Lc 1, 26-38 Hoje, quarto e último domingo do Advento, a liturgia quer preparar-nos para o Natal que já está à porta convidando-nos a meditar o relato do anúncio do Anjo a Maria. O arcanjo Gabriel revela à Virgem a vontade do Senhor de que ela se torne a mãe do seu Filho unigênito: “Conceberás um filho, dá-lo-ás à luz e chamá-lo-ás Jesus. Será grande e será chamado Filho do Altíssimo” (Lc 1, 31, 32). Fixemos o olhar sobre esta simples jovem de Nazaré, no momento em que se torna disponível à mensagem divina com o seu “sim”; colhamos dois aspectos essenciais de sua atitude, que é para nós modelo de como nos havemos de preparar para o Natal.
Antes de tudo, a sua fé, a sua atitude de fé, que consiste em escutar a Palavra de Deus para se abandonar a esta Palavra com plena disponibilidade de mente e de coração. Respondendo ao Anjo, Maria disse: “Eis a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a sua palavra” (v. 38). No seu “eis aqui” cheio de fé, Maria não sabe por que estradas se vai aventurar, que dores irá sofrer, que riscos irá enfrentar. Mas tem consciência de que é o Senhor a pedir e ela confia totalmente Nele e abandona-se ao seu amor. Esta é a fé de Maria!
Um outro aspecto é a capacidade da Mãe de Cristo de reconhecer o tempo de Deus. Maria é aquela que tornou possível a encarnação do Filho de Deus, “a revelação do mistério, envolto no silêncio por séculos eternos” (Rm. 16, 25). Ela tornou possível a encarnação do Verbo graças justamente ao seu “sim” humilde e corajoso. Maria ensina-nos a colher o momento favorável em que Jesus passa na nossa vida e pede uma resposta pronta e generosa. E Jesus passa. De fato, o mistério do nascimento de Jesus em Belém, que ocorre historicamente há mais de dois mil anos, tem lugar, como evento espiritual, no “hoje” da Liturgia. O Verbo, que encontrou morada no ventre virginal de Maria, na celebração do Natal vem bater novamente à porta do coração de cada cristão: passa e bate. Cada um de nós é chamado a responder, como Maria, com um “sim” pessoal e sincero, colocando-se plenamente à disposição de Deus e da sua misericórdia, do seu amor. Quantas vezes Jesus passa na nossa vida, quantas vezes nos manda um anjo e quantas vezes não percebemos, porque estamos presos, imersos nos nossos pensamentos, nos nossos negócios e, até mesmo, nestes dias, nos nossos preparativos de Natal, de forma a não percebermos que Ele passa e bate à porta do nosso coração, pedindo acolhimento, pedindo um “sim”, como aquele de Maria. Um santo dizia: “Tenho temor que o Senhor passe”. Vocês sabem por que ele tinha temor? Temor de não perceber e de O deixar passar. Quando nós sentimos no nosso coração: “Gostaria de ser melhor… Estou arrependido disso que fiz…” É justamente o Senhor que bate. Ele nos faz sentir isso: a vontade de ser melhor, a vontade de permanecer mais próximo dos outros, de Deus. Se você sente isso, pare. É o Senhor que bate: não O deixe passar! (Papa Francisco no Angelus de 21.12.2014)