domingo, 4 de março de 2018

REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO SOBRE O EVANGELHO DO III DOMINGO DA QUARESMA (ANO B)


Jo 2, 13-25 "Não fazer da nossa alma e da casa de Deus um comércio": foi a advertência que o Papa Francisco fez antes de rezar com os fiéis e peregrinos na Praça S. Pedro a oração mariana do Angelus (04/03). 
Neste III domingo da Quaresma, o Pontífice comentou o episódio do Evangelho de João em que Jesus expulsa os vendedores do templo de Jerusalém. Um gesto feito com firmeza, com a ajuda de um chicote de cordas para derrubar as mesas. Nesta atitude aparentemente violenta, Jesus diz: «Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!» 
A ação de Cristo foi interpretada como típica dos profetas, explicou o Papa, os quais com frequência denunciavam, em nome de Deus, abusos e excessos. A questão que se colocou foi a da autoridade. De fato, os judeus perguntaram-lhe: «Que sinal nos dás de que podes agir assim?».
Os seus discípulos, por sua vez, serviram-se de um texto bíblico extraído do Salmo 69 para interpretar esta atitude: «O zelo pela tua casa me devorará». "O zelo pelo Pai e por sua casa levará Jesus até a cruz: o seu é o zelo do amor que leva ao sacrifício de si.", disse Francisco.
De fato, o “sinal” que Jesus dará como prova da sua autoridade será justamente a sua morte e ressurreição: «Destruí este templo – diz – e em três dias eu o levantarei». Com a Páscoa de Jesus, acrescentou o Papa, "tem início um novo culto, o culto do amor, e um novo templo que é Ele próprio".
Para Francisco, a atitude de Jesus nos exorta a viver a nossa vida não em busca de vantagens e interesses, mas da glória de Deus .
“ Somos chamados a ter sempre presentes aquelas palavras fortes de Jesus «Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!» É muito feio quando a Igreja escorrega nesta atitude de fazer da casa de Deus um mercado. Essas palavras nos ajudam a refutar o perigo de fazer da nossa alma, que é morada de Deus, um lugar de comércio, vivendo na busca contínua da nossa recompensa. ”
O Pontífice recorda que este ensinamento de Jesus é sempre atual, não somente para as comunidades eclesiais, mas também para os indivíduos, para as comunidades civis e para toda a sociedade.
De fato, disse ainda o Papa, é comum a tentação de aproveitar atividades benéficas, às vezes obrigatórias, para cultivar interesses privados, ou até mesmo ilícitos "É um grave perigo, especialmente quando instrumentaliza o próprio Deus, o culto a Ele devido ou o serviço ao homem", afirmou Francisco, que concluiu:
"Que a Virgem Maria nos ampare no esforço de fazer da Quaresma uma boa ocasião para reconhecer Deus como único Senhor da nossa vida, tirando do nosso coração e das nossas obras toda forma de idolatria."