Mt. 10,
37-42 Ao dirigir-se, hoje, aos milhares de peregrinos e turistas reunidos na Praça
São Pedro para o Angelus dominical, o Papa destacou “os
aspectos essenciais para a vida dos discípulos missionários”.
Para tal, Francisco inspirou sua reflexão no
capítulo 10 do Evangelho de São Mateus, onde “Jesus instrui os doze
apóstolos no momento em que, pela primeira vez, os envia em missão aos povoados
da Galileia e da Judéia”.
O Papa observa que na parte final da passagem,
Jesus sublinha dois aspectos essenciais para a vida do discípulo missionário:
“O primeiro, que a sua ligação com Jesus seja
mais forte do que qualquer outra ligação; o segundo, que o missionário não leve
a si mesmo, mas Jesus, e por meio d’Ele, o amor do Pai celeste. Estes dois
aspectos estão ligados, porque quanto mais Jesus está no centro do coração e da
vida do discípulo, mais este discípulo é “transparente” a sua presença. Estas
duas coisas caminham juntas”.
O Papa explica que quando Jesus diz que “Quem ama
seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim", não quer dizer que
isto não seja bom e legítimo, que “Ele nos queira sem coração e privados
de reconhecimento”, mas que isto “não pode se antepor a Cristo”, “porque a
condição do discípulo exige uma relação prioritária com o mestre”, tornando-se
um com Ele:
“Quem se deixa atrair por este vínculo de amor e
de vida com o Senhor Jesus torna-se um representante seu, um “embaixador” seu,
sobretudo com o modo de ser, de viver. A tal ponto, que Jesus mesmo, enviando
os discípulos em missão, diz a eles: "Quem vos recebe, a mim recebe. E
quem me recebe, recebe aquele que me enviou"”.
Assim – prossegue o Papa – “é necessário que
as pessoas possam perceber que para aquele discípulo, Jesus é realmente “o
Senhor”, é realmente o centro, o tudo da vida. Não importa se depois, como toda
pessoa humana, tenha os seus limites e também os seus erros – desde que tenha a
humildade de reconhecê-los; o importante é que não tenha o coração duplo, isto
é perigoso”, adverte Francisco. "Sou cristão, sou discípulo de Jesus, sou
sacerdote, sou bispo, mas tenho um coração duplo. Não, isto não está
certo".
"Não se deve ter um coração duplo - alerta
Francisco - mas um coração simples, unido; que não tenha "o pé em
dois calçados", mas seja honesto consigo mesmo e com os outros”:
“A duplicidade não é cristã. Por isto Jesus reza
ao Pai para que os discípulos não caiam no espírito do mundo. Ou estás com
Jesus, com o espírito de Jesus, ou estás com o espírito do mundo”.
Nisto o Papa ressalta que “a experiência de
sacerdotes nos ensina uma coisa muito bonita e uma coisa muito importante: é
justamente esta acolhida do santo povo fiel de Deus, é justamente o “copo de
água fresca” – do qual fala hoje o Evangelho - dado com fé afetuosa, que te
ajuda a ser um bom padre:
“Há uma reciprocidade também na missão: se tu
deixas tudo por Jesus, as pessoas reconhecem em ti o Senhor; mas ao mesmo tempo
te ajuda a te converteres cada dia a Ele, a te renovar e purificar dos pactos e
a superar as tentações. Quanto mais um sacerdote é próximo ao povo de Deus,
tanto mais se sentirá próximo a Jesus. E quanto mais um sacerdote é próximo a
Jesus, tanto mais se sentirá próximo ao povo de Deus”.
“A Virgem Maria – concluiu o Papa - experimentou em
primeira pessoa o que significa amar Jesus separando-se de si mesma, dando um
novo sentido às ligações familiares, a partir da fé n’Ele. Que a sua materna
intercessão, nos ajude a sermos livres e alegres missionários do Evangelho”.
(JE)