segunda-feira, 24 de outubro de 2016

NOVO SUPERIOR GERAL DA COMPANHIA DE JESUS

Os jesuítas fizeram esta semana o mesmo que os cardeais que elegeram o Papa Francisco fizeram em 2013: foram buscar um líder "quase ao fim do mundo". O novo Superior Geral da Companhia de Jesus é venezuelano, oriundo da mesma zona do globo que o Santo Padre e que este classificou como o "fim do mundo": a América Latina. O padre Arturo Sosa torna-se assim o primeiro responsável mundial dos jesuítas não europeu, coincidentemente, numa altura em que também o Papa é um latino americano e, pela primeira vez na história, um jesuíta.

Arturo Sosa Abascal, de 67 anos, foi eleito esta semana na 36ª Congregação Geral da Companhia de Jesus e é o 31º sucessor de Santo Inácio de Loiola, fundador desta ordem religiosa. 
É licenciado em Filosofia pela Universidade Católica Andrés Bello e doutor em Ciências Políticas pela Universidade Central da Venezuela. Tem um largo percurso ligado à docência e à investigação mas é também um homem do terreno, empenhado nas causas políticas e sociais. Os que o conhecem definem-no como afável, sorridente e inteligente. "Uma figura desassombrada e frontal", nas palavras do jesuíta Alberto Brito, que foi seu colega em Roma. Da forma de agir, sublinham-lhe as qualidades de estratega e conciliador, capaz de escutar e construir pontes.
Grande parte do seu percurso jesuítico foi vivido na Venezuela, onde foi provincial entre 1996 e 2004. Anteriormente tinha sido coordenador do apostolado social e diretor do Centro Gumilla, um centro de investigação e ação social dos jesuítas na Venezuela. Recentemente, estava em Roma, onde era delegado do Padre Geral e responsável pelas obras interprovinciais da Companhia

Desempenhou diversas funções académicas de relevo, especialmente na área das ciências políticas e transformação social. Foi investigador e professor em várias universidades e é um considerado um estudioso e intelectual de enorme profundidade, tendo várias obras publicadas sobre História e Política venezuelana.
  
O venezuelano sucede, assim, ao espanhol Adolfo Nicolás, SJ. de 80 anos, que foi eleito em 2008 mas manifestou vontade de renunciar ao cargo. 
A eleição decorreu no dia 14 de outubro, 12º dia da Congregação Geral, que começou a 3 de outubro de 2016 em Roma e foi antecedida de quatro dias de murmurações, onde não era permitida qualquer campanha eleitoral ou autopromoção. Nesse período, os 112 delegados puderam conversar dois a dois, conhecer-se melhor e perceber a visão de cada um para o futuro da Companhia. A eleição fez-se depois à porta fechada, por votação em urna, e quando foi alcançada uma maioria simples de votos (50%+1). 

Esta reunião magna congrega 215 jesuítas de 62 países, incluindo Portugal - representado pelo atual superior provincial, o padre José Frazão Correia, e o padre Miguel Almeida, que acompanha os jesuítas mais novos na segunda etapa da sua formação.

Nas primeiras palavras públicas que proferiu, o novo Geral lembrou que as prioridades da Companhia são as da Igreja e que essas compete ao Papa traçar. Contudo, deixou escapar algumas linhas de ação importantes: o apoio aos mais frágeis, como os pobres e os refugiados, e o diálogo inter-religioso.




Em 24 de Outubro o Papa Francisco esteve na 36ª Congregação Geral da Companhia de Jesus e no final do discurso pediu a Nossa Senhora, nossa Mãe que encaminhe e acompanhe cada jesuíta e a porção do povo de Deus a quem foi enviado, por caminhos de consolação, de compaixão e de discernimento.