Mc 1, 14-20 No Evangelho é-nos apresentado o seguimento dos
discípulos ao chamamento de Jesus. Tal convocação continua a ser dirigida
permanentemente a cada homem para que seja seu discípulo. O nosso batismo foi o
início e sinal desse caminho vocacional, que não se destina apenas a padres e
freiras, mas a todos os cristãos. O caminho não se apresenta fácil, pois o
Senhor exige que seja constante a disposição do discípulo para amar e
sacrificar-se pelos irmãos.
Assim como o chamamento dos primeiros discípulos não
foi feito enquanto eles rezavam mas no decurso normal das suas ocupações
diárias, também a nossa chamada se verifica nas ocasiões mais banais da vida
quotidiana. Tomar consciência desse facto é motivo de agradecimento e louvor
por tão grande honra alcançada sem mérito algum de nossa parte, mas por dom
gratuito de Deus.
Jesus procura os discípulos e convida-os a ficarem com
Ele, não para que aprendam uma lição, mas para experimentarem, em Sua
companhia, como se doa a própria vida pelos irmãos.
Para ser cristão não basta conhecer as fórmulas do
catecismo e apenas recitar orações. É necessário averiguar-se a capacidade de
seguir Cristo em todos os momentos: quando nos é exigida paciência, quando
devemos ser humildes, quando nos comprometemos a amar um nosso inimigo, quando
nos é ordenado deixar o nosso egoísmo para ajudar os demais nesta vida de tão
curta duração no tempo.
Pedro, André, Tiago e João responderam logo à chamada,
deixando tudo para O seguir. Aos ninivitas, de que nos fala a primeira leitura,
foram dados quarenta dias para receberem ou rejeitarem o convite à conversão.
Aos seus discípulos, Jesus não concede prazo algum. A resposta tem de ser
pronta e materializada em abdicações concretas daquilo que são as realidades
terrenas, a que se deve dar o justo valor, como nos adverte S. Paulo na segunda
leitura. É por isso que os cristãos devem estar dispostos a aceitar renúncias
corajosas por amor dos irmãos, pois esse amor vale mais que todos os bens
materiais que são caducos, apenas o amor permanece para sempre.
A
todo o discípulo é exigido este desapego total e imediato. Nada o pode impedir
de seguir a Cristo. Até os afetos mais sagrados, como o tido pelos familiares,
pela profissão, pela garantia económica e social, ou desejo de não perder os
amigos devem ser abandonados se estiverem em confronto com a vida a que Jesus
chama.