domingo, 30 de novembro de 2014

REFLEXÃO SOBRE O EVANGELHO DO 1º DOMINGO DO ADVENTO (ANO B)



Mc. 13,33-37 O Evangelho nos fala em vigiar e vigiar sempre. Quando alguém vigia é porque deseja não ser surpreendido. Quando a enfermeira fica de plantão vigiando um doente em estado grave, ela está atenta para impedir que o quadro da saúde piore; quando um policia permanece de plantão ao lado de um banco, o seu intuito é evitar a ação de um ladrão.  
E para Jesus, o que significa para ele vigiar? Para Jesus significa um constante estado de alerta à espera da chegada do mundo novo, ou melhor, do homem novo, dele mesmo, Jesus Cristo, o Messias, o Redentor. Essa vigília significa não dormir no pecado, mas estar acordado pela fé, pela esperança, praticando aquilo que é justiça, que é amor.
Somente aqueles que estão centrados na chegada do Redentor é que irão conhecer o momento e poderão abrir seus corações ao Salvador, como aconteceu em sua primeira vinda.
As pessoas estavam tão voltadas para si mesmas, que não tiveram sensibilidade para perceber a necessidade de uma grávida prestes a dar à luz, e simplesmente se fecharam no seu conforto, mesmo miserável; também aquelas pessoas que não foram lúcidas para distinguir entre um benfeitor que curava, alimentava, perdoava, reconciliava e um bandido, ladrão e assassino, pediram a libertação deste e a crucifixão do outro.
Estejamos acordados, lúcidos para podermos acolher o nosso Salvador.
 
Pe. César Augusto dos Santos SJ

domingo, 23 de novembro de 2014

REFLEXÃO SOBRE O EVANGELHO DA SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO

 
 
Mt. 25, 31-46 Durante a homilia deste XXXIV domingo do Tempo Comum, em que a Igreja celebra a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, o Santo Padre explicou que “a liturgia de hoje nos convida a fixar o olhar em Jesus como Rei do Universo” e as leituras “nos mostram como Jesus realizou seu reino; como o realiza no decorrer da história; e o que nos pede (...) com proximidade e ternura para connosco”.
Continuando, falou da missão do pastor para com a sua grei e sublinhou que esta se resume em “procurar, reunir impedindo a dispersão, conduzir para os pastos, fazer repousar, procurar a ovelha perdida, trazer de volta o extraviado, tratar as feridas, curar a enfermidade, cuidar e pastorear”.
Tomando em conta estas virtudes, “os que na Igreja estamos chamados a ser pastores não podemos nos desviar deste modelo se não quisermos tornar-nos mercenários”. A este respeito, “o povo de Deus tem um olfato infalível com o qual reconhece os bons pastores e os distingue dos mercenários”, assegurou.
Comentando as leituras da Missa, o Papa explicou que “Jesus não é um rei à maneira deste mundo: para Ele, reinar não é controlar, mas obedecer ao Pai, entregar-se a Ele, para que se cumpra seu intuito de amor e de salvação”.
O Evangelho, disse o Papa na sua breve homilia, “diz-nos o que nos pede o reino de Jesus: recorda-nos que a proximidade e a ternura são a regra de vida também para nós e que com base  nisto seremos julgados”. "No final da vida seremos julgados pelo amor, pela proximidade e ternura pelos irmãos. Disso dependerá a nossa participação, ou não, no reino de Deus, a nossa colocação em uma ou outra parte. Jesus, com a sua vitória, nos abriu o seu reino, mas cabe a cada um de nós entrar ali, já a partir desta vida, fazendo-nos concretamente próximos ao irmão que pede pão, roupa, acolhimento, solidariedade. E se verdadeiramente amarmos esse irmão ou irmã, seremos impelidos a partilhar com ele ou com ela aquilo que temos de mais precioso, isto é, Jesus e o seu Evangelho!”, concluiu.

domingo, 16 de novembro de 2014

REFLEXÃO SOBRE O EVANGELHO DO XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO A)

