Lc
1,1-4;4,14-21 Aos milhares de fiéis e peregrinos presentes hoje
na Praça de S. Pedro o Papa Francisco recordou o Evangelho deste 3° domingo do
Tempo Comum em que o evangelista Lucas, antes de apresentar o discurso
programático de Jesus em Nazaré, resume a sua actividade evangelizadora. Uma
actividade, disse o Papa, que ele realiza com o poder do Espírito Santo, com
uma palavra original e cheia de autoridade, pois até manda nos espíritos
impuros e estes obedecem-lhe – Ele, Jesus, é diferente dos mestres do seu tempo
e é também diferente de João Batista, que proclama o julgamento iminente
de Deus, enquanto Jesus anuncia o seu perdão de Pai.
Em seguida Francisco chamou a atenção para o
importante evento na sinagoga de Nazaré, quando Jesus se levanta e lê a
passagem de Isaías onde está escrito: "O Espírito do Senhor está sobre
mim; porque ele me consagrou com a unção e me enviou a anunciar a boa nova aos
pobres". Então, depois de um momento de silêncio disse, com o espanto de
todos: "Cumpriu-se hoje mesmo esta Escritura que acabais de ouvir".
E o Papa falou da evangelização dos pobres como
missão da Igreja e de cada cristão:
“Evangelizar os pobres: esta é a missão de Jesus;
esta é também a missão da Igreja e de cada baptizado na Igreja. Ser cristão e
ser missionário é a mesma coisa. Anunciar o Evangelho, com a palavra e, antes
de tudo, com a vida, é a finalidade da comunidade cristã e de cada um dos seus
membros. Nota-se aqui que Jesus dirige a boa nova a todos, sem excluir ninguém,
antes pelo contrário, privilegiando os mais distantes, os sofredores, os
doentes, os descartados pela sociedade”.
Mas o que significa evangelizar os pobres? E o Papa
Francisco explicou:
“Significa aproximá-los, servi-los, libertá-los da
sua opressão, e tudo isso em nome e com o Espírito de Cristo, porque é Ele o
Evangelho de Deus, é Ele a misericórdia de Deus, é Ele a libertação de
Deus, é Ele que se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza. O texto de
Isaías … indica que o anúncio messiânico do Reino de Deus já presente entre nós
dirige-se de modo preferencial aos marginalizados, aos prisioneiros, aos
oprimidos”.
Provavelmente no tempo de Jesus estas pessoas não
estavam no centro da comunidade de fé, observou o Papa. E convidou todos a se
perguntarem se hoje, nas nossas comunidades paroquiais, nas associações, nos
movimentos, somos fiéis ao programa de Jesus e se a evangelização dos pobres, o
levar-lhes a boa notícia, é a prioridade. Mas com atenção, advertiu, não se
trata de fazer assistência social, muito menos actividade política - trata-se
de oferecer a força do Evangelho de Deus, que converte os corações, cura as
feridas, transforma as relações humanas e sociais segundo a lógica do amor.
E o Papa pediu à Virgem Maria,
Mãe dos evangelizadores, para que nos ajude a sentir fortemente a fome e a sede
do Evangelho que existe no mundo, especialmente no coração e na carne dos
pobres e faça que cada um de nós e cada comunidade cristã possa testemunhar
concretamente a misericórdia que Cristo nos deu.