domingo, 8 de julho de 2018

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO B)


Mc 6,1-6 Na sua alocução, o Pontífice comentou o Evangelho do dia, em que Jesus volta a Nazaré e começa a ensinar na sinagoga.
Desde que tinha começado a pregar nos povoados e nos vilarejos das redondezas, Jesus não mais havia regressado à sua terra. Portanto, toda a cidadezinha se reuniu para ouvir Jesus.
Mas aquilo que se anunciava um sucesso, transformou-se numa “clamorosa rejeição”, a ponto de Jesus não poder realizar nenhum milagre, mas somente curar alguns doentes.
Jesus utiliza uma expressão que se tornou proverbial: "Um profeta só é desprezado na sua terra".
O Papa atribui essa transformação dos habitantes de Nazaré ao facto de eles estarem a fazer uma comparação entre a origem humilde de Jesus e as suas capacidades atuais: a de um carpinteiro sem estudos que se torna um pregador melhor que os escribas. E ao invés de se abrirem à realidade, se escandalizam. 
“ É o escândalo da encarnação: o evento desconcertante de um Deus feito carne, que pensa com a mente de um homem, trabalha e atua com as mãos de um homem, ama com coração de homem, um Deus que se cansa, come e dorme como um de nós. ”
O Filho de Deus, prosseguiu o Papa, inverte todo esquema humano: não são os discípulos que lavam os pés ao Senhor, mas é o Senhor que lava os pés aos discípulos. “Este é um motivo de escândalo e de incredulidade em todas as épocas, inclusive hoje.”
A inversão provocada por Jesus obriga os seus discípulos de ontem e de hoje a analisar a vida pessoal e comunitária. O Senhor convida-nos a assumir uma atitude de escuta humilde e de espera dócil, porque a graça de Deus com frequência se apresenta a nós de maneira surpreendente, que não corresponde às nossas expectativas. E citou como exemplo Madre Teresa de Calcutá, que "revolucionou a caridade na Igreja".
“ Deus não se conforma com os preconceitos. Devemos esforçar-nos para abrir o coração e a mente, para acolher a realidade divina que vem ao nosso encontro. Trata-se de ter fé: a falta de fé é um obstáculo à graça de Deus. ”
Muitos batizados, afirma Francisco, vivem como se Cristo não existisse: repetem-se os gestos e os sinais da fé, mas a eles não corresponde uma real adesão à pessoa de Jesus e ao seu Evangelho.
Ao invés, todo cristão é chamado a aprofundar esta pertença fundamental, buscando testemunhá-la com uma conduta de vida coerente, cujo fio condutor é a caridade.
“Peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem Maria, que dissolva a dureza dos corações e a limitação da mente, para que estejamos abertos à sua graça, à sua verdade e à sua missão de bondade e de misericórdia, que é endereçada a todos, sem qualquer exclusão.”