 
Mt. 25, 14-30 Sobre o Evangelho deste XXXIII Domingo do Tempo Comum, disse hoje o Santo Padre Francisco, na oração do Angelus, o seguinte: "Queridos irmãos e irmãs: o Evangelho deste domingo é a parábola dos talentos. Fala-nos de um homem que, antes de partir para uma viagem, convoca os servos e confia a eles o seu patrimônio em talentos, moedas antigas de grande valor. Aquele patrão confia ao primeiro servo cinco talentos, ao segundo dois, ao terceiro um. Durante a ausência do patrão, os três servos devem fazer frutificar este patrimônio. O primeiro e o segundo servos duplicam, cada um, o capital de partida; o terceiro, em vez disso, por medo de perder tudo, enterra o talento recebido num buraco. No regresso do patrão, os dois primeiros recebem o louvor e a recompensa, enquanto o terceiro, que restitui somente a moeda recebida, é repreendido e punido.
É claro o significado disso. O homem da parábola representa Jesus, os servos somos nós e os talentos são o patrimônio que o Senhor confia a nós. Qual é o patrimônio? A sua Palavra, a Eucaristia, a fé no Pai celeste, o seu perdão… em resumo, tantas coisas, os seus bens mais preciosos. Este é o patrimônio que Ele nos confia. Não somente para ser protegido, mas para crescer! Enquanto no uso comum o termo “talento” indica uma qualidade individual – por exemplo talento na música, no desporto etc., na parábola os talentos representam os bens dos Senhor, que Ele nos confia para que o façamos dar frutos. O buraco cavado no terreno pelo “servo mau e preguiçoso” (v. 26) indica o medo do risco que bloqueia a criatividade e a fecundidade do amor. Porque o medo dos riscos do amor nos bloqueia. Jesus não nos pede para conservar a sua graça num cofre! Jesus não nos pede isso, mas quer que a usemos em benefício dos outros. Todos os bens que nós recebemos são para dá-los aos outros, e assim crescem. É como se nos dissesse: “Aqui está a minha misericórdia, a minha ternura, o meu perdão: peguem-nos e façam uso deles”. E nós, o que fazemos?  Quem ‘contagiamos’ com a nossa fé? Quantas pessoas encorajamos com a nossa esperança? Quanto amor partilhamos com o nosso próximo? São perguntas que nos farão bem. Qualquer ambiente, mesmo o mais distante e impraticável, pode se tornar lugar onde fazer frutificar os talentos. Não há situações ou lugares incompatíveis com a presença e o testemunho cristão. O testemunho que Jesus nos pede não é fechado, é aberto, depende de nós.
Esta parábola exorta-nos a não esconder a nossa fé e a nossa pertença a Cristo, a não enterrar a Palavra do Evangelho, mas a fazê-la circular na nossa vida, nas relações, nas situações concretas, como força que coloca em crise, que purifica, que renova. Assim também o perdão, que o Senhor nos dá especialmente no Sacramento da Reconciliação: não o tenhamos fechado em nós mesmos, mas deixemos que desencadeie a sua força, que faça cair muros que o nosso egoísmo levantou, que nos faça dar o primeiro passo nas relações bloqueadas, retomar o diálogo onde não há mais comunicação… E por aí vai. Fazer com que estes talentos, estes presentes, estes dons que o Senhor nos deu sejam para os outros, cresçam, deem frutos, com o nosso testemunho.
Acredito que hoje será um belo gesto que cada um de vocês peguem o Evangelho em casa e leiam isto, e meditem um pouco: “os talentos, as riquezas, tudo aquilo que Deus me deu de espiritual, de bondade, a Palavra de Deus, como faço com que cresçam nos outros? Ou somente os protejo em um cofre?”.
E também o Senhor não dá a todos as mesmas coisas e do mesmo modo: conhece cada um de nós pessoalmente e nos confia aquilo que é certo para nós; mas em todos, em todos há algo de igual: a mesma, imensa confiança. Deus confia em nós, Deus tem esperança em nós! E isto é o mesmo para todos. Não o desiludamos! Não nos deixemos enganar pelo medo, mas vamos retribuir confiança com confiança! A Virgem Maria encarna esta atitude no modo mais belo e mais pleno. Ela recebeu e acolheu o dom mais sublime, Jesus em pessoa, e à sua volta O ofereceu à humanidade com coração generoso. A ela peçamos para nos ajudar a sermos “servos bons e fiéis” para participar “da alegria do nosso Senhor”.

domingo, 9 de novembro de 2014

Basílica de S. João de Latrão, "Mãe de todas as Igrejas do Urbe et Orbe (Papa Francisco)

Basílica de S. João de Latrão, "Mãe de todas as Igrejas do Urbe et Orbe"


REFLEXÃO SOBRE O EVANGELHO DA FESTA DA DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE LATRÃO (9/11/2014)

 
Jo. 2, 13-25 Na festa da dedicação da basílica do Latrão, em Roma, celebram-se as catedrais de todas as dioceses do mundo. A basílica do Latrão foi a primeira catedral do mundo. Igreja catedral é a Igreja do bispo do lugar. A igreja dedicada a S. João Batista e a S. João Evangelista, no morro do Latrão, em Roma, foi durante muito tempo a igreja do bispo de Roma, o papa. E como o papa exerce a “presidência da caridade” entre os bispos do mundo inteiro, a igreja catedral do Latrão simboliza todas as dioceses.
Mas o que se celebra não são templos de pedra e sim os templos do Espírito Santo, as comunidades dos fiéis. A liturgia de hoje se refere continuamente ao templo de pedras vivas, que são as comunidades cristãs, e ao templo que é o corpo de Cristo, ressuscitado, que substitui o templo do antigo Israel. 
O evangelho deixa isso bem claro. Jesus chega a Jerusalém por ocasião de uma romaria pascal e expulsa do templo não só os abusos mas os próprios animais do sacrifício. Em outros termos: expulsa o culto do templo. E quando as autoridades lhe pedem um sinal profético que possa justificar tal gesto inimaginável, Jesus aponta o sinal que só depois os discípulos vão conhecer: o sinal de sua ressurreição.
 
