Francisco -
amar a Deus quer dizer investir nossas energias todos os dias para sermos
seus colaboradores no serviço ao próximo sem reservas, no buscar perdoar sem
limites e no cultivar relações de comunhão e de fraternidade”.
E explicou, que “o evangelista Marcos não se
preocupa em especificar quem é o próximo, porque o próximo é a pessoa que eu
encontro no caminho, todos os dias”:
“Não se trata de pré-selecionar o meu próximo,
isto não é cristão! Eu penso que o meu próximo é aquele que eu pré-selecionei.
Não, isto não é cristão, é pagão; mas trata-se de ter olhos para vê-lo e
coração para querer o seu bem. Se nos exercitarmos em ver com o olhar de Jesus,
nos colocaremos sempre em escuta e ao lado de quem precisa. As necessidades do
próximo exigem certamente respostas eficazes, mas antes ainda elas pedem
compartilhamento”.
Com uma imagem – exemplificou - podemos dizer que o
faminto tem necessidade não apenas de um prato de sopa, mas também de um
sorriso, de ser ouvido e também de uma oração, quem sabe feita em conjunto:
“O Evangelho de hoje convida todos nós a sermos
projetados não somente para as urgências dos irmãos mais pobres, mas sobretudo
a estarmos atentos às suas necessidades de proximidade fraterna, de sentido da
vida e da ternura. Isso interpela nossas comunidades cristãs: trata-se de
evitar o risco de ser comunidades que vivem de muitas iniciativas, mas de
poucas relações; o risco de comunidade "estações de serviço", mas de
pouca companhia, no sentido pleno e cristão deste termo”.
“Seria ilusório – disse Francisco ao concluir -
pretender amar o próximo sem amar a Deus. E da mesma forma seria ilusório
pretender amar a Deus sem amar o próximo. As duas dimensões do amor, para Deus
e para o próximo, em sua unidade, caracterizam o discípulo de Cristo. Que a Virgem
Maria nos ajude a acolher e testemunhar na vida de cada dia este ensinamento
luminoso”.