O templo antigo pode ser destruído (como de fato ele foi, em 70 d.C., alguns anos antes de João escrever seu evangelho), mas Jesus “fará ressurgir” um novo templo em três dias: o templo de seu corpo, da sua pessoa. Jesus é  o templo, o santuário, o lugar de culto a Deus, de encontro com Deus. Nele, a Palavra de Deus armou tenda entre nós. Nele também é oferecido a Deus o único culto da nova Aliança, o dom da própria vida por amor. Ora, ao templo que é Jesus associa-se o templo de pedras vivas que é a comunidade - que somos nós.
 

domingo, 2 de novembro de 2014

REFLEXÃO SOBRE O EVANGELHO DA COMEMORAÇÃO DOS FIÉIS DEFUNTOS

 
Jo. 11, 21-27 No Evangelho da 2ª Missa deste dia, em que comemoramos todos os fiéis defuntos, Jesus assume-se como a Ressurreição e a Vida, afirmando que todo aquele que crê n'Ele, mesmo que morra, viverá. Sobre esta comemoração dos Fiéis Defuntos o Papa Francisco começou por reiterar, hoje, na sua habitual alocução do Angelus, que a Solenidade de Todos os Santos que ontem celebrámos e a comemoração dos fiéis defuntos deste domingo, são duas ocorrências intimamente ligadas entre si, do mesmo modo que a alegria e as lágrimas encontram em Jesus uma síntese que é o fundamento da nossa fé e da nossa esperança: Por um lado a Igreja, peregrina na história, se alegra com a intercessão dos santos e beatos que a apoiam na sua missão de anunciar o Evangelho, e por outro lado ela, como Jesus, partilha as lágrimas daqueles que sofrem a separação dos seus entes queridos e, como Ele e com Ele, eleva o seu agradecimento ao Pai que nos libertou do domínio do pecado e da morte. Em seguida, o Papa falou do cemitério como "lugar de repouso", à espera do despertar final e foi o próprio Jesus que revelou que a morte do corpo é como um sono do qual ele nos desperta. É, pois, com esta fé que devemos olhar para os túmulos dos nossos entes queridos, daqueles que nos amaram e nos fizeram algum bem. Mas hoje somos chamados a recordar a todos, mesmo aqueles de que ninguém se lembra. Recordemos as vítimas da guerra e da violência; tantos "pequenos" do mundo esmagados pela fome e pela pobreza. Recordemos os irmãos e as irmãs mortos por serem cristãos; e aqueles que sacrificaram a vida para servir aos outros. Confiemos ao Senhor especialmente aqueles que nos deixaram ao longo do último ano.
A tradição da Igreja, continuou o Papa Francisco, sempre nos exortou a rezar pelos defuntos, em particular, oferecendo para eles a celebração eucarística, que é a melhor ajuda espiritual que podemos dar às suas almas, especialmente às mais abandonadas. O fundamento desta oração pelos defuntos, explicou o Papa, está na comunhão do Corpo Místico pois, como diz o Concílio Vaticano II, "a Igreja peregrina sobre a terra, bem ciente desta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, desde os primeiros tempos da religião cristã, tem honrado com grande piedade a memória dos mortos". E acrescentou: A memória dos defuntos, o cuidado pelas sepulturas e os sufrágios são o testemunho de confiante esperança, enraizada na certeza de que a morte não é a última palavra sobre o destino do ser humano, porque o homem está destinado a uma vida sem limites, que tem a sua raiz e a sua realização em Deus.
A esto ponto o Papa dirigiu a Deus esta veemente oração pelos defuntos:
Deus de infinita misericórdia, confiamos à tua imensa bondade aqueles que deixaram este mundo para a eternidade, onde Tu aguardas toda a humanidade redimida pelo sangue precioso de Cristo Teu Filho, morto para nos libertar dos nossos pecados. Não olhes, Senhor, para as tantas pobrezas e misérias e fraquezas humanas quando nos apresentarmos diante do Teu tribunal, para sermos julgados, para a feicidade ou a condenação. Dirige para nós o teu olhar misericordioso que nasce da ternura do teu coração, e ajuda-nos a caminhar em direcção a uma completa purificação. Não se perca nenhum dos teus filhos no fogo eterno do inferno onde já não poderá haver arrependimento.
Te confiamos, Senhor, as almas dos nossos entes queridos, das pessoas que morreram sem o conforto sacramental, ou não tiveram ocasião de se arrepender nem mesmo no fim da sua vida. Que ninguém tenha receio de te encontrar depois da peregrinação terrena, na esperança de sermos recebidos nos braços da tua infinita misericórdia. Que a irmã morte corporal nos encontre vigilantes na oração e carregados de todo o bem realizado ao longo da nossa breve ou longa existência. Senhor, nada nos afaste de Ti nesta terra, mas tudo e todos nos apoiem no ardente desejo de repousar serena e eternamente em Ti. Amen. Com esta fé no destino supremo do homem, o Papa convidou ao todos a se voltarem para a Virgem Maria que sofreu sob a cruz o drama da morte de Cristo e participou depois na alegria da sua ressurreição, para que nos ajude na nossa peregrinação quotidiana aqui na terra para não perdermos de vista a meta última da vida, que é o Paraíso.